São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 2006

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COPA 2006

Dupla de ataque do Brasil esquece o caminho do gol

Adriano e Ronaldo marcaram, cada um, só duas vezes na temporada e acumulam problemas a menos de quatro meses para o início do Mundial

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Só se fala na decadência dos defensores da seleção brasileira, mas 2006 é um ano de lascar mesmo para os principais atacantes do time de Carlos Alberto Parreira.
Adriano, 24, e Ronaldo, 29, esqueceram o caminho das redes com a mesma velocidade que acumulam problemas fora do campo desde que o ano começou.
O primeiro soma apenas dois gols em 12 jogos pela Inter de Milão desde janeiro. Seu jejum já dura oito partidas. Ele marcou, até agora, uma vez a cada longos 477 minutos (contando apenas o tempo que ficou em campo). Ronaldo também soma só dois tentos no ano. É verdade que atuou menos, mas sua média de um gol a cada 271 minutos é cerca de três vezes pior do que no resto da sua já longa e consagrada carreira.
Ou seja: em 1.500 minutos de futebol, dois dos mais badalados atacantes do planeta fizeram míseros quatro gols, ou a mesma coisa que o corintiano Nilmar fez em apenas 90 minutos no domingo passado, em confronto contra o Mogi Mirim pelo Paulista.
Adriano reconhece a má fase. "Desgraçadamente este é um momento difícil para mim. Não sou capaz de marcar há muito tempo, e todo mundo sabe que os atacantes vivem de gols."
Ronaldo disse, na já famosa entrevista em que reclamou da falta de carinho da torcida do Real Madrid, que seu momento não é tão ruim assim. "Faço uma autocrítica a cada minuto. Vivo numa constante busca pela evolução. Cheguei onde estou por ser assim", afirmou ele, que, se não piorar das dores musculares, deve entrar em campo hoje para enfrentar o Mallorca pelo Espanhol.
Adriano também foi muito mais notícia nos últimos dias por fatos ocorridos fora de campo.
Ele foi suspenso por duas partidas por supostamente ter agredido um atleta do Livorno. Entrou com recurso, e a pena foi cancelada pelos cartolas. Um novo recurso foi pedido e ontem saiu a definição: o atacante está fora da partida de hoje contra a Udinese.
Recentemente, ele já teve problemas por se reapresentar com atraso depois de uma folga e viveu um drama ao ficar desacordado no gramado depois de choque com um adversário.
Mas seus problemas são leves quando comparados aos de Ronaldo. O atacante passou boa parte do tempo no estaleiro, tomou pito do capitão Raúl durante a semana pelas reclamações contra a torcida e vai passar os próximos meses decidindo se vai mesmo deixar o Real após a Copa.
Com seus centroavantes patinando, Inter e Real Madrid, ambos sem títulos de suas ligas nacionais há um bom tempo, mais uma vez estão longe da taça.
A Inter tem 12 pontos a menos que a Juventus no Italiano. O Real tinha sete pontos de desvantagem em relação ao líder Barcelona antes do início da rodada.

Esperando a Copa
Em baixa nos clubes, tanto Adriano como Ronaldo já pensam em uma redenção na Copa.
"Espero chegar no fim da temporada bem na Inter, para então estar em forma na Copa do Mundo", disse Adriano. "Para nós [brasileiros] só resta ganhar o título outra vez. Esse é nosso objetivo", falou Ronaldo.
Se nada sofrerem nos jogos de hoje, a dupla de atacantes preferida por Parreira volta ao convívio da seleção amanhã, quando se encontram com o resto do grupo em Frankfurt, na Alemanha.
De lá, seguem para Moscou, onde o Brasil enfrenta a Rússia na quarta-feira, às 13h de Brasília, no último amistoso antes da convocação para a Copa.
Eles terão a sombra de dois jovens em alta na Europa. Depois de um início ruim, Robinho virou o artilheiro do time em 2006. Fred ainda não é titular absoluto no Lyon, só que aproveita muito bem as chances que têm.


Com agências internacionais

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