São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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XICO SÁ

Congratuleixons, seu Joel


Um cochilo, no final, e o pobre Joel Santana quase devolve as gozações pelo inglês de várzea, mas fluente no campo

AMIGO TORCEDOR , amigo secador, meu estimado corvo gosta de secar até em pelada de garçons sob o Minhocão ou no aterro do Flamengo, mas secar a pátria de chuteiras, a seleção do Brasil e a histeria amplificada de Galvão Bueno é sua maior perversão ludopédica.
Ontem, que pena, em um rápido cochilo no final do jogo, por causa de uma diabólica gazela da Vila Pompeia, o agourento perdeu a concentração e, pimba, o vira-lata da sorte sorriu para Daniel Alves e Dunga.
Que pena, quando o Joel já ensaiava um "Go home, Padilha", o time da CBF me acha aquele gol do nada.
Lamentável, amigo da vuvuzela, após fungar quase 90 minutos no cangote dos brasucas, os guerreiros d'África viram a zebra matreira se esconder atrás da moita da savana.
Poxa, Edgar, isso é hora de virar o pescoço para o derrière da vizinha!
Tudo bem, eu entendo, os trajes eram matadores para uma tarde invernosa, o sorriso era de tirar o emprego da Monalisa, mas, poxa, justamente no momento da cobrança de falta, única possibilidade de furar o esquema do nosso Santana.
Sim, compreendo, você havia desgastado o poder de agouro mandando Palmeiras e São Paulo para os seus lares em desalinho, isso tira a concentração. Porém, Edgarzinho querido, era só segurar mais cinco minutos, incluindo os acréscimos, e massacraríamos na prorrogação o modorrento time amarelo.
Uma pena mesmo. Após tanta festa da torcida, uma aula de que a alegria ainda é a prova dos noves, velho Oswald, uma prova de que é se organizando que podemos desorganizar, caro mestre Science.
Lamentamos, seu Joel, logo ontem que mostraste que no futebol não há monoglotas, que a língua da buela é a mais cosmopolita de todas, é o verdadeiro esperanto do planeta.
Quase, hein, papai Joel, quase devolveste as gozações por teu inglês de várzea, mas fluentíssimo dentro das quatro linhas do gramado.
Pô, Edgarzinho amado, não amofina, retoma as forças e se guarda para o domingo. Sei, amigo, você tem aquele velho bode de ex-comunista com os EUA, mas a zebra está acima de qualquer sobra ideológica. Levanta e anda, meu rapaz, e faz fileira com a águia enfurecida do Obama.
Sim, já perdoei pelo vacilo, acontece nas melhores famílias de predadores e rapinas. Verinha estava imbatível com a roupinha de ginástica nas cores do seu (dela) Palmeiras.
Força, amigo corvo, e segue ensinando o emblemático "neverrrmó" caipira ao tio Joel, ele merece, não desanima, temos um Brasileiro inteiro pela frente, segue firme que a nação secadora faz figa e mandinga por todos nós. Não, amigo, nada de demonizar a fêmea por causa do seu descuido, os orixás do futebol também dormiram de touca, fica calmo, a vida é como campeonato baiano -sempre tem turno e returno.

Condoreiros
Como faz mal essa obsessão dos nossos times pela Libertadores da América. Quem cai fora desmonta, manda técnico embora, perde o rumo. Repare o que ocorre com Sport e São Paulo. Sem se falar no Palmeiras, que faz treinos protegido pela PM. É a síndrome do condor nos céus da cordilheira dos Andes. Quando desce, não aguenta o baque e a pressão atmosférica.

xico.folha@uol.com.br


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