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FUTEBOL
Em situação financeira melhor que o arqui-rival, clube de Mustafá Contursi não se ilude mais com grandes parcerias
Palmeiras, 90, comemora o "pé no chão"
DA REPORTAGEM LOCAL
O Palmeiras comemora hoje 90
anos e celebra a política de redução de custos introduzida pelo
clube no futebol brasileiro. Enquanto os arqui-rivais corintianos desejam dólares estrangeiros,
a agremiação do Parque Antarctica esnoba parcerias.
"Parceria não é só arrumar alguém para bancar os seus gastos.
Não podemos jamais perder o
controle do clube", diz Mustafá
Contursi, presidente licenciado
do Palmeiras -o cargo está sendo exercido pelo vice-presidente
Affonso Della Monica.
O clube, que protagonizou nos
anos 90 a pioneira co-gestão no
futebol brasileiro com a Parmalat,
atualmente vive tempos de ""vacas
magras". Após a saída da empresa
italiana do Parque Antarctica em
2000, Contursi iniciou a era conhecida como "bom e barato".
As estrelas sumiram, e o gasto
com o futebol foi reduzido drasticamente. "O Palmeiras com 90
anos está com mais energia, com
saúde financeira e crescimento
patrimonial", diz Contursi.
O modelo dele foi seguido pela
maioria dos clubes do país devido
a crise financeira. Os parceiros
milionários desapareceram.
Aos palmeirenses, em especial,
a redução de custos com o futebol
teve um alto preço: o jejum de títulos importantes e a pior crise da
história do clube nos gramados.
Ao final de 2002, o time foi rebaixado para a Série B do Brasileiro,
exatamente dez anos depois de
mergulhar em um dos períodos
mais vitoriosos de sua história
com a Parmalat.
Foi três vezes campeão paulista,
duas vezes brasileiro e uma da Taça Libertadores, em 1999.
A importância da multinacional
é tão relevante que os palmeirenses, nos últimos 28 anos, só levantaram taças expressivas enquanto
tiveram suporte dos italianos.
Até a entrada da Parmalat, o
clube experimentou jejum de 16
anos sem títulos. A última conquista, antes do Estadual de 1993,
fora o Paulista de 1976.
Pouco antes, a equipe viveu sua
época mais esplendorosa nas décadas de 60 e 70 com a chamada
"Academia", simbolizada pelo
meia Ademir da Guia.
Outro grande momento do Palmeiras foi a conquista da Copa
Rio, em 1951, encarada por seus
torcedores como a conquista de
um Mundial de Clubes.
"Foi sem dúvida um campeonato mundial, e a importância dela
também se dá porque conseguimos resgatar a confiança do futebol brasileiro, abalada pela perda
da Copa de 1950", afirma Contursi, que também cita a alteração do
nome de Palestra Itália para Palmeiras, em 1942, como um dos
dois mais importantes momentos
da história da agremiação.
"Com a mudança de nome,
abrimos as portas para uma cidade cosmopolita como São Paulo."
Agora, sem estrelas, o Palmeiras
busca se fortalecer com as próprias pernas. O centro de treinamento para as categorias de base,
com cinco campos, na rodovia
Ayrton Senna, é a maior esperança para novos títulos e bons negócios, como o de Vágner Love, vendido para o futebol russo.
Por isso, o único parceiro que
procura atualmente será para o
Parque Antarctica, que deve ter
em breve a ampliação da arquibancada e uma nova entrada para
a torcida.
(EDUARDO ARRUDA)
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