São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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COPA 2002

No teste final antes da Copa, Brasil faz gols em rival frágil só no 2o. tempo

Só reservas fazem seleção golear bambalas malaios

FÁBIO VICTOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KUALA LUMPUR

O time titular do Brasil na Copa do Mundo não foi capaz de dar espetáculo nem de fazer muitos gols contra a Malásia, espécie de "bambala" do futebol mundial. Para golear os malaios por 4 a 0, ontem de manhã, em Kuala Lumpur, na última partida da seleção antes do Mundial, foi preciso os reservas de Luiz Felipe Scolari entrarem em campo para que a equipe jogasse com um mínimo do que esperavam dela as torcidas brasileira e malaia.
Os jogadores de que mais se aguardava -Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo, o trio de erres ofensivo do Brasil- foram a maior decepção.
Ronaldo ao menos conseguiu pôr fim a um jejum de dois anos e oito meses sem gols com a camisa verde e amarela, mas só o fez com a ajuda de um zagueiro malaio, que falhou e deu-lhe um ótimo passe. No primeiro tempo, foi quem mais desperdiçou chances, muitas na cara do gol.
Todos os outros gols brasileiros, assim como as únicas jogadas de efeito, foram feitos por jogadores reservas que entraram no segundo tempo, quando a seleção inteira foi mudada -o Brasil terminou a partida com 11 reservas em campo- e Scolari trocou o sistema tático do time do 3-5-2 (com três zagueiros) para o 4-4-2 (com apenas dois).
Ronaldinho, que fora o destaque do último amistoso da seleção, contra a Catalunha, esteve apagado todo o tempo, assim como Rivaldo, que em vários momentos se atrapalhou com Ronaldo ou tão somente com a bola.
A frustração foi ainda maior porque o jogo era perfeito para o Brasil chegar tranquilo à Copa e o trio de erres deslanchar, proporcionando o "espetáculo" prometido por Roberto Carlos.
Apenas 112ª colocada no ranking da Fifa (o Brasil divide a vice-liderança com a Argentina) e eliminada das eliminatórias asiáticas para a Copa na primeira fase, a Malásia engatinha no futebol. É um "Bambala", time de várzea citado por Scolari para insinuar que Romário só fazia gol diante de adversários fracos.
O amistoso -cuja preparação foi marcada por contratempos, como o forte calor malaio e a péssima qualidade dos gramados do país- só ocorreu para a CBF fazer caixa (os organizadores pagaram US$ 1 milhão pela "atração") e lobby político em favor da candidatura de Joseph Blatter à reeleição na Fifa. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, é um dos maiores aliados de Blatter.
Na noite de ontem (horário brasileiro), a delegação embarcaria para Ulsan, na Coréia do Sul, onde fará sua estréia na Copa contra a Turquia, no próximo dia 3, e local onde ficará concentrada durante a primeira fase.
Scolari tem, portanto, somente uma semana para ajustar o time para a estréia brasileira no Mundial. Com tão pouco tempo e um time titular cheio de problemas, resta ao técnico pedir uma força a Nossa Senhora de Caravaggio, sua santa de devoção.


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