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TÊNIS
Mudança de hábito
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
A pressa e a correria são
quase sempre incessantes em
qualquer aeroporto. No de Guarulhos, maior e mais movimentado do país, então, a pressa e a correria são ainda maiores.
Logo cedo, dezenas de vôos, vindos dos mais variados pontos do
globo, agitam seus corredores, entopem suas saídas, despejam milhares de pessoas à porta de São
Paulo. À noite, outras milhares de
pessoas se acotovelam nos balcões
das companhias aéreas, apressadas, ansiosas pelo embarque.
Nesse corre-corre, entre carrinhos de mala e bagagens de mão,
só mesmo o abraço emocionado
de quem está chegando ou o beijo
apaixonado de quem está partindo quebra essa atmosfera fria e
impessoal. (Às vezes, um astro de
rock ou uma excursão juvenil
também causa impacto.)
No sábado, o aeroporto de Guarulhos saiu da rotina. Poucos minutos depois das quatro da tarde,
dois aparelhos de TV passaram a
exibir, no segundo piso, área de
embarque, o jogo entre Gustavo
Kuerten e Carlos Moyá, semifinal
em Buenos Aires.
Quando Kuerten conseguiu
quebrar o serviço de Moyá no primeiro set, não era mais que meia
dúzia atenta ao jogo, um deles este colunista, à espera de um vôo
que não chegava. Enquanto o espanhol apostava na regularidade
para tentar conter o brasileiro, a
torcida crescia.
Parecia que o jogo era disputado ali à frente; parecia que todos
estavam na arquibancada da
central de Roland Garros, tamanho o nervosismo do público.
O primeiro "Vamos lá, Guga!"
saiu quando o brasileiro sacava
para fechar o set. Muita gente de
pé, outros tantos sentados, as palmas finalmente apareceram
quando Kuerten chegou ao seu
primeiro set point. "Esse cara é o
orgulho do Brasil!"
O primeiro set escapou por pouco, mas nem assim a torcida deixou a quadra.
O incentivo continuava, na forma de "Não desanima, garoto!" e
"Levanta a cabeça!", enquanto o
segundo set seguia para um caminho não muito feliz.
Nos intervalos, pipocavam os
comentários de quem parecia conhecer o esporte há décadas:
"Tem de trocar mais a bola, porque o Moyá está querendo definir
rápido" ou "O espanhol está confiante demais".
O segundo set não foi longo o
suficiente para que o público no
aeroporto aumentasse. Deve ter
parado em 20, 25 pessoas.
Kuerten eliminado, as análises
não cessaram: "Após a cirurgia,
ele jamais foi o mesmo. Falta confiança" ou "Vai ser difícil outro titulo em Roland Garros, pois nem
em Buenos Aires ele está conseguindo se impor".
Até, finalmente, um lúcido telespectador, provavelmente a caminho do hemisfério norte, dada
a grossura de seu paletó, decretar:
"Gente, o Moyá é um dos melhores do mundo".
O público, agora mais familiarizado com o tênis, começa a exigir
de Kuerten título após título, vitórias e conquistas constantes.
Calma lá.
Kuerten já fez muito e ainda
faz. Sem ele, o tênis nacional estaria infinitamente menor, e os aeroportos, mais chatos ainda.
Boa fase
Francisco Costa, 29, conquistou no domingo mais um título de torneio future. O segundo em duas semanas. O primeiro foi em São
Paulo, e o segundo, em Goiás. Dois títulos sem perder um único set.
Nova fase
Memphis viu quatro americanos nas semifinais: Andy Roddick, Taylor Dent, Brian Vahaly e Vicent Spadea. Isso havia acontecido pela
última vez em 1995, em San José: Andre Agassi, Jim Courier, Michael
Chang e MaliVai Washington. Já foi o melhor o tenis americano...
Uma fase difícil
André Sá passa por um início de temporada irregular. Duas derrotas
na Oceania, duas na Europa e, agora, duas na América Latina.
E-mail reandaku@uol.com.br
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