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Por ascensão, Flamengo gasta como o São Paulo
Folha salarial similar à do campeão brasileiro ajudou cariocas a subir na tabela
Rubro-negros têm custo maior do que seus recursos disponíveis, o que repete a forma de gestão que levou o clube ao endividamento
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para ascender ao terceiro lugar no Brasileiro, em sua melhor campanha nos pontos corridos, o Flamengo gasta mensalmente como o campeão São
Paulo. Mas, por seu passivo, o
clube não recebeu boa parte de
suas receitas neste ano.
Assim, o time rubro-negro
repete a fórmula que o levou à
ruína financeira: assume compromissos sem ter dinheiro para pagá-los. Mas pode conquistar hoje a vaga na Libertadores.
Para isso, precisa vencer o Atlético-PR, no Maracanã, e torcer
por uma derrota do Cruzeiro.
Não por acaso o futebol está
nas mãos de Kléber Leite. Como mandatário do clube, de
1995 a 1999, fez contratações
milionárias que resultaram em
débitos até hoje cobrados na
Justiça. Foi o início do grande
endividamento, agravado por
gestões posteriores.
Há dois anos de volta ao clube, Leite reabriu o cofre do Flamengo, embora sob o crivo do
presidente Márcio Braga.
A folha salarial do futebol, na
carteira de trabalho, atingiu R$
2 milhões mensais em setembro. Somam-se mais R$ 250
mil de direitos de imagem. As
luvas custam, em média, mais
R$ 200 mil mensais.
"Gastamos dentro do orçamento do clube. O presidente
dá o limite. Não tem aumento
ao roupeiro sem a autorização
dele", conta o diretor de futebol, Eduardo Manhães, que
afirma não ter despesas maiores do que as receitas.
A diretoria espera que, ao final do ano, o futebol tenha superávit, mas admite que a dívida do clube deve aumentar.
Isso graças à folha salarial,
que se equipara à do São Paulo.
O clube paulista não divulga os
números, mas a Folha apurou
que os valores são parecidos
com os do Flamengo.
Os balanços de 2006 dos dois
clubes mostram custos parecidos no futebol. Ambos tiveram
salários em torno de R$ 42 milhões no ano, com encargos
trabalhistas e direitos de imagem. Em 2007, o Flamengo deve gastar os valores mencionados acima mais encargos trabalhistas, que não estão incluídos
no valor da folha.
A diferença é que o São Paulo
tem receitas que acumulam
mais do dobro disso. Já os rubro-negros, além de menor volume, têm parte de seus recursos bloqueados por dívidas.
O clube passou o ano sem o
patrocínio da Petrobras por ter
dívidas com a União -foram
R$ 15 milhões, que podem ser
recebidos agora. Houve um aumento grande na bilheteria,
com a explosão de público. Mas
boa parte ficou retida por penhoras e despesas. E o clube só
lucrou R$ 6 milhões com jogadores, um terço do que previa.
Sobra o dinheiro da TV e da
Nike. E o jeito foi recorrer a
empréstimos bancários para
reduzir os atrasos salariais.
"Precisamos de um modelo
de gestão. Trabalhar com o orçamento, não com essa loucura
atual. Ainda mais porque temos um vice, o Kléber, que só
compra jogador, não vende",
disse Márcio Braga, que, no entanto, afirma concordar com a
política do colega.
Foi Leite que, no meio do
ano, contratou Ibson, Fábio
Luciano, Maxi e o técnico Joel
Santana para remontar o time,
que saiu da zona de rebaixamento para a da Libertadores.
Foi também o dirigente que,
quando presidente, em 1995,
contratou Edmundo com o dinheiro de um consórcio. Em
troca, haveria shopping na Gávea. Deu errado, e o grupo cobra o Flamengo na Justiça -o
clube pode perder R$ 46 milhões. É só um dos processos da
gestão de Leite, com quem a
Folha não conseguiu falar.
NA TV - Flamengo x Atlético-PR
Sportv (menos RJ e SP), às 18h10
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