São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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Técnico do Pinheiros inova, e Brasil nada peito

Arílson Soares copia técnica de nadadores de ponta na internet e a repassa para seus pupilos que vão disputar o Mundial de Roma

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A ROMA

Para quem se acostumou com as medalhas de Gustavo Borges e Fernando Scherer, soa estranho: o recordista mundial e o mais numeroso grupo de atletas da seleção brasileira em Roma nadam o estilo peito.
O nado menos desenvolvido do Brasil, tido como calcanhar de aquiles da natação nacional, sofreu uma revolução nos últimos anos. E parte do sucesso tem um nome: Arílson Soares.
O treinador do Pinheiros se especializou no estilo e iniciou um trabalho diferente no Brasil. Seus atletas foram separados dos colegas de treino e ganharam atenção especial.
Na internet, cavou imagens dos principais nomes do mundo e, com a ajuda da biomecânica, dissecou seus nados. Usou o que descobriu para aprimorar os movimentos dos pupilos.
O principal resultado apareceu no Troféu Maria Lenk, em maio. Felipe França, que tivera participação apagada em Pequim-2008, cravou o tempo mais rápido do mundo nos 50 m peito -26s89. Chega ao Mundial favorito ao ouro.
"Foi uma realização para mim", afirma Soares. "Sei o quanto é ruim perder, por isso pesquiso muito o que é necessário para ganhar", completa.
Soares foi um nadador razoável no borboleta e no livre. Logo percebeu que teria mais talento em pé, na borda da piscina.
A especialização no nado peito aconteceu em 2000. O estilo é tido como o mais técnico da natação e é um dos menos apreciados nas escolinhas.
"É mais difícil, tem muito detalhe. Além disso, o nadador de peito é mais lento, sempre atrapalha quem está mais rápido na raia, dá pernada. Achamos que seria melhor separar esse grupo", afirma o treinador.
Para o Mundial de esportes aquáticos de Roma, Soares leva seis de seus pupilos: Tatiane Sakemi, Carolina Mussi, Ana Carla Carvalho, Felipe França, João Jr. e Tales Cerdeira.
O sétimo nadador de peito da equipe é Henrique Barbosa, radicado na França, mas que defende o Pinheiros no Brasil.
Carolina e Tatiane estreiam amanhã, nadando os 100 m peito. João Jr. e Barbosa já nadariam nesta madrugada.
Além do trabalho na piscina, Soares tenta manter uma relação estreita com os atletas. Costuma sair com os nadadores.
"Ele se preocupa com os atletas dentro e fora da piscina. Ele me ajudou a gostar de ler, indica livros", observa Tatiane. "Geralmente, as indicações são de acordo com o que você está passando, livros que possam ajudar a resolver problemas."
O treinador também tenta criar estratégias para motivar sua equipe. Antes do Maria Lenk, mostrou um vídeo aos atletas. Saiu da piscina carioca com seis índices para Roma.
"Queríamos mostrar que eles não podem parar antes do corpo. Às vezes, a cabeça desiste, mas o corpo ainda tem algo para dar", explica o técnico.
Em outra competição, apelou para tática menos filosófica. Ao ver que a equipe estava "para baixo", mandou todos pintarem a cara e criarem um haka, misto de dança e gritos maori conhecido pela performance de intimidação feita pela seleção de rúgbi da Nova Zelândia.


NA TV - Mundial de natação
Sportv, ao vivo, às 13h




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