DA REPORTAGEM LOCAL

Daiane dos Santos diz ter pressentido a vitória. Ela lembra que Bela Karoly, técnico de Nadia Comaneci, primeira atleta a tirar dez na ginástica, dizia sempre ganhar medalha quando encontrava uma moeda no caminho para a competição. "E encontrei duas moedas."
A atleta disse à Folha que a medalha olímpica já não é um sonho distante. (CCP)  

Folha - O que você ouvia durante a prova?
Daiane dos Santos - Só ouvia os técnicos gritando para que ficasse calma. Por mais que falasse que não, estava nervosa. Mas, pela torcida e pela minha apresentação, sabia que poderia vencer.

Folha - Como foi criado o duplo twist carpado?
Daiane - Desenvolvi com o Oleg [Ostapenko], durante os treinos. Como fiquei fora um tempo [por lesão no joelho], praticamente ele foi consolidado neste ano.

Folha - Amanhã [hoje] faz dois meses que você operou o joelho. Como sabia que teria condições de atuar?
Daiane - Não tinha certeza. Só sabia que, se não operasse, meu joelho iria travar no Pan ou no Mundial. Como está dolorido, decidimos que eu não competiria na trave, pois poderia me tirar das outras provas.

Folha - O que mudou da menina que foi descoberta em uma praça de Porto Alegre?
Daiane - Amadureci. Mas, da mesma forma, brinco hoje. Para mim, a ginástica é uma gostosa brincadeira. Agora disputarei a Olimpíada e tentarei surpreender. O ouro ajudará a seleção e permitirá que a gente chegue a Atenas com outro status.

Folha - E fora da ginástica?
Daiane - Namorar, agora? Nem pensar. Quero ir para minha casa e, depois, voltar com tudo para a ginástica. Pois o mais difícil vem agora: manter a boa performance.

Folha - Você está no auge?
Daiane - Pelo resultado, sim. Mas treino só há nove anos. É pouco. Eu comecei com 10, 11 anos, a maioria começa aos cinco, seis. Mas eu consegui medalha no Mundial, então não é impossível na Olimpíada.


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