São Paulo, domingo, 26 de junho de 2011

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Figura rara

Com ensaio sensual e acusação de atletas homens em campo, a bola é a menor das protagonistas no Mundial feminino que começa hoje

John Macdougall/France Presse
Reprodução de figurinha de jogadora da Guiné Equatorial em
álbum oficial da Copa disponível só na Alemanha


LUCAS REIS
DE SÃO PAULO

No principal campeonato feminino de futebol do mundo, o que mais desperta a atenção não é a bola.
Começa hoje, na Alemanha, a 6ª Copa do Mundo de mulheres. São 16 seleções lutando pelo topo de uma categoria que há 20 anos tenta cativar os amantes do futebol.
Mas que se vê envolta por pinceladas de amadorismo, alguns escândalos, uma "Playboy" de alemãs monopolizando as atenções e uma seleção africana formada por uma base de brasileiras.
Seria difícil, por exemplo, ver na Copa masculina atletas sem clube. Neste Mundial feminino, são quase 30 jogadoras de diversos países -inclusive do Brasil- que não jogam por um clube.
A cerca de um mês do início da Copa, o fato a respeito do Mundial que mais circulava o mundo era o ensaio sensual de jogadoras alemãs.
Aos poucos, outras histórias passaram a chamar a atenção. Por exemplo, a treinadora da Nigéria, Eucharia Uche, declarou guerra à homossexualidade na equipe.
Mas vem da africana Guiné Equatorial, terceira adversária da seleção brasileira na primeira fase, as histórias mais curiosas e polêmicas.
Três atletas do time foram acusadas por Nigéria e Gana de serem homens. Coincidência ou não, a Fifa avisou que exigiria testes para comprovar o gênero antes do Mundial. E a Guiné cortou duas dessas jogadoras suspeitas às vésperas da Copa.
Além disso, a Guiné é chamada pela delegação brasileira de "o time da ONU". Na equipe titular, seis atletas são brasileiras. Há ainda camaronesas, nigerianas e jogadoras de Burkina Fasso.
O técnico, Marcelo Frigério, também é brasileiro.
A mistura de nacionalidades da Guiné é um retrato dos traços mambembes do futebol feminino no Brasil.
Pela internet, Frigério, 40, falou com a Folha. Econômico nas palavras, contou que foi procurado porque a federação da Guiné buscava um brasileiro -o idioma facilitaria o convívio com as atletas.
"Algumas brasileiras que estão aqui falaram de mim."
As primeiras jogadoras conterrâneas chegaram em 2010.
"Ganharam US$ 15 mil para se naturalizarem. É uma pena, são talentos do Brasil que não poderão mais servir a nossa seleção", disse Ademar Fonseca Jr., ex-técnico da seleção brasileira.
Frigério conta que toda a Guiné Equatorial, com seus pouco mais de 600 mil habitantes, está mobilizada e deve parar para assistir seu time enfrentar Marta e cia. "O Brasil não precisa se preocupar com a Guiné.
Aliás, quero que o Brasil vença a Alemanha, que está muito absoluta", disse Frigério.
Procuradas pela reportagem, as jogadoras brasileiras da Guiné informaram que não estão autorizadas a dar entrevistas -só pessoalmente, na sala de imprensa.
Com tamanha falta de marketing, apelo internacional e, no caso do Brasil, desinteresse total, por que assistir ao Mundial feminino?
"É futebol bonito, bem jogado, competitivo", responde Marta, cinco vezes melhor do mundo e grande estrela da Copa da Alemanha.
O slogan do Mundial, por sinal, corrobora a tese dela: "O lado bonito de 2011". Que a beleza do futebol seja o principal assunto da Copa.

NA TV
Alemanha x Canadá
13h Esporte Interativo, Sportv e Sportv HD




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