São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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Após gás e fritura, Muricy já cogita deixar o Brasil

Técnico afirma que futebol é dinâmico e anda "chato" no país, mas declara que vai cumprir contrato no São Paulo

São-paulino volta a mostrar cansaço no cargo neste ano e mantém posição de não perdoar suspeita levantada por Vanderlei Luxemburgo

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Muricy Ramalho cultiva a reputação de cumprir seus contratos até o fim. Mas, de maneira franca, já torce para que, depois do São Paulo, o próximo termo que venha a assinar seja com um clube do exterior. E pela primeira vez admitiu que o futebol é "dinâmico".
Pesam na nova disposição do treinador seu desgaste com o que chama de "cultura do futebol no Brasil" e o recente incidente com gás no vestiário da semifinal contra o Palmeiras.
"Falei outro dia mesmo com a minha família. Não mudei minha cabeça em relação a cumprir os contratos, mas tenho que começar a pensar em ir para o exterior. Futebol por aqui anda muito chato", afirmou.
Muricy, que renovou seu contrato até o fim de 2009, irritou-se ao ver na imprensa que poderia balançar no cargo caso não passasse da primeira fase da Libertadores -o time só obteve a vaga no último jogo, ao vencer o Nacional de Medellín.
Ao ser reeleito, o presidente Juvenal Juvêncio disse na última terça-feira, véspera da partida, que não havia nenhuma possibilidade de demissão do treinador são-paulino em caso de insucesso continental.
Quando falou em "coisas do Brasil", o treinador se referiu aos comentaristas que fazem reparos à maneira com a qual ele dirige a equipe tricolor.
"Os caras dizem lá que é para eu colocar não-sei-quem de volante, que eu devia botar fulano de lateral. Se eles entendem tanto de futebol, por que não viram treinadores? Tem clube pagando bem", ironizou. "Quando trabalhei na China, reclamavam muito de mim, mas era na língua deles, então eu nem ligava", acrescentou.
Muricy não fala abertamente no assunto, mas tem se desgastado muito com a dificuldade de encaixar o reduzido elenco à sua disposição neste ano.
As eventuais pressões por parte de diretores, as apostas em reforços que ainda não vingaram e as más atuações do time já o fizeram dizer, nesta temporada, que não pretende continuar por muito tempo na função de treinador.
O técnico não aceitou as desculpas de Vanderlei Luxemburgo. Após o jogo de anteontem contra o Sport, o técnico palmeirense afirmou que a hipótese de o gás ter sido ministrado por são-paulinos não poderia ser esquecida até que houvesse um responsável. Ontem, no entanto, eximiu Muricy e jogadores de qualquer culpa no incidente. "Eles estavam no jogo, como eu."
Descrente de justiça, o são-paulino não viu melhora nas declarações de Luxemburgo. "Não consertou não. Eu teria que ser conivente."


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