São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Histórico de Kassab mina projeto para jogos mais cedo

Prefeito de São Paulo não sancionou em 2007 texto similar ao que está na Câmara por alegar que era inconstitucional

Presidente da casa se diz favorável à aprovação e afirma que, em caso de revés no Executivo, colocará o projeto na pauta de novo

EDUARDO OHATA
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aprovado em primeira votação na Câmara dos Vereadores de São Paulo na terça, o projeto de lei que estipula 23h15 como horário limite para o encerramento de jogos de futebol na cidade não deve prosperar. É o que mostra a história recente.
Mesmo que seja aprovado em segunda votação na casa legislativa, o texto tende a ser vetado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). Em 2007, o político não sancionou projeto de conteúdo bem similar de autoria do então vereador Tião Farias (PSDB). O texto determinava que os jogos disputados nos estádios da cidade não poderiam ter início após as 21h.
O argumento utilizado para justificar o veto foi o de que o projeto de lei 511, de 2006, teria conteúdo inconstitucional, pois trataria de direito desportivo, matéria cuja competência legislativa é reservada a União e Estados, não podendo o município legislar a esse respeito.
Se aprovado, o projeto prejudicaria a Rede Globo, que exibe os jogos do Paulista em TV aberta, a cabo e pelo seu braço em pay-per-view. Marcelo Campos Pinto, executivo que negocia direitos do futebol, não atendeu ontem as ligações telefônicas feitas pela reportagem.
O prefeito disse, por sua assessoria de imprensa, que, em respeito à Câmara, não comenta o projeto enquanto não for aprovado em segunda votação.
A possibilidade de veto não desanima o vereador Antonio Goulart (PMDB), que é um dos autores do projeto de lei que ainda tramita na Câmara e não tem uma data definida para passar pela segunda votação.
"O prefeito, que tem sido um guardião da moralidade, da cidade limpa e da lei do silêncio, não pode ser incoerente e vetar uma lei dessa natureza", argumentou o vereador, que questionou o argumento utilizado para o veto ao projeto anterior.
"É competência do município estabelecer horário de funcionamento de tudo na cidade. Tanto é que a lei de fechamento de bares, que impõe 1h, é municipal, não é estadual", apontou.
Caso Kassab opte por vetar também esse projeto, assim como fez com o anterior, o texto retornaria à Câmara, que deliberaria sobre a manutenção do veto ou não. Caso a maioria absoluta dos vereadores vote por derrubar o veto, o projeto segue para o presidente da Câmara, que pode avalizá-lo mesmo sem a anuência do prefeito.
O presidente da casa, Antonio Carlos Rodrigues (PR), admite que esse tipo de tramitação não é comum. Não são muitos os casos de projetos vetados pelo prefeito que acabam promulgados na Câmara posteriormente. Apesar disso, Rodrigues afirma que vai se esforçar para que o projeto se torne lei.
"Sou favorável à sanção. É humanamente impossível alguém sair do estádio, no Morumbi ou no Pacaembu, à meia--noite e voltar para Parelheiros, Campo Limpo e Capão Redondo. O torcedor demora quase uma hora para sair do estádio e depois não tem mais condução", afirma Rodrigues, que não considera que o prefeito seria incoerente se resolvesse aprovar desta vez o projeto.
"Mas, se ele vetar, eu vou pautar e vai ter meu voto e da minha bancada, composta por cinco membros, para derrubar o veto. O projeto já sai com cinco votos pela derrubada."


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