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Cronômetro manual sobrevive na Indy
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Nazareth
As 200 Milhas de Nazareth,
quarta etapa da temporada 98 da
Indy, hoje, pode ser decidida por
um simples aperto de botão.
Distante dos milhões de dólares
investidos em tecnologia de carros
e salários de pilotos a cada ano, o
sistema de cronometragem da categoria ainda está sujeito a um
"tira-teima manual", no caso de
falha dos computadores.
Um deslize ou a simples desatenção de um oficial de cronometragem pode custar a um piloto uma
volta ou mesmo a corrida.
Os oficiais são figuras pouco conhecidas na Indy. Chegam às pistas apenas no dia do primeiro treino classificatório, ficam isolados
em uma torre de controle, e, na
maioria das vezes, seu trabalho
não é usado para nada.
Sua missão se resume a acompanhar um determinado carro e, a
cada passagem pela linha de chegada, pressionar um botão em um
dispositivo semelhante a um joystick de videogame.
Um computador recebe esse impulso e armazena a informação,
para ser usada em caso de necessidade. Mas isso raramente ocorre.
Para que a Omega -empresa
que desde o ano passado é responsável pela cronometragem oficial
da Indy- recorra ao método manual, é necessário que tenha havido falha em um dos seus dois sistemas eletrônicos.
O primeiro se baseia em transmissores colocados nos carros,
que enviam sinais a antenas instaladas ao longo da pista. Em Nazareth, são 11 antenas. O segundo
trabalha com um célula fotoelétrica, que acusa a passagem de cada
carro pela linha de chegada.
"Em uma pista oval como a de
Nazareth, com 1 milha (1.609 m)
de extensão, a velocidade com que
as informações vão chegando aos
computadores é absurda", disse
Guy Gibbons, coordenador do
projeto da Omega na Indy. "Uma
falha dos sistemas é mais provável
em um lugar assim do que numa
pista mista, convencional."
A cronometragem entende como falha cada vez que a informação do primeiro sistema não bate
com a fornecida pelo segundo.
Isso pode acontecer quando, por
exemplo, um carro quebra logo
após passar por uma antena, é empurrado de ré, seu motor é acionado e, ao voltar para a pista, envia
sinal para a mesma antena.
Uma possibilidade teórica, que
nunca ocorreu na Indy, é o comprometimento do aparelho transmissor de um ou mais carros após
um acidente forte.
"O transmissor fica no cockpit,
ao lado esquerdo do piloto e é
muito resistente", afirma Gibbons. "Um carro que sofre uma
batida violenta, a ponto de danificar o aparelho, não tem condições
de continuar na corrida."
Os transmissores usados pela
Omega têm o tamanho de uma fita
de vídeo e pesam cerca de 300 g.
Eles são carregados durante a semana que antecede a corrida e entregues às equipes na primeira vistoria técnica, geralmente às quintas-feiras. A bateria tem autonomia para dez dias.
Em caso de pane, o computador
recorreria às informações dos oficiais e buscaria imediatamente
corrigir um erro na classificação.
No entanto, esse processo normalmente leva alguns segundos,
levando ao desespero donos de
equipes e locutores de TV, que
vêem um piloto mudar repentinamente de uma posição para outra
no meio da corrida.
Outro problema é que o botão de
um oficial não funciona como
cronômetro, já que não há precisão suficiente para isso. Sempre
que uma posição é corrigida pelo
sistema manual, não há o registro
do tempo do piloto naquela volta.
Bancadas
Os oficiais de cronometragem
normalmente ficam sentados em
bancadas e não desgrudam os
olhos de seus carros.
A escalação dos profissionais varia de acordo com o número de pilotos inscritos na prova.
Na última etapa, em Long
Beach, eram 29. Em Nazareth,
com a desistência do italiano
Mimmo Schiatarella, correrão 28
pilotos, cada um sendo observado
em toda a corrida por um oficial.
O trabalho em Nazareth será árduo. O tráfego na pista é considerado pelos pilotos como o mais intenso de toda a temporada.
Em Nazareth, serão 225 voltas.
Caso um oficial se confunda e esqueça de pressionar o botão uma
única vez, seu piloto pode perder
uma volta no caso de uma conferência de dados.
O envio quase ininterrupto de
dados para a cronometragem é
apontado como o motivo da existência dos oficiais. Mas há também uma defasagem tecnológica.
A F-1 abriu mão, há anos, do sistema manual. No GP de San Marino, também hoje, todo o trabalho
de ordenamento dos carros e dos
tempos será feito eletronicamente.
A tendência é que a Indy venha a
abolir o trabalho dos oficiais.
A Omega integra o grupo suíço
SMH, que engloba também a Longines, empresa que fazia a cronometragem da F-1 no passado.
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