São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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RODRIGO BUENO

Constantinopla

Mercado turco mexe com o futebol brazuca como nunca, mas continua como um lado B no mundo da bola

A TURQUIA virou repentinamente moda para brasileiros ou para estrangeiros que atuam no Brasil. Alex, Fábio Luciano, Kleberson, Lugano, Marco Aurélio, Ricardinho... Assim, o espaço na mídia nacional para o futebol turco nunca foi tão grande, ainda mais com o técnico Zico no Fenerbahce.
Há alguns anos, com o empurrão de alguns empresários e assessores de imprensa, começaram a ser explorados alguns novos mercados, como o russo, o ucraniano e o sul-coreano. A Turquia, que quase levou agora o bom Ricardo Oliveira, soa como ""bola da vez", mas a situação lá não é a de um eldorado da bola.
Não há um crescimento de novos clubes, uma injeção consistente de dinheiro por parte de empresas ou magnatas, uma liga competitiva. O cenário se resume aos três tradicionais times de Istambul. O Campeonato Turco segue como uma inchada liga (18 times), que, na verdade, é uma disputa de uma cidade só. Desde 1984, com o Trabzonspor, não vemos alguém romper o ""Trio de Ferro" do país. O Galatasaray, time mais rico (tem até ilha), não vem apostando em brazucas. Isso mesmo com seu pioneirismo, pois levou a Copa da Uefa em 2000 com Taffarel, Capone e Mixirica. A ascensão do futebol turco é visível desde o fim do século 20, mas as aparições de sucesso na Europa, no que se refere a clubes, pararam ainda em 2000 com a Supercopa ganha pelo Galatasaray.
O Fenerbahce, clube mais popular e o que está mais turbinado agora, não se classificou nem para a fase de grupos da Copa dos Campeões. Sem Lugano, que não foi inscrito a tempo, ficou no 2 a 2 com o Dinamo de Kiev na fase eliminatória. Muitos perguntam o que um zagueiro de nível internacional como Lugano foi fazer na Turquia ou por que o talentoso Alex e o pentacampeão Kleberson jogam lá. Uma leitura (o termo virou moda) inicial pode apontar para um mercado fortalecido, mas a verdade é que ninguém no auge escolhe a Turquia. A liga turca é, no jargão jornalístico, calhau. Quem é supostamente atleta de ponta e joga lá é porque não achou algo melhor.
Taffarel foi herói naquele país só em fim de carreira. Os brazucas que atuam hoje na Turquia não são do nível de Capone e Mixirica, mas Ricardinho, também penta, se arrasta faz tempo (""fugiu" do Corinthians para o Besiktas, a terceira ""força") e foi um fiasco em outras aventuras européias. Alex mesmo faz os seus golaços (sempre fez) na liga turca porque não vingou a ponto de estar em um gigante espanhol, inglês ou italiano -nem seu amigo Felipão o levou para a Copa de 2002.
A situação mudou muito na Turquia desde que soldados do então império otomano prenderam praticantes de futebol no século 19 porque esses tinham camisas diferentes (uniformes), uma bola (confundida com as usadas em canhões) e um livro de regras do esporte (visto como leitura subversiva). Mas não mudou tanto desde o final do século 20.

TÉCNICOS
Zico, ainda um treinador que precisa provar muita coisa, começou com significativo tropeço seu trabalho no Fenerbahce. Parreira, pós-tetracampeonato mundial, atuou na Turquia com bem mais prestígio. Lazaroni, sem prestígio por aqui, ainda está cotado por lá a ponto de agradar ao Trabzonspor.

CLUBES
Sem times turcos, temos alguns outros candidatos a zebras na Copa dos Campeões. O alemão Werder Bremen (com Diego em boa fase) pode atrapalhar o grupo dos favoritos Barcelona e Chelsea. Mas o dinamarquês Copenhagen (que eliminou o Ajax) e o russo CSKA (base da seleção de Dunga) são sérios candidatos a possíveis surpresas positivas. O Milan, que não deveria estar na disputa originalmente, já está no mata-mata. Bela punição.


rbueno@folhasp.com.br

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