São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2001

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BOXE

Popó e a unificação

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

U m dos objetivos das redes norte-americanas de TV é transformar a divisão dos superpenas, na qual o brasileiro Acelino Freitas, o Popó, é dono do cinturão da Organização Mundial de Boxe, em uma das mais ""quentes" da atualidade.
A fórmula, que no futuro próximo envolverá o brasileiro, é organizar lutas reunindo os melhores pugilistas da categoria.
Assim, no fim-de-semana, o campeão pelo Conselho Mundial de Boxe, o norte-americano Floyd Mayweather, bateu em dez assaltos o compatriota Diego Corrales, que havia perdido no tapetão o título da Federação Internacional de Boxe.
E, no início do mês, o cubano Joel Casamayor, dono do cinturão da Associação Mundial, bateu o norte-americano Roberto Garcia, um ex-campeão de prestígio que havia perdido o cinturão da FIB para Corrales.
E é aqui que entra Popó.
Esta coluna apurou junto a fontes ligadas à Showtime, rede de TV a cabo que vem exibindo as lutas do baiano e as do cubano, que seus executivos já iniciaram conversações com membros da equipe de Popó sobre uma eventual unificação envolvendo ambos (apesar de Ruy Pontes, empresário de Popó, insistir no nome de Mayweather).
Não, o currículo de Popó ainda não é o ideal para prepará-lo, mas a qualidade de seus rivais vem melhorando, se comparada a dos oponentes que enfrentou logo após ter conquistado o cinturão da OMB contra Anatoly Alexandrov (e parece que Popó encurtou sua carreira, pois o russo perdeu em só 38 segundos há pouco tempo).
Até o final de 1999, Popó bateu o costa-riquenho Anthony ""Maestrito" Martinez, que nunca havia lutado fora de seu país (que não tem tradição no pugilismo), e o argentino Carlos Martinet, que já era um veterano (embora, para sermos justos, vamos lembrar que depois da derrota Martinet surpreendeu o ranqueado Pablo Chacón).
Em 2000, após a defesa contra Barry Jones (que tinha somente um nocaute), demoliu o mexicano Javier ""Chatito" Jauregui, que estava há um ano sem subir no ringue (embora fosse o primeiro do ranking do ""braço" norte-americano do CMB).
Os oponentes seguintes, desde que passou a ter os combates exibidos pelas TVs norte-americanas, foram de melhor nível.
Foram o norte-americano Lemuel Nelson, que chegou a ser ""Prospect of the Month" (""Promessa do Mês") da ""The Ring", o argentino Carlos Ríos, que havia perdido por pontos para Mayweather e o porto-riquenho Daniel Alicea, que impôs uma queda no melhor peso-pena (categoria imediatamente inferior à de Popó) da atualidade, o inglês ""Prince" Naseem Hamed.
Vamos aqui, convenientemente, ignorar o oponente de amanhã, Orlando Soto, que disputou cinturões no passado, mas que pelo retrospecto recente está beirando a aposentadoria.
Claro, não iguala a lista de vítimas de Mayweather (Genaro Hernandez, que também bateu Alexandrov, Angel Manfredy, que foi considerado um dos melhores da atualidade, e Corrales), Corrales (Garcia, Manfredy e o atual campeão dos pesos-penas, Derrick Gainer) ou Casamayor (Jong-Kwon Baek, de quem tomou o título, e Garcia).
Um amigo argumenta que talvez seja melhor assim: enquanto os outros se destroem entre si, Popó se preserva. Pode ser, mas e a experiência, como fica?

Árbitro 1
Na próxima semana a Confederação Brasileira de Boxe, procurando incentivar uma postura mais profissional no esporte, anuncia uma tabela com os pisos para os árbitros e jurados que trabalharem em programações no país. A idéia foi testada na noitada em que Antonio Mesquita Neto conquistou o cinturão latino da OMB: o árbitro recebeu R$ 300. De agora em diante, cada tipo de luta terá uma bolsa: lutas normais, títulos brasileiros, combates internacionais e títulos mundiais.


Árbitro 2
O norte-americano Richard Steele aumentou o desfalque da Comissão Atlética de Nevada ao anunciar sua aposentadoria após ter trabalhado a luta em que Floyd Mayweather Jr. manteve o cinturão dos superpenas do Conselho Mundial de Boxe ao bater Diego Corrales. Recentemente, o disciplinador Mills Lane se aposentou e o promissor Mitch Halpern cometeu suicídio. E-mail : eohata@folhasp.com.br

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