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RÉGIS ANDAKU
Tem dia que é f...
Não é só o leitor que passa por um dia ruim em quadra. Não tem jeito: tem dias que, para ficar bom, só amanhã
"QUE DIA maravilhoso!" Deve ter sido o pensamento
de Andy Roddick ao entrar na quadra principal do Foro Itálico para sua estréia no Masters Series de Roma, naquela terça preguiçosa, início de maio.
O sol já aparecia alto, brilhante,
perto da hora do almoço, mas sem
arder ou incomodar.
O boné que Roddick usava parecia
ser mais por hábito do que por necessidade.
Roddick bocejou e, com preguiça,
parecia pelo menos, começou a se
alongar. Quem o via poderia imaginar que o tenista mais estava aproveitando o sol do que se preparando
para um jogo sério.
Só depois entrou o rival, Guillermo Cañas. Tamanha informalidade
se explica: nesse dia da preguiça, o
Masters Series mais parecia torneio
de clube: silêncio na quadra, meia
dúzia de gatos vendo o jogo.
Se pudessem, Cañas e Roddick
trocariam a quadra por um gramado, para deitar e dormir. A lentidão
do primeiro set se arrastou até o tie-break, quando, então, golpes mais
consistentes surgiram. Deu Cañas.
O segundo set trouxe o despertar
dos tenistas. Perdendo, Roddick decidiu que sacaria e subiria à rede. Sacou de um lado, de outro, aberto, fechado, e cansou de levar passada.
Decidiu disputar mais cada ponto
no fundo da quadra: de um lado, do
outro, era dominado pela familiaridade do rival com saibro. Roddick
tropeçava, caía, levantava-se sujo,
ainda mais incomodado e furioso.
Roddick virou o boné, depois tirou, atirou no chão, depois voltou a
usar com a aba para trás. Nada funcionava. Usou um palavrão bem baixinho, depois berrou outro palavrão,
depois reclamou de si mesmo, sério,
e por fim começou a fazer ironia sobre si próprio ("Você é grande! Um
grande babaca!", chegou a falar, baixinho). Depois trocou de raquete, jogou a nova raquete no chão, fez malabarismo com ela, e nada.
Cañas 6/1, Roddick eliminado, em
um dos dias mais belos daquela primavera romana.
Na semana passada, Marat Safin
também passou por seu dia de cão.
Ex-número um, se viu frente a
frente com Wesley Whitehouse, sul-africano que já tem 27 anos e nunca
chegou perto de brilhar. Numero
512 do ranking, vira e mexe Whitehouse pensa em parar, ciente de que
não tem aptidão para o tênis de alto
nível -seu melhor ranking foi 214.
Mas aí Safin sacava de um lado, de
outro, aberto, fechado, mudava o ritmo, avançava, recuava, xingava em
russo, espanhol e inglês, e nada. Então bateu com a raquete na cabeça,
depois jogou a raquete no chão, e nada. Nada deu certo, definitivamente.
Whitehouse, 6/1 e 6/ 4.
Vê-se, portanto, que não apenas o
nobre leitor que passa por seu dia
ruim na quadra, aquele jogo em que,
não adianta, nada dá certo.
O americano Roddick, o russo Safin e outras estrelas também passam
por isso. Não tem jeito: tem dias em
que, para ficar bom, só amanhã.
PELOS ESTADOS UNIDOS
André Agassi começou sua turnê
de despedida. Nesta semana, ele joga em Los Angeles. O careca já
anunciou que pára depois do Aberto dos EUA, em setembro.
EM CAMPOS DO JORDÃO
Em inédita final argentina, Maria
José Argeri bateu Bettina Jozami
por 2 a 1, de virada, e ficou com o título da Credicard MasterCard Tennis Cup. Jenifer Widjaja, a melhor
brasileira, caiu nas semifinais.
AINDA EM CAMPOS
Nesta semana, é a vez de os homens
disputarem a Credicard MasterCard Tennis Cup, evento da série
challenger. André Sá defende o título do ano passado, e Ricardo Mello, convidado da organização, é outro destaque. Os jogos são disputados no Campos do Jordão Tênis Clube, com entrada franca.
reandaku@uol.com.br
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