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Após gás e fritura, Muricy já cogita deixar o Brasil
Técnico afirma que futebol é dinâmico e anda "chato" no país, mas declara que vai cumprir contrato no São Paulo
São-paulino volta a mostrar cansaço no cargo neste ano e mantém posição de não perdoar suspeita levantada por Vanderlei Luxemburgo
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Muricy Ramalho cultiva a reputação de cumprir seus contratos até o fim. Mas, de maneira franca, já torce para que, depois do São Paulo, o próximo
termo que venha a assinar seja
com um clube do exterior. E pela primeira vez admitiu que o
futebol é "dinâmico".
Pesam na nova disposição do
treinador seu desgaste com o
que chama de "cultura do futebol no Brasil" e o recente incidente com gás no vestiário da
semifinal contra o Palmeiras.
"Falei outro dia mesmo com
a minha família. Não mudei minha cabeça em relação a cumprir os contratos, mas tenho
que começar a pensar em ir para o exterior. Futebol por aqui
anda muito chato", afirmou.
Muricy, que renovou seu
contrato até o fim de 2009, irritou-se ao ver na imprensa que
poderia balançar no cargo caso
não passasse da primeira fase
da Libertadores -o time só obteve a vaga no último jogo, ao
vencer o Nacional de Medellín.
Ao ser reeleito, o presidente
Juvenal Juvêncio disse na última terça-feira, véspera da partida, que não havia nenhuma
possibilidade de demissão do
treinador são-paulino em caso
de insucesso continental.
Quando falou em "coisas do
Brasil", o treinador se referiu
aos comentaristas que fazem
reparos à maneira com a qual
ele dirige a equipe tricolor.
"Os caras dizem lá que é para
eu colocar não-sei-quem de volante, que eu devia botar fulano
de lateral. Se eles entendem
tanto de futebol, por que não viram treinadores? Tem clube
pagando bem", ironizou.
"Quando trabalhei na China,
reclamavam muito de mim,
mas era na língua deles, então
eu nem ligava", acrescentou.
Muricy não fala abertamente
no assunto, mas tem se desgastado muito com a dificuldade
de encaixar o reduzido elenco à
sua disposição neste ano.
As eventuais pressões por
parte de diretores, as apostas
em reforços que ainda não vingaram e as más atuações do time já o fizeram dizer, nesta
temporada, que não pretende
continuar por muito tempo na
função de treinador.
O técnico não aceitou as desculpas de Vanderlei Luxemburgo. Após o jogo de anteontem contra o Sport, o técnico
palmeirense afirmou que a hipótese de o gás ter sido ministrado por são-paulinos não poderia ser esquecida até que
houvesse um responsável. Ontem, no entanto, eximiu Muricy e jogadores de qualquer
culpa no incidente. "Eles estavam no jogo, como eu."
Descrente de justiça, o são-paulino não viu melhora nas
declarações de Luxemburgo.
"Não consertou não. Eu teria
que ser conivente."
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