São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Próximo Texto | Índice

São Paulo e Corinthians desrespeitam limite estabelecido pelo Contru
Clubes "incham" Morumbi e desafiam a prefeitura

"Diário Popular"
Torcedores do Corinthians comemoram vitória do time na última terça, quando a carga de ingressos colocada à venda era superior ao autorizado pela prefeitura


FERNANDO MELLO
RICARDO PERRONE

DA REPORTAGEM LOCAL

O Morumbi, palco das semifinais do Paulista-2000 e dos jogos decisivos da Libertadores-2000 envolvendo o Corinthians, teve sua capacidade "inchada".
Os clubes e a Federação Paulista de Futebol desafiaram uma determinação do Contru e aumentaram a capacidade do Morumbi em 7.000 lugares.
Na partida entre Corinthians e Atlético-MG na última terça-feira, válida pelas quartas-de-final do torneio sul-americano, foram colocadas à disposição do público 67 mil entradas.
O Contru, órgão da prefeitura responsável pela fiscalização dos imóveis na cidade, havia liberado o estádio para 60 mil pessoas.
"Houve um acordo no qual ficou definido que a carga máxima é de 60 mil ingressos. Se estão vendendo mais, estão desrespeitando o acordo", afirmou o diretor do Contru, Paulo Yassuo Hirata.
O São Paulo, por seu lado, afirma que o estádio já pode receber público superior a 60 mil. "A capacidade do Morumbi é de 67 mil pessoas. Nos próximos dias, o estádio deve ser liberado para receber 75 mil", declarou Osmar Marra, gerente financeiro do clube.
O diretor do Contru enviaria ontem uma advertência ao São Paulo e à FPF. "Eles serão responsabilizados caso ocorra algum acidente", disse Hirata.
O Contru descarta ampliar a capacidade antes de uma nova vistoria. Segundo o órgão, ela só será aumentada quando o São Paulo concluir a instalação de amortecedores, que vão diminuir as vibrações em sua estrutura.
O clube tem até 14 de junho para concluir as obras. Depois da reforma, poderão ser vendidos 85 mil ingressos no Morumbi.
Apesar de advertir o clube e a federação, Hirata afirmou ser difícil evitar que a determinação do Contru seja respeitada.
"Não temos como controlar quantas pessoas entram no estádio", declarou.
A Folha telefonou ontem para Paulo Amaral, presidente do São Paulo, das 14h às 18h, mas a caixa postal de seu celular estava cheia.
Apesar do aumento da carga de ingressos, os corintianos não lotaram o estádio na terça. Foram vendidos 58,5 mil ingressos para o duelo entre mineiros e paulistas.
O gerente são-paulino disse que a determinação do número de ingressos para o jogo de terça era responsabilidade do Corinthians.
Os corintianos dizem nada terem a ver com o "inchaço" do Morumbi. "O responsável pela informação da carga que o estádio suporta é o proprietário, no caso o São Paulo. Eu poderia ter vendido menos de 67 mil, mas nunca 67.001. Não acredito, no entanto, que o São Paulo tenha feito isso à revelia do Contru. Além disso, a federação confirmou que a carga autorizada para a partida era essa", disse o vice-presidente administrativo, Luís César Granieri.
A FPF informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem ingerência sobre jogos da Libertadores.
Para as próximas partidas do Corinthians, Granieri disse que vai pedir os mesmos 67 mil ingressos. "Essa é a capacidade que está sendo usada há algum tempo, pelo menos desde o jogo contra o Rio Branco (no último dia 10)."
Os problemas no Morumbi começaram em 1993, quando um bloco de concreto da arquibancada caiu durante um clássico entre Palmeiras e São Paulo.


Próximo Texto: FPF esconde número de ingressos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.