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Pan do Rio desdenha de eventos-teste
Apenas 4 dos 33 esportes do programa terão competições prévias nas arenas, que servem de base para prevenir falhas
Mesmo com as obras sendo entregues às vésperas dos Jogos, Co-Rio prioriza teste em organização, em vez de avaliar áreas das disputas
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O poder de improviso na organização do Pan-07 terá de ser
alto. Como boa parte das obras
será concluída às vésperas das
provas no Rio, quase nenhuma
arena terá eventos-teste.
Ou seja, possíveis falhas nos
locais que vão abrigar as disputas só poderão ser corrigidas
durante as competições.
Segundo levantamento feito
pela Folha, só 4 esportes (pentatlo moderno, tiro com arco,
remo e esportes aquáticos) dos
33 do Pan passaram ou passarão por testes nos locais que
abrigarão as competições.
Entre as cinco modalidades
dos esportes aquáticos, porém,
só os locais das maratonas e do
pólo sediaram provas prévias.
Para quem almeja abrigar
uma Olimpíada, o Rio larga
mal. Nos Jogos de Atenas, em
2004, que também tiveram
atrasos nas obras, quase 90%
dos esportes foram testados.
Já em Sydney-2000, cuja organização recebeu elogios do
COI (Comitê Olímpico Internacional), esse percentual foi
ainda maior: todos os 28 esportes foram avaliados nas arenas
construídas para os Jogos.
"A maioria dos locais ficaram
prontos com antecedência. Por
isso, os testes foram entre o fim
de 1999 e o início de 2000",
contou à Folha Mike Tancred,
diretor de comunicações do
Comitê Olímpico Australiano.
Realidade diversa vive o Rio.
Algumas das obras mais atrasadas são nos locais que serão sede das principais modalidades.
É o caso do estádio João Havelange, palco do futebol e do
atletismo, que deve ficar pronto a dois meses do Pan, que terá
início no dia 13 de julho.
A confederação de atletismo
pretende realizar no local o
GP2 do Rio ou o Sul-Americano adulto, mas ainda depende
da conclusão dos trabalhos.
Situação semelhante vivem
modalidades como hóquei sobre grama, hipismo e basquete.
O hóquei aguarda a importação de grama sintética. Se chegar a tempo a Deodoro, haverá
torneios em maio. Caso contrário, o evento será cancelado.
O hipismo, por sua vez, ainda
sonha em realizar seu Brasileiro de saltos no mesmo local.
Sem condições de promover
uma disputa, o basquete espera
pelo menos realizar amistosos
no Complexo do Autódromo.
Por conta da falta de competições, dirigentes temem problemas. "O evento-teste é fundamental para que se perceba
falhas que não podem se repetir durante o Pan", explica Fabiano Redondo, diretor de
marketing da confederação de
handebol, que ainda aguarda
acerto com o COB para fazer
evento em junho no Riocentro.
Uma das exceções nessa realidade foi o tiro com arco, que
realizou, em novembro, o Pan
da modalidade, no Complexo
Esportivo de Deodoro, que serviu de seletiva para o Pan.
Não foi por falta de competições importantes que o Rio ficou sem eventos-teste. A ginástica artística feminina, por
exemplo, programou torneio
entre seleções em Natal (RN).
Os jogos do Brasil na Liga
Mundial de vôlei serão em São
Paulo, Cuiabá e Belo Horizonte. A capital mineira também
será sede de eventos internacionais de judô e tênis de mesa.
Segundo o Co-Rio (Comitê
Organizador dos Jogos), pode
haver mais eventos-teste. "O
objetivo principal é testar a organização, a integração das
áreas funcionais do Co-Rio e os
serviços oferecidos, e não, necessariamente, a instalação."
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