Em Paris, em seu último jogo individual, brasileiro perde para francês por 3 sets a 0 no campeonato que o lançou e consagrou

Tenista, que ainda vai atuar no torneio de duplas em Roland Garros, afirma que não tem planos imediatos e que pretende surfar muito

David Vincent/Associated Press

Guga, ontem, em Roland Garros

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Gustavo Kuerten estava feliz.
Ele havia acabado de conversar com os jornalistas após a derrota para o francês Paul-Henri Mathieu por 3 sets a 0 (6/3, 6/4 e 6/2) em Roland Garros e deixava a sala de entrevistas quando soltou um "é, quem tava tava...", querendo dizer que quem não o viu jogar não teria uma nova oportunidade.
Na verdade, ainda existe mais uma chance para vê-lo em ação, já que ele está na chave de duplas ao lado do francês Sebastien Grosjean. Mas o próprio Guga considera a participação em duplas "a cereja no bolo", e a carreira, encerrada.
Às 17h44 (12h44 de Brasília), na quarta devolução após o saque de Mathieu, a tentativa do brasileiro por uma bola curtinha parava na rede. Terminava naquele momento a mais vitoriosa carreira de um tenista brasileiro na história -entre as mulheres, Maria Esther Bueno foi ainda mais vitoriosa.
Carreira que ganhou impulso e destaque mundial com a primeira conquista no saibro de Roland Garros, 11 anos atrás.
Foram 20 títulos, sendo três de Roland Garros e um do Masters (torneio que reúne os melhores no final da temporada), e 43 semanas no topo do ranking mundial. Foram também duas cirurgias no quadril direito, que minaram o físico do brasileiro.
Nos últimos anos, Guga pouco jogou por causa das limitações físicas. Em janeiro, anunciou uma turnê de despedida, cuja última partida de simples foi ontem no torneio que ama. E onde também é amado.
"Não posso jogar do jeito que queria, mas foi além das expectativas", declarou o catarinense, que chorou após a partida. "Me senti competitivo, em alguns momentos", avaliou.
Aposentado aos 31 anos, diz que agora quer dar uma parada e ter um intervalo para refletir.
"Neste ano não pretendo fazer nada. Preciso de um tempo para ver o que vou fazer."
Guga deixou claro que quer se envolver mais no instituto que leva seu nome e é presidido por sua mãe, em Florianópolis. E surfar bastante.
"Isso eu vou fazer muito. Quem quiser me encontrar é só me procurar na praia."


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