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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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TÊNIS

Mudança de hábito

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

A pressa e a correria são quase sempre incessantes em qualquer aeroporto. No de Guarulhos, maior e mais movimentado do país, então, a pressa e a correria são ainda maiores.
Logo cedo, dezenas de vôos, vindos dos mais variados pontos do globo, agitam seus corredores, entopem suas saídas, despejam milhares de pessoas à porta de São Paulo. À noite, outras milhares de pessoas se acotovelam nos balcões das companhias aéreas, apressadas, ansiosas pelo embarque.
Nesse corre-corre, entre carrinhos de mala e bagagens de mão, só mesmo o abraço emocionado de quem está chegando ou o beijo apaixonado de quem está partindo quebra essa atmosfera fria e impessoal. (Às vezes, um astro de rock ou uma excursão juvenil também causa impacto.)
No sábado, o aeroporto de Guarulhos saiu da rotina. Poucos minutos depois das quatro da tarde, dois aparelhos de TV passaram a exibir, no segundo piso, área de embarque, o jogo entre Gustavo Kuerten e Carlos Moyá, semifinal em Buenos Aires.
Quando Kuerten conseguiu quebrar o serviço de Moyá no primeiro set, não era mais que meia dúzia atenta ao jogo, um deles este colunista, à espera de um vôo que não chegava. Enquanto o espanhol apostava na regularidade para tentar conter o brasileiro, a torcida crescia.
Parecia que o jogo era disputado ali à frente; parecia que todos estavam na arquibancada da central de Roland Garros, tamanho o nervosismo do público.
O primeiro "Vamos lá, Guga!" saiu quando o brasileiro sacava para fechar o set. Muita gente de pé, outros tantos sentados, as palmas finalmente apareceram quando Kuerten chegou ao seu primeiro set point. "Esse cara é o orgulho do Brasil!"
O primeiro set escapou por pouco, mas nem assim a torcida deixou a quadra.
O incentivo continuava, na forma de "Não desanima, garoto!" e "Levanta a cabeça!", enquanto o segundo set seguia para um caminho não muito feliz.
Nos intervalos, pipocavam os comentários de quem parecia conhecer o esporte há décadas: "Tem de trocar mais a bola, porque o Moyá está querendo definir rápido" ou "O espanhol está confiante demais".
O segundo set não foi longo o suficiente para que o público no aeroporto aumentasse. Deve ter parado em 20, 25 pessoas.
Kuerten eliminado, as análises não cessaram: "Após a cirurgia, ele jamais foi o mesmo. Falta confiança" ou "Vai ser difícil outro titulo em Roland Garros, pois nem em Buenos Aires ele está conseguindo se impor".
Até, finalmente, um lúcido telespectador, provavelmente a caminho do hemisfério norte, dada a grossura de seu paletó, decretar: "Gente, o Moyá é um dos melhores do mundo".
O público, agora mais familiarizado com o tênis, começa a exigir de Kuerten título após título, vitórias e conquistas constantes.
Calma lá.
Kuerten já fez muito e ainda faz. Sem ele, o tênis nacional estaria infinitamente menor, e os aeroportos, mais chatos ainda.

Boa fase
Francisco Costa, 29, conquistou no domingo mais um título de torneio future. O segundo em duas semanas. O primeiro foi em São Paulo, e o segundo, em Goiás. Dois títulos sem perder um único set.

Nova fase
Memphis viu quatro americanos nas semifinais: Andy Roddick, Taylor Dent, Brian Vahaly e Vicent Spadea. Isso havia acontecido pela última vez em 1995, em San José: Andre Agassi, Jim Courier, Michael Chang e MaliVai Washington. Já foi o melhor o tenis americano...

Uma fase difícil
André Sá passa por um início de temporada irregular. Duas derrotas na Oceania, duas na Europa e, agora, duas na América Latina.

E-mail reandaku@uol.com.br


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