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Histórico de Kassab mina projeto para jogos mais cedo
Prefeito de São Paulo não sancionou em 2007 texto similar ao que está na Câmara por alegar que era inconstitucional
Presidente da casa se diz favorável à aprovação e afirma que, em caso de revés no Executivo, colocará o projeto na pauta de novo
EDUARDO OHATA
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Aprovado em primeira votação na Câmara dos Vereadores
de São Paulo na terça, o projeto
de lei que estipula 23h15 como
horário limite para o encerramento de jogos de futebol na cidade não deve prosperar. É o
que mostra a história recente.
Mesmo que seja aprovado
em segunda votação na casa legislativa, o texto tende a ser vetado pelo prefeito Gilberto
Kassab (DEM). Em 2007, o político não sancionou projeto de
conteúdo bem similar de autoria do então vereador Tião Farias (PSDB). O texto determinava que os jogos disputados
nos estádios da cidade não poderiam ter início após as 21h.
O argumento utilizado para
justificar o veto foi o de que o
projeto de lei 511, de 2006, teria
conteúdo inconstitucional,
pois trataria de direito desportivo, matéria cuja competência
legislativa é reservada a União e
Estados, não podendo o município legislar a esse respeito.
Se aprovado, o projeto prejudicaria a Rede Globo, que exibe
os jogos do Paulista em TV
aberta, a cabo e pelo seu braço
em pay-per-view. Marcelo
Campos Pinto, executivo que
negocia direitos do futebol, não
atendeu ontem as ligações telefônicas feitas pela reportagem.
O prefeito disse, por sua assessoria de imprensa, que, em
respeito à Câmara, não comenta o projeto enquanto não for
aprovado em segunda votação.
A possibilidade de veto não
desanima o vereador Antonio
Goulart (PMDB), que é um dos
autores do projeto de lei que
ainda tramita na Câmara e não
tem uma data definida para
passar pela segunda votação.
"O prefeito, que tem sido um
guardião da moralidade, da cidade limpa e da lei do silêncio,
não pode ser incoerente e vetar
uma lei dessa natureza", argumentou o vereador, que questionou o argumento utilizado
para o veto ao projeto anterior.
"É competência do município estabelecer horário de funcionamento de tudo na cidade.
Tanto é que a lei de fechamento
de bares, que impõe 1h, é municipal, não é estadual", apontou.
Caso Kassab opte por vetar
também esse projeto, assim como fez com o anterior, o texto
retornaria à Câmara, que deliberaria sobre a manutenção do
veto ou não. Caso a maioria absoluta dos vereadores vote por
derrubar o veto, o projeto segue
para o presidente da Câmara,
que pode avalizá-lo mesmo
sem a anuência do prefeito.
O presidente da casa, Antonio Carlos Rodrigues (PR), admite que esse tipo de tramitação não é comum. Não são muitos os casos de projetos vetados
pelo prefeito que acabam promulgados na Câmara posteriormente. Apesar disso, Rodrigues afirma que vai se esforçar
para que o projeto se torne lei.
"Sou favorável à sanção. É
humanamente impossível alguém sair do estádio, no Morumbi ou no Pacaembu, à meia--noite e voltar para Parelheiros,
Campo Limpo e Capão Redondo. O torcedor demora quase
uma hora para sair do estádio e
depois não tem mais condução", afirma Rodrigues, que
não considera que o prefeito seria incoerente se resolvesse
aprovar desta vez o projeto.
"Mas, se ele vetar, eu vou
pautar e vai ter meu voto e da
minha bancada, composta por
cinco membros, para derrubar
o veto. O projeto já sai com cinco votos pela derrubada."
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