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COPA 2006
Caso mantenha tradição de não ir muito bem na primeira fase, uma "ofensiva" Azzurra deve pegar Brasil cedo
Expert em 2º lugar, Itália vai ao ataque
PAULO GALDIERI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você acha uma roubada pegar a Itália logo nas oitavas-de-final da Copa, é bom já ficar ressabiado. Se teme que a seleção brasileira encare uma equipe ousada,
melhor se preocupar ainda mais.
Se o sobrenome Rossi te assusta,
trate de começar a rezar.
Das potências do futebol mundial, nenhuma ficou tantas vezes
em segundo lugar em sua chave
quanto a Itália. E, caso isso aconteça no Mundial da Alemanha e o
Brasil confirme seu favoritismo
escancarado no Grupo F, os dois
países se cruzam na segunda fase.
A Itália entrou em 14 grupos ao
longo da história das Copas, contando as duas fases de grupos da
Copa de 1978. Em seis oportunidades ficou como vice da chave
-em 42,9% das vezes, portanto.
Desta vez, a Squadra Azzurra
tem ainda por cima uma poderosa concorrente ao posto de líder
do Grupo E, a República Tcheca.
E os EUA, terceira força da chave
na teoria, figuram entre as cinco
seleções mais bem colocadas no
último ranking da Fifa divulgado.
Ratificando sua especialidade
de segundo lugar, a Itália pega o
primeiro do grupo do Brasil, país
que terminou 11 vezes na primeira posição de sua chave em Copas
-isso significa 57,9% das vezes.
Colocadas as chances consideráveis de confronto entre brasileiros e italianos nas oitavas-de-final
deste ano (tal duelo seria no dia 27
de junho em Dortmund), o problema maior passa a ser mesmo a
nova fase do tradicional rival.
Desde a Eurocopa de 2004 em
Portugal, a Itália apresenta maior
atrevimento, atuando com três jogadores no ataque sistematicamente. A ""escola" de futebol tão
reconhecida por defender com
unhas e dentes aumentou a sua
média de gols marcados na gestão
do atual treinador Marcello Lippi.
Com o ex-técnico da Juventus
no comando, a Itália anota 1,6 gol
em média por partida. Se isso soa
como ridículo comparando com
outras equipes, é mais do que a
equipe vinha fazendo nos últimos
anos -com Giovanni Trapatonni, a média era de 1,5 gol por jogo,
e com Dino Zoff era de 1,4.
Em dois amistosos recentes
contra outras potências da bola,
vitórias convincentes e com muitos gols para os padrões do chamado "catenaccio" -sistema de
jogo que fez fama na Itália especialmente nos anos 60, calcado
em uma forte marcação, com líbero atrás de uma linha de quatro
defensores e contra-ataques.
Em novembro do ano passado,
a Azzurra derrotou a Holanda por
3 a 1 em Amsterdã e quebrou a invencibilidade do técnico Van Basten à frente da seleção laranja.
Neste ano, em casa, a Itália humilhou a Alemanha por 4 a 1, maior
placar sobre a rival na história.
Nesse último duelo, a equipe
italiana não pôde contar com Totti, meia-atacante que sofreu fratura no perônio esquerdo. Ele seria
responsável pela ligação do meio-campo com o ataque do time, mas
sua ausência não alterou a nova
composição tática italiana.
O time mantém três jogadores
adiantados, um mais centralizado, Toni, e dois mais abertos, Gilardino e Del Piero. Quem tem armado a equipe é um jogador jovem, mas de sobrenome bem conhecido. Daniele de Rossi, 22, é
um dos símbolos da renovação da
Azzurra, que pode até falar, como
o Brasil, em ""quadrado mágico".
Na proteção da defesa, o time de
Lippi conta com um volante em
especial de grande técnica, Pirlo,
do Milan, especialista em cobranças de falta. Camoranesi, útil jogador da Juventus, completa o setor
que normalmente era ocupado
por marcadores mais ferozes, como Zambrotta, Gattuso, Di Biagio, Tacchinardi e até Pessotto
-Gattuso, do Milan, poderá figurar em alguns jogos na Copa como primeiro volante do time.
Apesar de mais solta, a Itália
mantém bons números defensivos. Com Lippi no controle, a
equipe leva em média 0,75 gol por
partida, só um pouco mais do que
na gestão de Trapattoni (0,68) e
menos do que na era Zoff (0,81).
Será a primeira Copa da Itália
após a saída de Paolo Maldini, recordista em jogos pela Azzurra,
da defesa. O time perde em experiência, mas ganha em vigor
-Maldini era criticado em 2002
por não estar na melhor forma.
A Itália não leva desvantagem
no confronto direto com o Brasil
dentro e fora de Copas, embora
tenha caído nas duas finais jogadas -1 a 4 em 1970 e 0 a 0, levando a pior nos pênaltis, em 1994.
Lippi foi assertivo ao dizer que o
Brasil será primeiro de sua chave.
E que a Itália encara todo mundo.
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