São Paulo, domingo, 26 de março de 2006

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COPA 2006

Caso mantenha tradição de não ir muito bem na primeira fase, uma "ofensiva" Azzurra deve pegar Brasil cedo

Expert em 2º lugar, Itália vai ao ataque

PAULO GALDIERI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você acha uma roubada pegar a Itália logo nas oitavas-de-final da Copa, é bom já ficar ressabiado. Se teme que a seleção brasileira encare uma equipe ousada, melhor se preocupar ainda mais. Se o sobrenome Rossi te assusta, trate de começar a rezar.
Das potências do futebol mundial, nenhuma ficou tantas vezes em segundo lugar em sua chave quanto a Itália. E, caso isso aconteça no Mundial da Alemanha e o Brasil confirme seu favoritismo escancarado no Grupo F, os dois países se cruzam na segunda fase.
A Itália entrou em 14 grupos ao longo da história das Copas, contando as duas fases de grupos da Copa de 1978. Em seis oportunidades ficou como vice da chave -em 42,9% das vezes, portanto.
Desta vez, a Squadra Azzurra tem ainda por cima uma poderosa concorrente ao posto de líder do Grupo E, a República Tcheca. E os EUA, terceira força da chave na teoria, figuram entre as cinco seleções mais bem colocadas no último ranking da Fifa divulgado.
Ratificando sua especialidade de segundo lugar, a Itália pega o primeiro do grupo do Brasil, país que terminou 11 vezes na primeira posição de sua chave em Copas -isso significa 57,9% das vezes.
Colocadas as chances consideráveis de confronto entre brasileiros e italianos nas oitavas-de-final deste ano (tal duelo seria no dia 27 de junho em Dortmund), o problema maior passa a ser mesmo a nova fase do tradicional rival.
Desde a Eurocopa de 2004 em Portugal, a Itália apresenta maior atrevimento, atuando com três jogadores no ataque sistematicamente. A ""escola" de futebol tão reconhecida por defender com unhas e dentes aumentou a sua média de gols marcados na gestão do atual treinador Marcello Lippi.
Com o ex-técnico da Juventus no comando, a Itália anota 1,6 gol em média por partida. Se isso soa como ridículo comparando com outras equipes, é mais do que a equipe vinha fazendo nos últimos anos -com Giovanni Trapatonni, a média era de 1,5 gol por jogo, e com Dino Zoff era de 1,4.
Em dois amistosos recentes contra outras potências da bola, vitórias convincentes e com muitos gols para os padrões do chamado "catenaccio" -sistema de jogo que fez fama na Itália especialmente nos anos 60, calcado em uma forte marcação, com líbero atrás de uma linha de quatro defensores e contra-ataques.
Em novembro do ano passado, a Azzurra derrotou a Holanda por 3 a 1 em Amsterdã e quebrou a invencibilidade do técnico Van Basten à frente da seleção laranja. Neste ano, em casa, a Itália humilhou a Alemanha por 4 a 1, maior placar sobre a rival na história.
Nesse último duelo, a equipe italiana não pôde contar com Totti, meia-atacante que sofreu fratura no perônio esquerdo. Ele seria responsável pela ligação do meio-campo com o ataque do time, mas sua ausência não alterou a nova composição tática italiana.
O time mantém três jogadores adiantados, um mais centralizado, Toni, e dois mais abertos, Gilardino e Del Piero. Quem tem armado a equipe é um jogador jovem, mas de sobrenome bem conhecido. Daniele de Rossi, 22, é um dos símbolos da renovação da Azzurra, que pode até falar, como o Brasil, em ""quadrado mágico".
Na proteção da defesa, o time de Lippi conta com um volante em especial de grande técnica, Pirlo, do Milan, especialista em cobranças de falta. Camoranesi, útil jogador da Juventus, completa o setor que normalmente era ocupado por marcadores mais ferozes, como Zambrotta, Gattuso, Di Biagio, Tacchinardi e até Pessotto -Gattuso, do Milan, poderá figurar em alguns jogos na Copa como primeiro volante do time.
Apesar de mais solta, a Itália mantém bons números defensivos. Com Lippi no controle, a equipe leva em média 0,75 gol por partida, só um pouco mais do que na gestão de Trapattoni (0,68) e menos do que na era Zoff (0,81).
Será a primeira Copa da Itália após a saída de Paolo Maldini, recordista em jogos pela Azzurra, da defesa. O time perde em experiência, mas ganha em vigor -Maldini era criticado em 2002 por não estar na melhor forma.
A Itália não leva desvantagem no confronto direto com o Brasil dentro e fora de Copas, embora tenha caído nas duas finais jogadas -1 a 4 em 1970 e 0 a 0, levando a pior nos pênaltis, em 1994.
Lippi foi assertivo ao dizer que o Brasil será primeiro de sua chave. E que a Itália encara todo mundo.


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