São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Espelho

Na seleção, Dunga repete caminho de Luxemburgo

Técnico fecha 2ª temporada com êxito e problema semelhantes aos de antecessor

Campanha em campo e inovações no modo de se vestir aproximam trajetória de gaúcho à do treinador que fracassou em Sydney-00

PAULO COBOS
PAULO GALDIERI

DA REPORTAGEM LOCAL

Para muitos torcedores e críticos da seleção brasileira, o técnico ideal para comandar o time nacional é Vanderlei Luxemburgo. Mas a era Dunga, após pouco menos de um ano e meio de trabalho e ao fim de duas temporadas, é exatamente o espelho do que foi o Brasil do treinador santista após ter assumido em 1998 e trabalhado durante todo o ano de 1999.
As semelhanças entre o atual e o ex-treinador da seleção brasileira começam na campanha do time, com aproveitamento de pontos praticamente igual (75%), e extrapolam os limites do campo. De inovações na moda à beira do gramado -Luxemburgo introduziu o terno, e Dunga, o exotismo de suas camisas- a impacientes duelos verbais com a imprensa.
Dunga assumiu a seleção brasileira com a missão de renovar o elenco e restabelecer a ordem após o fiasco na Copa da Alemanha, assim como Luxemburgo chegara ao posto para fazer o revés na final da Copa da França ser esquecido.
Ambos, no entanto, mantiveram vários jogadores que sucumbiram com o Brasil nas Copas de 1998 e 2006. Rivaldo e Ronaldo estiveram no time de Luxemburgo. Ronaldinho e Kaká agora protagonizam a seleção de Dunga.
Os Ronaldos, aliás, representaram problemas para seus respectivos técnicos na seleção.
Com o atacante, Luxemburgo se indispôs após o jogador reclamar de uma viagem para um amistoso na Austrália. O xará gaúcho pediu dispensa da Copa América e, por causa disso, se indispôs com Dunga.
A competição sul-americana, aliás, também une a trajetória dos dois treinadores na seleção. Em 99, Luxemburgo foi ao Paraguai buscar o troféu, seu único título com o time principal do Brasil. O mesmo fez Dunga na Venezuela, neste ano.
Até os duelos com grande rival brasileiro, a Argentina, ganharam significados parecidos nas mãos dos dois técnicos. Foi em jogos contra a seleção vizinha que os times de Dunga, até agora, e Luxemburgo tiveram suas melhores apresentações.
Nos experimentos táticos, os dois treinadores também andaram por caminhos parecidos.
O flerte de Dunga com um meio-campo mais "pegador", com três volantes (Gilberto Silva, Mineiro e Josué), como o que terminou o jogo da última quarta-feira diante do Uruguai, foi semelhante ao de Luxemburgo. Antes conhecido por montar seus times para o ataque, o treinador usou uma formação com Emerson, Vampeta e Zé Roberto incumbidos de fazer a proteção à defesa.
E, como sugere o calendário do próximo ano da seleção, o grande desafio de Dunga até aqui será o mesmo tentado por Luxemburgo em 2000, o inédito título olímpico.
Para isso, Dunga também "imitou" Luxemburgo. Fez questão de treinar a equipe olímpica em Pequim, como seu antecessor fizera em Sydney. Carlos Alberto Parreira, por exemplo, não teve a mesma pretensão em 2004.
Mas Dunga, é certo, não irá querer seguir esse passo de Luxemburgo até o fim, pois o fiasco na Olimpíada custou o cargo do hoje técnico do Santos.

Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Por ascensão, Flamengo gasta como o São Paulo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.