São Paulo, sábado, 26 de março de 2011

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À cubana

Após enfrentarem dois anos de ostracismo em seu país, atletas de Cuba brilham como atacantes da Superliga, cujas quartas de final começam hoje

MARIANA BASTOS
DE SÃO PAULO

Duas das principais atacantes desta edição da Superliga feminina, cujas quartas de final começam hoje, passaram por dois anos de inatividade antes de brilharem nas quadras brasileiras. Até o segundo semestre de 2010, quando desembarcaram no Brasil, Yusleyni Herrera, do Minas, e Daymi Ramirez, do Praia Clube, estavam impedidas de competir.
Segundo as regras de Cuba, o atleta de vôlei que quiser autorização para jogar em outro país tem de permanecer dois anos sem atuar. Campeãs no Pan do Rio- -2007 após baterem o Brasil na final, Herrera e Ramirez disputaram a Olimpíada de Pequim-2008 e abandonaram a seleção cubana.
Depois dos anos de ostracismo, as cubanas se surpreendem com o bom desempenho nesta Superliga.
Herrera, por exemplo, encerrou a primeira fase do torneio no topo do ranking de eficiência no ataque (27,6% de aproveitamento) e em segundo na lista de maiores pontuadoras (392 pontos), atrás de Sheilla, do Rio.
Ao lado da americana Nicole Fawcett, a ponteira cubana é a principal referência do ataque do Minas, que enfrenta hoje o Pinheiros. "Fico surpresa porque, durante esses dois anos, tive muito dificuldade para manter a forma. Cheguei aqui com 79 kg, treinei muito todos os dias e hoje estou com 74 kg", afirma a jogadora, 27, que espera emagrecer mais.
Segundo o site da federação internacional, Herrera, que mede 1,81 m, tinha em 2008 11 kg a menos que hoje. Ramirez, 27, passou pelo mesmo desconforto que sua compatriota. Segundo ela, chegou a ser preterida por outras equipes porque havia a desconfiança de que não poderia render bem por não estar em sua melhor forma.
A aposta da equipe de Uberlândia, que estreia amanhã nas quartas de final contra o Osasco, no talento da cubana rendeu bons frutos. Ramirez é a terceira maior pontuadora da Superliga, somando 374 pontos, e a sexta melhor atacante, com um aproveitamento de 22,8%. Segundo ela, o fato de Cuba produzir boas atacantes se deve ao tipo de treinamento conduzido no país. Os técnicos cubanos tendem a focar os treinos quase que exclusivamente no ataque.
Ramirez ficou tão surpresa com a diferença entre as filosofias de treinamento do Brasil e de Cuba que chegou a comentar com Herrera. "Aqui, os treinos são mais diversificados. Sinto que estou melhorando na defesa e no bloqueio", conta Ramirez. Mesmo se destacando no Brasil, Ramirez e Herrera não poderão voltar a defender a seleção de seu país.
A legislação cubana proíbe atletas que atuam em clubes no exterior de jogarem na equipe nacional. Isso, contudo, não as incomoda. "Eu queria mudar minha vida, jogar como profissional e abrir um caminho para mim e para minha família. Para mim, a seleção já passou", declara Ramirez.

NA TV

Pinheiros x Minas
15h Sportv 2


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