São Paulo, domingo, 26 de junho de 2011 |
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TOSTÃO Diálogo imaginário
MANO MENEZES está com dificuldade para dormir. De madrugada, sem saber se estava acordado ou sonhando, no limiar entre a consciência e a inconsciência, de repente, escutou uma voz. Não era familiar nem de alguém da seleção. Seria a voz de seu alter ego ou viria das profundezas da alma, onde habitam as mais estranhas sensações e desejos? Ou a voz seria de um palpiteiro do além? - O que te preocupa? Não precisa ter medo de dizer. Será sigiloso, secreto, como os orçamentos para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. - Esta Copa América será muito difícil. A Argentina joga em casa, não ganha um título há muito tempo e vai jogar em um esquema parecido com o do Barcelona, para facilitar para o Messi. Ele quer mostrar que é tão bom na seleção quanto é no time catalão. O Uruguai também está forte. - Mas os defensores e o goleiro do Brasil são muito melhores que os da Argentina e os do Uruguai. Além disso, Neymar já está entre os melhores do mundo. Ele é tão genial, único, que, mesmo diferente fisicamente e na maneira de jogar dos grandes craques da história, é tão espetacular quanto eles. Neymar é a constatação de que a globalização nunca é completa. É impossível ter um europeu com suas características. Mano concordou aliviado. Porém pensou, racionalizou e disse: - Ainda é cedo para falar isso. Neymar ainda não brilhou contra as grandes seleções e os grandes times do mundo. - Sei que você está em dúvida se escala Robinho e Neymar pelos lados, Ganso e Pato, ou se coloca mais um jogador no meio-campo, que marque e ataque, como Elano, no lugar de Robinho. O Santos atua dessa forma. - Você adivinhou meu pensamento. E ainda tem o Lucas. Esse garoto vai longe. Terei de fazer alguns treinos secretos para testar as opções. - Espero que você não seja um Dunga mais polido, que vê a imprensa como inimiga. A imprensa está aí para informar e opinar, e não para torcer, apesar de alguns gostarem de uma fofoca. Se o Brasil não for campeão e jogar mal, você será muito criticado. O papa-títulos Muricy já está de sobreaviso. - Ahn!?... - Gostei de alguns momentos da seleção sob seu comando, quando o time marcou mais à frente e valorizou a posse de bola. O jogo fica mais bonito e eficiente. Mano, contente com o elogio, dormiu profundamente, com seu livro de cabeceira, "Como Ser um Vencedor", em cima do peito. É a bíblia dos treinadores. Texto Anterior: Argentina: River Plate joga contra desgraça inédita hoje Próximo Texto: Figura rara Índice | Comunicar Erros |
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