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BOXE
Xuxa, o título e a Forja
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A o assinar novo contrato
com Don King, na semana
passada, o brasileiro Edson do
Nascimento, o Xuxa, afirma ter
finalmente acertado os ponteiros
com o famigerado promotor de
lutas para, no futuro, talvez até o
fim deste ano, disputar o cinturão
da Associação Mundial de Boxe.
Descobriu-se que o contrato anterior assinado com King teria sido falsificado pelo intermediário,
o mexicano Ignacio ""Nacho"
Huizar, e Xuxa viajou para os
EUA para acertar este novo acordo com o norte-americano King.
O contrato (a que esta coluna
teve acesso) apresenta itens polêmicos. Um deles diz que caso o
brasileiro conquiste o cinturão de
uma das quatro principais entidades, o documento passa a cobrir o período no qual Xuxa mantiver o título e mais dois anos
após sua perda (ou abandono).
Os direitos do lutador brasileiro
também estão ""garantidos". Caso
torne-se campeão, o contrato especifica que sua bolsa não será
menor do que US$ 50 mil. E a bolsa por suas próximas lutas não será menor do que US$ 5.000. Porém os valores máximos em momento algum são especificados.
O próprio Xuxa, décimo colocado no ranking da AMB e quinto
da Organização Mundial de Boxe, admite que os números não
são muito impressionantes.
""Esses valores, assim como a negociação de direitos de TV para o
Brasil e patrocínios, podem ser renegociados. Depende só de conversas entre King e meu empresário, Mauro Katzenelson. Não
acho que King seja tão mau caráter", avalia, ignorando as dezenas
de pugilistas que já tiveram problemas promocionais com King.
A estréia de Xuxa como contratado de King ocorreria na preliminar de uma defesa do porto-riquenho Félix Trinidad, em julho.
Mas Xuxa não está feliz.
""Hoje tem muita gente cuidando em minha carreira: empresários, promotores, patrocinadores,
gente das TVs. Às vezes penso que
era mais feliz quando era amador, como quando fui vice na Forja de Campeões (torneio amador
que revelou Eder Jofre e Adilson
Rodrigues, o Maguila), em 1989."
Aliás, no outro extremo da indústria do boxe, estão justamente
os rapazes que estrearam na edição deste ano da Forja, cuja final
foi disputada na última terça.
Brigando em vez de usar a técnica, desferindo ""mata cobras"
(""tapas de gato" sem técnica),
com direito a golpes após o final
dos assaltos, os garotos participam deste que é o torneio preferido por esta coluna, no qual pode-se sentir a vibração no ar (e ainda
por cima com entrada franca).
Esses estreantes ainda não têm
de se preocupar com as artimanhas de empresários, com as linha finas no final dos contratos
ou com outros aspectos burocráticos, mas que devem ser cumpridos e tratados com cuidado.
A prioridade desses garotos, a
maioria vindos da periferia, é ganhar o torneio e levar um troféu
para casa e mostrar para a família. Como o mosca Leonel Neto,
do Padote, que lutou com a mão
direita fraturada e ainda assim
faturou o título de sua categoria.
A ""bolsa" desses bravos amadores? Eles têm direito a uma ajuda
de custo de parcos R$ 20 por luta.
Mas, como pode atestar Xuxa, esse pode ser o período mais satisfatório na vida de um pugilista.
Amador
Os vencedores da edição deste ano da Forja de Campeões:
Josidécio Barbosa (mosca-ligeiro), Leonel Neto (mosca),
John Amaral (galo), Sandro
Vasconcelos (pena), Henrique Rocha (leve), Salomão
Guimarães (meio-médio-ligeiro), Amilton Nascimento
(meio-médio), Ismael Bueno
Jr. (médio-ligeiro), Robson
Santos (médio), Marcelo José
(meio-pesado), Adalberto
Silva (pesado) e Marcelo José
Souza (superpesado). A academia campeã foi o Padote,
do técnico Messias Gomes.
Profissional
Aurélio ""Toyo" Perez, o pesado cubano radicado no Brasil, venceu Eduardo dos Santos por nocaute no segundo
assalto, terça, no Rio. Recebido no Brasil como herói no
início da década a carreira de
Perez entrou em decadência
após derrotas para Nicolai
Kulpin e Pedro Franco.
E-mail - eohata@folhasp.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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