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FUTEBOL
B de bacana
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Parece haver um consenso
de que o Campeonato Brasileiro da Série B ganhou este ano
um status que nunca teve. Contribuiu enormemente para isso o fato de que dois grandes clubes de
São Paulo e do Rio tenham encarado a competição a sério, contando com forte apoio de suas torcidas. Para a redenção da Segundona acontecer, só faltava não ter
marmelada e os representantes
do Sul Maravilha -onde se concentra a mídia mais poderosa do
país- conquistarem as duas vagas, voltando à Séria A.
Foi exatamente o que aconteceu. O título do Palmeiras e o vice
do Botafogo deram à Série B um
prestígio inédito. Está até pegando bem ser campeão da Segundona (embora bicampeão já nem
tanto...). O torneio foi uma espécie de lição de vida encenada pelo
futebol. Como no célebre samba
do paulista Paulo Vanzolini, os
dois grandes reconheceram a
queda e não desanimaram -levantaram, sacudiram a poeira e
deram a volta por cima.
Ganha com isso o futebol brasileiro, esse histórico paraíso fiscal
da maracutaia, que sempre procurou resolver no "tapetão" o incômodo da queda de grandes clubes para segunda divisão. O torneio, como ficou provado neste
ano, pode despertar muito interesse e conquistar público.
Foi um passo importante para
que um dia cheguemos a duas divisões mais enxutas e competitivas, como é possível num país
com o tamanho e o futebol do
Brasil. Dessa vez foi B de bacana.
O Palmeiras de Branco Mello,
Clóvis Rossi e outros eufóricos
"porcões" está de parabéns pelo
título inquestionável. Também
foi especialmente do bem o fato
de o Botafogo ter conquistado a
vaga com uma administração nova, liderada por cabeças mais arejadas, como a de Bebeto de Freitas, e com o apoio de pessoas sérias e inteligentes como Elena
Landau. Gente que pode ajudar a
gestão do futebol brasileiro a sair
do atoleiro em que se meteu.
Foi muito estranho mesmo o jogo da seleção contra o Uruguai.
Depois de saber se livrar do sufoco
inicial imposto pela tática meio
blitz, meio kamikaze dos uruguaios, o Brasil parecia que ganharia fácil. Tudo bem que Lúcio
estava uma gracinha e que Parreira poderia tê-lo substituído ou
mesmo modificado o meio para
tentar assegurar a vitória.
Mesmo assim, não dá para culpá-lo. Foi dele o alerta no intervalo de que o resultado era perigoso
e que o time precisaria continuar
se empenhando. Não dá para sobrar para o técnico uma equipe
com jogadores do nível dos brasileiros deixar o adversário virar
um jogo que estava 2 x 0. Se houve
culpados, foram os que estavam
em campo. O time deu mole.
Chega a ser engraçado a comissão técnica da seleção brasileira
querer convencer alguém de que
Ronaldo estava no peso ideal.
Tudo bem que mesmo mais para Bussunda ele é matador. Mas
que o Fenômeno estava estufadão, bastava olhar para ver.
Três "match points"
O Cruzeiro está muito perto de
ganhar seu primeiro Brasileiro.
São três "match points". Basta
uma vitória para levar a taça.
Para não dar Raposa, o futebol
precisaria ser um baú, e não
uma caixinha de surpresas. O
time de Luxemburgo foi o melhor desde o início. O Santos,
que joga um futebol adorável,
vacilou em momentos cruciais.
A bobeira não foi apenas perder as duas no confronto direto
-houve coisa pior. Contra o
Paysandu, o Mineirão vai estar
lotado, pronto para o grito de
campeão. Vai ser uma experiência bastante diferente ver a
festa cruzeirense num campeonato de pontos corridos. O Cruzeiro deverá ser não apenas
campeão pela primeira vez,
mas o primeiro a ganhar um
Brasileiro nesse formato -que
é o esportivamente mais justo.
E-mail mag@folhasp.com.br
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