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Técnico do Pinheiros inova, e Brasil nada peito
Arílson Soares copia técnica de nadadores de ponta na internet e a repassa para seus pupilos que vão disputar o Mundial de Roma
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A ROMA
Para quem se acostumou
com as medalhas de Gustavo
Borges e Fernando Scherer, soa
estranho: o recordista mundial
e o mais numeroso grupo de
atletas da seleção brasileira em
Roma nadam o estilo peito.
O nado menos desenvolvido
do Brasil, tido como calcanhar
de aquiles da natação nacional,
sofreu uma revolução nos últimos anos. E parte do sucesso
tem um nome: Arílson Soares.
O treinador do Pinheiros se
especializou no estilo e iniciou
um trabalho diferente no Brasil. Seus atletas foram separados dos colegas de treino e ganharam atenção especial.
Na internet, cavou imagens
dos principais nomes do mundo e, com a ajuda da biomecânica, dissecou seus nados. Usou o
que descobriu para aprimorar
os movimentos dos pupilos.
O principal resultado apareceu no Troféu Maria Lenk, em
maio. Felipe França, que tivera
participação apagada em Pequim-2008, cravou o tempo
mais rápido do mundo nos
50 m peito -26s89. Chega ao
Mundial favorito ao ouro.
"Foi uma realização para
mim", afirma Soares. "Sei o
quanto é ruim perder, por isso
pesquiso muito o que é necessário para ganhar", completa.
Soares foi um nadador razoável no borboleta e no livre. Logo
percebeu que teria mais talento
em pé, na borda da piscina.
A especialização no nado peito aconteceu em 2000. O estilo
é tido como o mais técnico da
natação e é um dos menos apreciados nas escolinhas.
"É mais difícil, tem muito detalhe. Além disso, o nadador de
peito é mais lento, sempre atrapalha quem está mais rápido na
raia, dá pernada. Achamos que
seria melhor separar esse grupo", afirma o treinador.
Para o Mundial de esportes
aquáticos de Roma, Soares leva
seis de seus pupilos: Tatiane
Sakemi, Carolina Mussi, Ana
Carla Carvalho, Felipe França,
João Jr. e Tales Cerdeira.
O sétimo nadador de peito da
equipe é Henrique Barbosa, radicado na França, mas que defende o Pinheiros no Brasil.
Carolina e Tatiane estreiam
amanhã, nadando os 100 m peito. João Jr. e Barbosa já nadariam nesta madrugada.
Além do trabalho na piscina,
Soares tenta manter uma relação estreita com os atletas. Costuma sair com os nadadores.
"Ele se preocupa com os atletas dentro e fora da piscina. Ele
me ajudou a gostar de ler, indica livros", observa Tatiane.
"Geralmente, as indicações são
de acordo com o que você está
passando, livros que possam
ajudar a resolver problemas."
O treinador também tenta
criar estratégias para motivar
sua equipe. Antes do Maria
Lenk, mostrou um vídeo aos
atletas. Saiu da piscina carioca
com seis índices para Roma.
"Queríamos mostrar que eles
não podem parar antes do corpo. Às vezes, a cabeça desiste,
mas o corpo ainda tem algo para dar", explica o técnico.
Em outra competição, apelou para tática menos filosófica.
Ao ver que a equipe estava "para baixo", mandou todos pintarem a cara e criarem um haka,
misto de dança e gritos maori
conhecido pela performance de
intimidação feita pela seleção
de rúgbi da Nova Zelândia.
NA TV - Mundial de natação
Sportv, ao vivo, às 13h
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