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NEGÓCIOS
Especialista diz que torcedor virou consumidor
TV e fãs explodem
salários no esporte
FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local
Em 1983, quando Michael Jordan pisou pela primeira vez uma
quadra de basquete como jogador
profissional, o salário médio na
NBA era de US$ 200 mil por ano.
Na temporada passada, que pode ter sido a última na carreira do
superastro do Chicago Bulls, um
jogador mediano da liga norte-americana de basquete profissional
embolsou em média cerca de US$
2,6 milhões.
Um aumento salarial de 1.200%
em 14 anos. Difícil de digerir
quando se vive no Brasil. Nesse
mesmo período, o salário mínimo
no país, computadas as correções
da inflação, recuou 37,5%.
A explosão salarial no esporte é
generalizada. Entre os dez esportistas mais bem pagos do mundo,
segundo a revista "Forbes", três
são jogadores de basquete, outros
três, lutadores de boxe, dois pilotam carros de corrida, um joga hóquei no gelo e outro, golfe.
O último lance nessa escalada foi
dado há duas semanas, na renovação do contrato do alemão Michael Schumacher com a Ferrari.
Até 2002, o bicampeão da F-1 receberá, por ano, US$ 31,8 milhões
em salários e US$ 3,8 milhões para
representar a marca italiana. Ainda ganhará mais US$ 10 milhões
em contratos de patrocínio.
Qual a explicação para um aumento tão brutal do contracheque? "Em primeiro lugar, a TV",
diz, convicto, Jim Andrews, 33, vice-presidente da IEG (International Events Group), organização
norte-americana de consultoria
em marketing esportivo, que se
dedica exclusivamente à pesquisa
de valores na área.
Em entrevista à Folha, de seu escritório em Chicago (EUA), Andrews apontou a intensificação no
televisionamento de eventos esportivos como responsável pela
escalada no salário dos esportistas.
Televisão
"O aumento do número de canais de TV gerou uma concorrência muito grande pelos direitos de
transmissão de qualquer competição esportiva", declarou.
Isso, para ele, detonou um efeito
dominó. Entidades esportivas começaram a pedir mais pelos jogos.
Em consequência, os times passaram a querer uma fatia maior do
bolo a que tinham direito.
E os atletas, enfim, entraram na
festa, exigindo salários cada vez
mais altos para entrar em jogo.
"Acabou virando um negócio
bastante rentável para todos", explica Andrews. "As TVs só entraram nesse esquema porque sabem
que podem pedir alto pelos anúncios. Fecha o ciclo."
A segunda explicação, de acordo
com o especialista norte-americano, é a mudança no tratamento
conferido a fãs e torcedores.
"Esses fãs hoje são vistos como
consumidores. Colocam muito dinheiro no esporte, comprando o
perfume do Michael Jordan, o livro do Tiger Woods ou a camisa
do Ronaldinho, e isso acaba chegando aos atletas."
A pesquisa da "Forbes", publicada em 97, coloca Jordan como o
esportista mais bem pago do mundo (veja quadro).
Em seguida, vêm Evander Holyfield e Oscar de la Hoya (lutadores
de boxe), Schumacher, Mike
Tyson (lutador de boxe), Tiger
Woods (golfista), Shaquille
O'Neal (jogador de basquete), Dale Earnhardt (piloto da Nascar),
Joe Sakic (jogador de hóquei) e
Grant Hill (jogador de basquete).
Alguns, como Woods, não têm
salário fixo. Fazem fortuna com
prêmios por desempenho em torneios e a venda de imagens para
campanhas publicitárias.
Perto deles, o brasileiro
Ronaldinho é apenas um
membro a mais do clube. E
que deve começar a frequentar a relação dos esportistas milionários na pesquisa deste ano da revista.
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