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Polícia investiga suposto racismo na Libertadores
Cruzeirense Elicarlos acusou argentino Maxi López, do Grêmio, de chamá-lo de "macaco" em jogo no Mineirão
Inquérito é instaurado em Minas Gerais e tem prazo
de 30 dias para conclusão; jogadores serão ouvidos como testemunhas
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou ontem inquérito
para investigar suposta "injúria
qualificada" por preconceito
racial por parte do atacante do
Grêmio Maxi López. Ele foi
acusado pelo volante do Cruzeiro Elicarlos de tê-lo chamado de "macaco" no jogo de anteontem da Libertadores. O time mineiro venceu por 3 a 1.
Nascido na Argentina, o gremista negou a acusação.
"Temos que nos preocupar
com coisa muito mais séria",
disse o técnico do Grêmio, Paulo Autuori. "Todo dia existe coisa de racismo. Há que acabar
com essa hipocrisia", afirmou.
Em "carta aos torcedores"
publicada no site do Cruzeiro, o
presidente do clube, Zezé Perrella, disse que o clube "não
aceita que seja criado um clima
de guerra" para o jogo de volta,
no Olímpico, em Porto Alegre.
O desentendimento entre
Elicarlos e Maxi López ocorreu
no primeiro tempo do jogo válido pela semifinal. A segunda
partida será na próxima quinta.
Imagens da TV mostram o
cruzeirense Wagner empurrando e recriminando Maxi López pelo xingamento a Elicarlos, que é negro. Por leitura labial, diz: "Negócio de cor, não."
O delegado Hélcio Sá Bernardes, encarregado do inquérito
que deve ser concluído em 30
dias, disse que já requisitou
imagens do jogo e convocou
dois atletas do Cruzeiro para
depor. Um deles é Wagner.
Anteontem, o Grêmio só
conseguiu deixar o Mineirão
por volta das 2h, após Maxi López depor na delegacia do estádio. Era 0h30 quando o ônibus
gremista foi impedido de sair
pela polícia porque o argentino
não tinha prestado depoimento. À 1h12, toda a delegação saiu
do veículo junto com ele.
Na delegacia, Autuori chegou
a receber voz de prisão por se
desentender com policiais. Os
gremistas deixaram a delegacia
à 1h47. Maxi López saiu protegido por seguranças.
Ontem, o atacante negou ter
feito insultos racistas a Elicarlos. "Era partida quente, os dois
times jogando semifinais. Porém não saiu de dentro do campo de jogo. Não passa de uma
partida de futebol. Longe de ser
um ato racista", disse.
Ele lembrou ainda da rivalidade entre brasileiros e argentinos. "Muitas vezes me chamam de "argentino alguma coisa", mas são coisas do futebol."
Segundo a polícia, Maxi López contestou a acusação dizendo que não tinha condições
de se expressar de forma tão
veemente em português.
O diretor jurídico do Grêmio,
Camilo Gomes de Macedo, falou ontem à tarde que o clube
confia no atacante e que vai
cuidar da defesa dele.
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