São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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Pan do Rio desdenha de eventos-teste

Apenas 4 dos 33 esportes do programa terão competições prévias nas arenas, que servem de base para prevenir falhas

Mesmo com as obras sendo entregues às vésperas dos Jogos, Co-Rio prioriza teste em organização, em vez de avaliar áreas das disputas

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O poder de improviso na organização do Pan-07 terá de ser alto. Como boa parte das obras será concluída às vésperas das provas no Rio, quase nenhuma arena terá eventos-teste.
Ou seja, possíveis falhas nos locais que vão abrigar as disputas só poderão ser corrigidas durante as competições.
Segundo levantamento feito pela Folha, só 4 esportes (pentatlo moderno, tiro com arco, remo e esportes aquáticos) dos 33 do Pan passaram ou passarão por testes nos locais que abrigarão as competições.
Entre as cinco modalidades dos esportes aquáticos, porém, só os locais das maratonas e do pólo sediaram provas prévias.
Para quem almeja abrigar uma Olimpíada, o Rio larga mal. Nos Jogos de Atenas, em 2004, que também tiveram atrasos nas obras, quase 90% dos esportes foram testados.
Já em Sydney-2000, cuja organização recebeu elogios do COI (Comitê Olímpico Internacional), esse percentual foi ainda maior: todos os 28 esportes foram avaliados nas arenas construídas para os Jogos.
"A maioria dos locais ficaram prontos com antecedência. Por isso, os testes foram entre o fim de 1999 e o início de 2000", contou à Folha Mike Tancred, diretor de comunicações do Comitê Olímpico Australiano.
Realidade diversa vive o Rio. Algumas das obras mais atrasadas são nos locais que serão sede das principais modalidades.
É o caso do estádio João Havelange, palco do futebol e do atletismo, que deve ficar pronto a dois meses do Pan, que terá início no dia 13 de julho.
A confederação de atletismo pretende realizar no local o GP2 do Rio ou o Sul-Americano adulto, mas ainda depende da conclusão dos trabalhos.
Situação semelhante vivem modalidades como hóquei sobre grama, hipismo e basquete.
O hóquei aguarda a importação de grama sintética. Se chegar a tempo a Deodoro, haverá torneios em maio. Caso contrário, o evento será cancelado.
O hipismo, por sua vez, ainda sonha em realizar seu Brasileiro de saltos no mesmo local.
Sem condições de promover uma disputa, o basquete espera pelo menos realizar amistosos no Complexo do Autódromo.
Por conta da falta de competições, dirigentes temem problemas. "O evento-teste é fundamental para que se perceba falhas que não podem se repetir durante o Pan", explica Fabiano Redondo, diretor de marketing da confederação de handebol, que ainda aguarda acerto com o COB para fazer evento em junho no Riocentro.
Uma das exceções nessa realidade foi o tiro com arco, que realizou, em novembro, o Pan da modalidade, no Complexo Esportivo de Deodoro, que serviu de seletiva para o Pan.
Não foi por falta de competições importantes que o Rio ficou sem eventos-teste. A ginástica artística feminina, por exemplo, programou torneio entre seleções em Natal (RN).
Os jogos do Brasil na Liga Mundial de vôlei serão em São Paulo, Cuiabá e Belo Horizonte. A capital mineira também será sede de eventos internacionais de judô e tênis de mesa.
Segundo o Co-Rio (Comitê Organizador dos Jogos), pode haver mais eventos-teste. "O objetivo principal é testar a organização, a integração das áreas funcionais do Co-Rio e os serviços oferecidos, e não, necessariamente, a instalação."


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