São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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bunker

Dunga exige, e hotel terá até vidro contra curiosos

Técnico intervém na obra e impõe medidas de isolamento na concentração

Para não haver atrasos, operários sul-africanos trabalham sem folgas e com salário dobrado no local que vai abrigar Brasil na Copa

Fábio Zanini/Folha Imagem
O hotel Fairway, em Johannesburgo, que está sendo construído para servir de concentração para a seleção brasileira durante a Copa do Mundo da África do Sul

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

O técnico da seleção brasileira, Dunga, interveio ontem no projeto da construção do hotel Fairway, que servirá de concentração para a equipe durante a Copa do Mundo da África do Sul, para pedir mais proteção de olhares curiosos.
Dunga quer a construção de uma grande barreira em torno do hotel, com vidro totalmente opaco, que impeça a visão nos dois sentidos -de fora para dentro e vice-versa. O pedido do treinador será atendido.
A informação foi dada à Folha por Doug Bain, diretor- -executivo do clube de golfe de Randpark, ao lado do qual o hotel está sendo feito. O clube e a futura concentração dividem o mesmo terreno e a mesma entrada, em um bairro residencial de Johannesburgo.
Pela manhã, Bain ciceroneou Dunga, o supervisor de seleções da Confederação Brasileira de Futebol, Américo Faria, e outros membros da delegação brasileira em uma vistoria nas obras. A comitiva ficou cerca de uma hora no local. "Falou-se muito sobre privacidade e sobre como ficar longe dos olhos da imprensa e dos torcedores durante a visita", afirmou Bain.
O técnico não permitiu a presença de jornalistas na visita e pediu à polícia sul-africana, que o escoltava, para retirar a imprensa de um local a cem metros de distância, de onde era possível fazer imagens.
Pessoas próximas a Dunga na CBF afirmam que essa será a regra durante toda a Copa -isolamento total. Johannesburgo, para o técnico, será a "anti-Weggis", nome da cidade suíça que sediou a seleção na Copa passada, em que havia máxima exposição dos jogadores e da comissão técnica.
O clube de golfe funcionará durante o Mundial e dali, sem a barreira pedida por Dunga, seria possível ter uma visão, ainda que mínima, sobre o hotel, a partir de um terraço.
A entrada principal, que dá para a rua, será dividida em duas durante a Copa: uma para o clube de golfe, que será restrita a seus 2.300 membros, e outra para o hotel, que ficará fechada para quem não for da delegação brasileira.
A construção do Fairway está fechada para visitantes, mas, ontem à tarde, a reportagem passou cerca de 20 minutos circulando pelo canteiro de obras. Havia muita lama, em razão da forte chuva em Johannesburgo. Cerca de cem operários trabalhavam, em ritmo acelerado, nos 62 quartos e nas áreas comuns do hotel.
O esqueleto da obra já está de pé, mas o acabamento ainda se encontra bem no começo. A parte externa, de acessos ao hotel, ainda precisa ser feita.
Era possível ver pedreiros misturando cimento, pintores passando tinta no teto e várias pessoas cuidando da parte elétrica. Máquinas pesadas estavam estacionadas no que um dia será o jardim do Fairway.
Para entregar a obra no prazo prometido (início de maio), o ritmo de trabalho é acelerado. "Não tem dia de folga", declarou o pintor Joseph.
Cada trabalhador da obra recebe 150 rands por dia, cerca de US$ 20. Para os padrões sul- -africanos, é salário de "marajá" no setor. O salário-base na construção é metade disso.
Durante a primeira Copa do Mundo em solo africano, o Brasil terá exclusividade sobre o novo hotel. Após a competição, o Fairway será um dos endereços mais luxuosos da cidade.
"A obra ficará pronta no prazo, ainda que tenhamos que trabalhar de madrugada. Não temos preocupação em relação a isso", declarou Bain.


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