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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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FUTEBOL

B de bacana

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Parece haver um consenso de que o Campeonato Brasileiro da Série B ganhou este ano um status que nunca teve. Contribuiu enormemente para isso o fato de que dois grandes clubes de São Paulo e do Rio tenham encarado a competição a sério, contando com forte apoio de suas torcidas. Para a redenção da Segundona acontecer, só faltava não ter marmelada e os representantes do Sul Maravilha -onde se concentra a mídia mais poderosa do país- conquistarem as duas vagas, voltando à Séria A.
Foi exatamente o que aconteceu. O título do Palmeiras e o vice do Botafogo deram à Série B um prestígio inédito. Está até pegando bem ser campeão da Segundona (embora bicampeão já nem tanto...). O torneio foi uma espécie de lição de vida encenada pelo futebol. Como no célebre samba do paulista Paulo Vanzolini, os dois grandes reconheceram a queda e não desanimaram -levantaram, sacudiram a poeira e deram a volta por cima.
Ganha com isso o futebol brasileiro, esse histórico paraíso fiscal da maracutaia, que sempre procurou resolver no "tapetão" o incômodo da queda de grandes clubes para segunda divisão. O torneio, como ficou provado neste ano, pode despertar muito interesse e conquistar público.
Foi um passo importante para que um dia cheguemos a duas divisões mais enxutas e competitivas, como é possível num país com o tamanho e o futebol do Brasil. Dessa vez foi B de bacana.
O Palmeiras de Branco Mello, Clóvis Rossi e outros eufóricos "porcões" está de parabéns pelo título inquestionável. Também foi especialmente do bem o fato de o Botafogo ter conquistado a vaga com uma administração nova, liderada por cabeças mais arejadas, como a de Bebeto de Freitas, e com o apoio de pessoas sérias e inteligentes como Elena Landau. Gente que pode ajudar a gestão do futebol brasileiro a sair do atoleiro em que se meteu.
 
Foi muito estranho mesmo o jogo da seleção contra o Uruguai. Depois de saber se livrar do sufoco inicial imposto pela tática meio blitz, meio kamikaze dos uruguaios, o Brasil parecia que ganharia fácil. Tudo bem que Lúcio estava uma gracinha e que Parreira poderia tê-lo substituído ou mesmo modificado o meio para tentar assegurar a vitória.
Mesmo assim, não dá para culpá-lo. Foi dele o alerta no intervalo de que o resultado era perigoso e que o time precisaria continuar se empenhando. Não dá para sobrar para o técnico uma equipe com jogadores do nível dos brasileiros deixar o adversário virar um jogo que estava 2 x 0. Se houve culpados, foram os que estavam em campo. O time deu mole.
 
Chega a ser engraçado a comissão técnica da seleção brasileira querer convencer alguém de que Ronaldo estava no peso ideal.
Tudo bem que mesmo mais para Bussunda ele é matador. Mas que o Fenômeno estava estufadão, bastava olhar para ver.

Três "match points"
O Cruzeiro está muito perto de ganhar seu primeiro Brasileiro. São três "match points". Basta uma vitória para levar a taça. Para não dar Raposa, o futebol precisaria ser um baú, e não uma caixinha de surpresas. O time de Luxemburgo foi o melhor desde o início. O Santos, que joga um futebol adorável, vacilou em momentos cruciais. A bobeira não foi apenas perder as duas no confronto direto -houve coisa pior. Contra o Paysandu, o Mineirão vai estar lotado, pronto para o grito de campeão. Vai ser uma experiência bastante diferente ver a festa cruzeirense num campeonato de pontos corridos. O Cruzeiro deverá ser não apenas campeão pela primeira vez, mas o primeiro a ganhar um Brasileiro nesse formato -que é o esportivamente mais justo.

E-mail mag@folhasp.com.br


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