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Espelho
Na seleção, Dunga repete caminho de Luxemburgo
Técnico fecha 2ª temporada com êxito e problema semelhantes aos de antecessor
Campanha em campo e inovações no modo de se vestir aproximam trajetória de gaúcho à do treinador que fracassou em Sydney-00
PAULO COBOS
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para muitos torcedores e críticos da seleção brasileira, o
técnico ideal para comandar o
time nacional é Vanderlei Luxemburgo. Mas a era Dunga,
após pouco menos de um ano e
meio de trabalho e ao fim de
duas temporadas, é exatamente o espelho do que foi o Brasil
do treinador santista após ter
assumido em 1998 e trabalhado
durante todo o ano de 1999.
As semelhanças entre o atual
e o ex-treinador da seleção brasileira começam na campanha
do time, com aproveitamento
de pontos praticamente igual
(75%), e extrapolam os limites
do campo. De inovações na moda à beira do gramado -Luxemburgo introduziu o terno, e
Dunga, o exotismo de suas camisas- a impacientes duelos
verbais com a imprensa.
Dunga assumiu a seleção
brasileira com a missão de renovar o elenco e restabelecer a
ordem após o fiasco na Copa da
Alemanha, assim como Luxemburgo chegara ao posto para fazer o revés na final da Copa da
França ser esquecido.
Ambos, no entanto, mantiveram vários jogadores que sucumbiram com o Brasil nas Copas de 1998 e 2006. Rivaldo e
Ronaldo estiveram no time de
Luxemburgo. Ronaldinho e
Kaká agora protagonizam a seleção de Dunga.
Os Ronaldos, aliás, representaram problemas para seus respectivos técnicos na seleção.
Com o atacante, Luxemburgo se indispôs após o jogador
reclamar de uma viagem para
um amistoso na Austrália. O
xará gaúcho pediu dispensa da
Copa América e, por causa disso, se indispôs com Dunga.
A competição sul-americana,
aliás, também une a trajetória
dos dois treinadores na seleção.
Em 99, Luxemburgo foi ao Paraguai buscar o troféu, seu único título com o time principal
do Brasil. O mesmo fez Dunga
na Venezuela, neste ano.
Até os duelos com grande rival brasileiro, a Argentina, ganharam significados parecidos
nas mãos dos dois técnicos. Foi
em jogos contra a seleção vizinha que os times de Dunga, até
agora, e Luxemburgo tiveram
suas melhores apresentações.
Nos experimentos táticos, os
dois treinadores também andaram por caminhos parecidos.
O flerte de Dunga com um
meio-campo mais "pegador",
com três volantes (Gilberto Silva, Mineiro e Josué), como o
que terminou o jogo da última
quarta-feira diante do Uruguai,
foi semelhante ao de Luxemburgo. Antes conhecido por
montar seus times para o ataque, o treinador usou uma formação com Emerson, Vampeta
e Zé Roberto incumbidos de fazer a proteção à defesa.
E, como sugere o calendário
do próximo ano da seleção, o
grande desafio de Dunga até
aqui será o mesmo tentado por
Luxemburgo em 2000, o inédito título olímpico.
Para isso, Dunga também
"imitou" Luxemburgo. Fez
questão de treinar a equipe
olímpica em Pequim, como seu
antecessor fizera em Sydney.
Carlos Alberto Parreira, por
exemplo, não teve a mesma
pretensão em 2004.
Mas Dunga, é certo, não irá
querer seguir esse passo de Luxemburgo até o fim, pois o fiasco na Olimpíada custou o cargo
do hoje técnico do Santos.
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