São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Times clientes da Bridgestone encerram pré-temporada pessimistas com alto desgaste dos compostos

Pneus esfarelam e preocupam Ferrari na abertura da F-1

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pouco valeram os esforços da Ferrari em testar em novembro, nas férias da F-1, e de viajar para o Bahrein duas vezes nos últimos três meses. Pouco resolveram as reuniões entre os técnicos da equipe italiana com os de Toyota e Williams, novas parceiras no desenvolvimento de pneus. Pouco acrescentaram os 50 dias a mais de treinos em relação à Michelin.
A dois domingos da abertura do Mundial, as cinco equipes que usam Bridgestone têm o diagnóstico pronto para a fase inicial da temporada: muitas dificuldades com os compostos, que continuam velozes por um número limitado de voltas, mas que perdem desempenho rapidamente.
Nesta semana, os times realizam os últimos testes antes de embarcar para o GP do Bahrein, em 12 de março. Como a segunda prova será no domingo seguinte, dia 19, na Malásia, não haverá chance para outros testes. O que aumenta ainda mais o pessimismo das clientes da Bridgestone.
Segundo a Folha apurou, a avaliação de uma das equipes que usam os compostos japoneses é que seus pneus evoluíram em relação ao ano passado. Mas, de acordo com o mesmo time, o salto da Michelin foi ainda mais alto.
Em treinos, a situação não preocupa. No novo formato da sessão classificatória, os carros de ponta devem fechar cinco ou seis voltas rápidas. Nesse cenário, os pneus não serão impedimento para Ferrari, Williams e Toyota batalharem pelas primeiras posições.
Em corrida, porém, o desgaste de borracha deve antecipar os primeiros pits stops dos seus pilotos.
Em comunicado distribuído anteontem, ao fim de uma bateria de quatro dias de treinos em Barcelona, na Espanha, a sensação de desânimo da Bridgestone era flagrante. A nota informava que as condições climáticas na Europa não foram as ideais para o desenvolvimento dos compostos.
Para a fábrica francesa, as dificuldades da concorrente tornam ainda maiores as possibilidades de uma vitória moral sobre a FIA.
Atual campeã da F-1, com Alonso e a Renault, a Michelin engatou um bate-boca público com a entidade máxima do automobilismo desde o histórico fiasco de Indianápolis, quando retirou 14 carros da corrida. Parte por represália, mas alegando defender a redução de custos, a FIA encerrou o debate decretando monopólio no fornecimento de pneus a partir de 2008.
Como a Michelin tradicionalmente sempre foi a favor da concorrência, anunciou que se retiraria ao fim de 2006. Tentando se antecipar à mudança obrigatória, Williams e Toyota deixaram os franceses de lado e se bandearam para a Bridgestone, que ainda ganhou a estreante Super Aguri.
Um movimento que teve a sua lógica, que pode se pagar ainda neste ano, mas que até agora se mostrou errado. Muito errado.


Texto Anterior: Futebol: Matthäus se diz insatisfeito com Atlético-PR
Próximo Texto: Saiba mais: Michelin pode se despedir como 2ª mais vitoriosa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.