São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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VÔLEI

Fim de uma era

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Chegou a hora. Sexta começa o Mundial feminino, o maior desafio da temporada. A competição deve marcar o fim de uma era dominada pelas cubanas. Com uma nova geração, Cuba já não tem um time tão poderoso como o que conquistou os dois últimos títulos mundiais.
O poder agora está com as gigantes da Rússia. Basta dar uma olhadinha no retrospecto da turma comandada pelo técnico Nikolai Karpol. No ano passado, as russas foram tricampeãs européias. Nesta temporada, já conquistaram dois grandes títulos: Volley Masters e Grand Prix.
O time tem o jogo baseado na força do ataque e do bloqueio. Conta com jogadoras com ataque muito pesado: Evguênia Artamanova, Elizaveta Tichtchenko e a gigante Ekaterina Gamova, de 2,05 m. Com uma média de altura das titulares de 1,90 m, fica difícil passar pelo paredão russo.
Vale lembrar que a Rússia, já comandada por Karpol, foi a última a conquistar um título mundial (em 90) e olímpico (88) antes do domínio cubano. Na época, o time tinha uma levantadora espetacular, Irina Parkhamchuk.
No Mundial de 90, as russas venceram as chinesas na final por 3 sets a 1, e Irina foi eleita a melhor jogadora do torneio. O declínio do império russo e a ascensão do cubano coincidem com a saída de Irina da seleção. Ela brigou com Karpol, passou a jogar pela Croácia, casou-se e mudou o nome para Irina Kirillova.
Até os Jogos de Sydney, o Mundo de vôlei feminino era dominado por quatro seleções: Cuba, Rússia, Brasil e China. Como você sabe, no período de 92 a 2000, as cubanas sempre estiveram um degrau acima. Agora, no Mundial da Alemanha, deve ser traçada uma nova geografia no vôlei.
A China passou por uma reformulação nos dois últimos anos e tem tudo para continuar no "grupo dos quatro". Na temporada passada, já conquistou o título da Copa dos Campeões. No último Grand Prix, ficou em segundo lugar. A idade média do time é 22 anos. O destaque é a central Riuriu Zhao, de 1,96 m.
Brasil e Cuba são os enigmas. As duas seleções passam por momentos semelhantes: renovação total e uma nova geração assumindo o poder. No Grand Prix, com uma base praticamente juvenil, o time brasileiro surpreendeu e conseguiu ficar em quarto lugar. No Mundial, será mais difícil repetir a façanha.
A chave do Brasil só tem um grande time, a China. Os outros integrantes são Polônia, Grécia, Austrália e Tailândia. A decisão do segundo lugar já deve ser na estréia, nesta sexta-feira, no confronto entre brasileiras e polonesas. Classificam-se para outra fase três times de cada grupo.
Já Cuba, sétima colocada no último Grand Prix, terá o reforço da central Regla Torres, tricampeã olímpica em Sydney. Mas o time é muito jovem. Entre as titulares, há duas jogadoras de 16 anos: Yanelis Santos e Nancy Carrillo.
O maior problema da equipe, que joga no sistema 4 x 2, são as duas novas levantadoras. Liana Mesa e Anniara Munoz têm dado prejuízo à equipe.
Diante desse quadro, a Itália é a grande candidata a integrar o novo "grupo dos quatro". O time, dirigido pelo técnico Marco Bonitta, tem conseguido os melhores resultados de sua história. No ano passado, foi vice-campeão europeu. Neste ano, foi vice-campeão da Volley Masters.

A recuperação
A atacante Jaqueline, da equipe do BCN/Osasco, volta a treinar com bola na segunda quinzena de setembro. A jogadora, dispensada da seleção brasileira por causa de problemas de circulação na mão, chegou a ficar dez dias hospitalizada tomando anticoagulantes. Os últimos exames indicaram que a circulação já está normal. O teste final será quando a atleta voltar aos treinos. Jaqueline é uma das revelações do vôlei no país: no ano passado, foi eleita a melhor jogadora do Mundial Juvenil.

Violência
O técnico José Roberto Guimarães, campeão olímpico nos Jogos de Barcelona-92, levou um susto na última semana. Ao sair de um treino do BCN acompanhado por integrantes da sua comissão técnica, foi assaltado no estacionamento do ginásio José Liberatti, em Osasco. O bom é que ninguém foi ferido, mas o técnico teve o celular e o carro roubados.

E-mail cidasan@uol.com.br



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