São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Polícia investiga suposto racismo na Libertadores

Cruzeirense Elicarlos acusou argentino Maxi López, do Grêmio, de chamá-lo de "macaco" em jogo no Mineirão

Inquérito é instaurado em Minas Gerais e tem prazo de 30 dias para conclusão; jogadores serão ouvidos como testemunhas


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou ontem inquérito para investigar suposta "injúria qualificada" por preconceito racial por parte do atacante do Grêmio Maxi López. Ele foi acusado pelo volante do Cruzeiro Elicarlos de tê-lo chamado de "macaco" no jogo de anteontem da Libertadores. O time mineiro venceu por 3 a 1.
Nascido na Argentina, o gremista negou a acusação.
"Temos que nos preocupar com coisa muito mais séria", disse o técnico do Grêmio, Paulo Autuori. "Todo dia existe coisa de racismo. Há que acabar com essa hipocrisia", afirmou.
Em "carta aos torcedores" publicada no site do Cruzeiro, o presidente do clube, Zezé Perrella, disse que o clube "não aceita que seja criado um clima de guerra" para o jogo de volta, no Olímpico, em Porto Alegre.
O desentendimento entre Elicarlos e Maxi López ocorreu no primeiro tempo do jogo válido pela semifinal. A segunda partida será na próxima quinta.
Imagens da TV mostram o cruzeirense Wagner empurrando e recriminando Maxi López pelo xingamento a Elicarlos, que é negro. Por leitura labial, diz: "Negócio de cor, não."
O delegado Hélcio Sá Bernardes, encarregado do inquérito que deve ser concluído em 30 dias, disse que já requisitou imagens do jogo e convocou dois atletas do Cruzeiro para depor. Um deles é Wagner.
Anteontem, o Grêmio só conseguiu deixar o Mineirão por volta das 2h, após Maxi López depor na delegacia do estádio. Era 0h30 quando o ônibus gremista foi impedido de sair pela polícia porque o argentino não tinha prestado depoimento. À 1h12, toda a delegação saiu do veículo junto com ele.
Na delegacia, Autuori chegou a receber voz de prisão por se desentender com policiais. Os gremistas deixaram a delegacia à 1h47. Maxi López saiu protegido por seguranças.
Ontem, o atacante negou ter feito insultos racistas a Elicarlos. "Era partida quente, os dois times jogando semifinais. Porém não saiu de dentro do campo de jogo. Não passa de uma partida de futebol. Longe de ser um ato racista", disse.
Ele lembrou ainda da rivalidade entre brasileiros e argentinos. "Muitas vezes me chamam de "argentino alguma coisa", mas são coisas do futebol."
Segundo a polícia, Maxi López contestou a acusação dizendo que não tinha condições de se expressar de forma tão veemente em português.
O diretor jurídico do Grêmio, Camilo Gomes de Macedo, falou ontem à tarde que o clube confia no atacante e que vai cuidar da defesa dele.


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