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FUTEBOL
O Maracanã viu o futuro
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Por que certos clichês se eternizam? Resposta: porque a
realidade insiste em renovar seu
prazo de validade.
Existe chavão mais surrado que
"Quem não faz toma"?
O São Paulo e o Santos, no entanto, mostraram nesta rodada
que não há no futebol verdade
mais verdadeira.
No sábado, o São Paulo vencia
o Inter por 2 a 1 e dominava amplamente a partida no Beira-Rio.
Perdeu, nos pés de Reinaldo e Oliveira, dois gols feitos e cedeu o
empate no último minuto. Cruel.
Ontem, os "meninos da Vila"
foram ao Maracanã (muitos deles pela primeira vez na vida) e
tomaram conta do jogo. Venciam
por 1 a 0 e tiveram várias chances
para ampliar, incluindo duas bolas na trave e inúmeras boas defesas de Murilo. Não deu outra: no
último segundo dos acréscimos,
no abafa, o Fluminense empatou.
Mais cruel ainda.
Não sou santista nem tenho nada contra o Fluminense, mas lamentei muito o gol sofrido pelo
Santos. Sabe por quê? Porque o time da Vila Belmiro fez, a meu
ver, uma partida brilhante.
Marcando por pressão em todo
o campo desde o início da partida, os santistas deixaram poucas
chances para o Fluminense jogar.
Tanto que, no primeiro tempo,
praticamente as únicas oportunidades tricolores foram em chutes
de fora da área.
Quando recuperava a posse de
bola, o Santos logo chegava perto
da área do Flu, graças à habilidade e à velocidade de seus principais jogadores, Diego e Robinho.
Leão parece estar tirando o máximo proveito da juventude de
seu elenco. É um time que, sem a
bola, aplica-se na marcação e,
bem postado em campo, fica com
quase todos os rebotes e bolas espirradas. Com a bola nos pés, os
garotos são rápidos e atrevidos.
O resultado disso é pressão,
bombardeio e adversário desnorteado. Um futebol bonito e bastante empolgante.
O que mais impressionou, no jogo de ontem, foi a tranquilidade
com que os meninos da Vila enfrentaram Romário e companhia
lá na casa deles.
Um exemplo foi o gol santista.
Robinho teve calma para driblar
duas vezes o zagueiro tricolor antes de tocar de leve para trás para
a conclusão precisa de Diego.
Este último é um caso à parte.
Tem a disposição e a insolência
de um juvenil aliadas à técnica e
à visão de jogo de um veterano.
Mas claro que ainda não está totalmente maduro.
Um exemplo de individualismo
e precipitação de Diego foi uma
arrancada que deu no primeiro
tempo, pela meia esquerda. Ao
entrar na área, tinha Robinho à
sua esquerda e Alberto à direita,
livres para marcar. Preferiu dar
mais um drible, foi desarmado
por um adversário que veio por
trás e o lance foi desperdiçado.
Além disso, os jogadores santistas mostraram falhas de pontaria
e potência nas finalizações. Mas a
quantidade e a variedade de boas
jogadas que produziram foram
de encher os olhos. Quem foi ao
Maracanã para ver Romário acabou vendo Diego e Robinho, os
craques do futuro. Ao que tudo
indica, ainda vamos ouvir falar
muito desses garotos.
O técnico Flávio Teixeira, o
Murtosa, do Palmeiras, teve ontem seu verdadeiro batismo de fogo, ao ver seu time ser goleado em
pleno Parque Antarctica pelo arrasador Atlético-MG. Pode ser só
um acidente de percurso ou o início da queda de "Felipinho".
Gol da rodada
Para aumentar o desespero
alviverde, o arqui-rival Corinthians venceu de virada o
Coritiba fora de casa. Não vi o
jogo, mas o gol de Genílson,
do Coritiba, depois de uma
vertiginosa troca de passes,
foi, na minha opinião, o mais
bonito da rodada.
Revisão de Eurico
O Vasco, com seis reservas
em campo, bateu o Goiás em
Goiânia. Vai ver que eles é
que deveriam ser titulares.
Na quinta-feira, ao ser derrotado pelo Gama em São Januário, o time ouviu coros
contra Eurico Miranda, chamado de "ladrão" e "um sete
um" pela torcida. Já é um
avanço. Um ano atrás, quando alguém criticava o controvertido dirigente, os torcedores vascaínos saíam em sua
defesa, dizendo que atacar
Eurico era atacar o Vasco. Vivendo e aprendendo. Ou seria mais correto dizer "apanhando e aprendendo"?
E-mail jgcouto@uol.com.br
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