São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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entrevista

"Pus o ouro de brincadeira", diz Claudinei

DA REPORTAGEM LOCAL

Maior nome do Brasil na equipe de revezamento 4 x 100 m nos Jogos de Sydney-00 e hoje aposentado, Claudinei Quirino, 38, recebeu com surpresa a notícia da confissão do uso de doping de Tim Montgomery, integrante do time norte-americano naquela Olimpíada. "Pela lógica, eles eram melhores que a gente", diz ele, que um ano antes da Olimpíada fora vice-campeão mundial nos 200 m. (ALF)

 


FOLHA - O time norte-americano impressionava vocês?
CLAUDINEI QUIRINO
- Sempre que dou palestras me perguntam se eu poderia ter vencido se a pista tivesse uns 20 m ou 30 m a mais. Fui o último a correr. Mas eles [norte-americanos] eram superiores. Era só olhar o tempo deles. Todos corriam os 100 m em nove segundos e pouco. Nosso grupo corria em dez segundos e pouco.

FOLHA - Como foi a preparação para a Olimpíada?
CLAUDINEI
- Há coisas que nunca foram contadas. A pista de [Presidente] Prudente estava com a borracha soltando. A gente não queria arriscar muito. Fomos treinar em Álvares Machado [cidade a 13 km de Presidente Prudente], em uma pista de terra, que tinha um circo no meio. O pessoal do circo deixou a gente treinar lá. Tinha hora que dava vontade de xingar. Mas o Jayme [Netto, técnico da equipe] falava que a gente tinha que se superar.

FOLHA - A equipe norte-americana respeitava os brasileiros?
CLAUDINEI
- Eles respeitavam. Sabiam que tinham toda a estrutura e que a gente tinha lutado muito para estar lá. Conversava mais com o Maurice Greene e com o Jon Drummond, que era um tirador de sarro. No pódio, de brincadeira, a gente trocou de medalha. Ele pôs o ouro no meu pescoço, e eu coloquei a prata no dele.

FOLHA - Com a confissão de doping de Tim Montgomery, você acredita que possa colocar de novo o ouro no pescoço?
CLAUDINEI
- Se ele confessou, acho que o ouro é nosso. Temos direito. Não sei o que pode acontecer. Tenho vontade de chorar. Se isso acontecer, vou receber com muita alegria, apesar de já terem passado oito anos. Seria um grande orgulho para mim.


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