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RODRIGO BUENO
Constantinopla
Mercado turco mexe com o futebol brazuca como nunca,
mas continua como um
lado B no mundo da bola
A TURQUIA virou repentinamente moda para brasileiros
ou para estrangeiros que
atuam no Brasil. Alex, Fábio Luciano, Kleberson, Lugano, Marco Aurélio, Ricardinho... Assim, o espaço
na mídia nacional para o futebol turco nunca foi tão grande, ainda mais
com o técnico Zico no Fenerbahce.
Há alguns anos, com o empurrão
de alguns empresários e assessores
de imprensa, começaram a ser explorados alguns novos mercados,
como o russo, o ucraniano e o sul-coreano. A Turquia, que quase levou
agora o bom Ricardo Oliveira, soa
como ""bola da vez", mas a situação lá
não é a de um eldorado da bola.
Não há um crescimento de novos
clubes, uma injeção consistente de
dinheiro por parte de empresas ou
magnatas, uma liga competitiva. O
cenário se resume aos três tradicionais times de Istambul. O Campeonato Turco segue como uma inchada liga (18 times), que, na verdade, é
uma disputa de uma cidade só. Desde 1984, com o Trabzonspor, não vemos alguém romper o ""Trio de Ferro" do país. O Galatasaray, time mais
rico (tem até ilha), não vem apostando em brazucas. Isso mesmo com
seu pioneirismo, pois levou a Copa
da Uefa em 2000 com Taffarel, Capone e Mixirica. A ascensão do futebol turco é visível desde o fim do século 20, mas as aparições de sucesso
na Europa, no que se refere a clubes,
pararam ainda em 2000 com a Supercopa ganha pelo Galatasaray.
O Fenerbahce, clube mais popular
e o que está mais turbinado agora,
não se classificou nem para a fase de
grupos da Copa dos Campeões. Sem
Lugano, que não foi inscrito a tempo, ficou no 2 a 2 com o Dinamo de
Kiev na fase eliminatória. Muitos
perguntam o que um zagueiro de nível internacional como Lugano foi
fazer na Turquia ou por que o talentoso Alex e o pentacampeão Kleberson jogam lá. Uma leitura (o termo
virou moda) inicial pode apontar para um mercado fortalecido, mas a
verdade é que ninguém no auge escolhe a Turquia. A liga turca é, no
jargão jornalístico, calhau. Quem é
supostamente atleta de ponta e joga
lá é porque não achou algo melhor.
Taffarel foi herói naquele país só
em fim de carreira. Os brazucas que
atuam hoje na Turquia não são do
nível de Capone e Mixirica, mas Ricardinho, também penta, se arrasta
faz tempo (""fugiu" do Corinthians
para o Besiktas, a terceira ""força") e
foi um fiasco em outras aventuras
européias. Alex mesmo faz os seus
golaços (sempre fez) na liga turca
porque não vingou a ponto de estar
em um gigante espanhol, inglês ou
italiano -nem seu amigo Felipão o
levou para a Copa de 2002.
A situação mudou muito na Turquia desde que soldados do então
império otomano prenderam praticantes de futebol no século 19 porque esses tinham camisas diferentes
(uniformes), uma bola (confundida
com as usadas em canhões) e um livro de regras do esporte (visto como
leitura subversiva). Mas não mudou
tanto desde o final do século 20.
TÉCNICOS
Zico, ainda um treinador que
precisa provar muita coisa, começou com significativo tropeço seu
trabalho no Fenerbahce. Parreira,
pós-tetracampeonato mundial,
atuou na Turquia com bem mais
prestígio. Lazaroni, sem prestígio
por aqui, ainda está cotado por lá a
ponto de agradar ao Trabzonspor.
CLUBES
Sem times turcos, temos alguns
outros candidatos a zebras na Copa
dos Campeões. O alemão Werder
Bremen (com Diego em boa fase)
pode atrapalhar o grupo dos favoritos Barcelona e Chelsea. Mas o dinamarquês Copenhagen (que eliminou o Ajax) e o russo CSKA (base
da seleção de Dunga) são sérios
candidatos a possíveis surpresas
positivas. O Milan, que não deveria
estar na disputa originalmente, já
está no mata-mata. Bela punição.
rbueno@folhasp.com.br
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