São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dunga dá recado a Luxemburgo

Bronze na China, treinador lembra que técnico do Palmeiras voltou de Sydney-2000 sem medalha

Capitão do tetra avisa que dificuldades da seleção, que amarga a quinta colocação nas eliminatórias para a Copa de 2010, persistirão


Fernando Pilatos/Gazeta Press/Folha Imagem
O técnico Dunga, no desembarque ontem em Cumbica, onde declarou que o sofrimento da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa de 2010 continuará

TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um técnico preparado para o assédio dos jornalistas e sem medo de perder o emprego.
Esse foi o perfil mostrado por Dunga ao desembarcar ontem pela manhã no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, no seu retorno ao país depois do bronze na Olimpíada.
Ao ser cercado pelos jornalistas no saguão, o treinador defendeu o trabalho feito para os Jogos de Pequim, mas criticou o planejamento feito em busca do ouro olímpico.
"Trabalhamos pela medalha de ouro, mas o bronze não é decepcionante. Tivemos duas semanas de preparação contra equipes que se organizaram por mais de um, dois e até quatro anos", falou o treinador.
Dunga aproveitou também para criticar o treinador do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo, um dos postulantes a seu cargo, quando o assunto foi sua permanência. "Ele [Luxemburgo] é competente, já esteve lá. Teve um bom tempo de preparação [para os Jogos de Sydney-2000] e não trouxe medalha."
Dunga externou ainda problemas que teve de enfrentar às vésperas dos Jogos e que, segundo ele, não interferiram no ambiente da seleção.
"Antes, sabia com quem ia contar. Depois, perdi jogadores certos. Depois, recebemos cartas que ameaçavam suspender os jogadores caso atuassem pela seleção e até multá-los. É difícil trabalhar assim. Mas isso não afetou o grupo", falou o treinador, que considera a missão do ouro olímpico mais complicada do que conquistar uma Copa do Mundo.
"Para uma Copa, você reúne o grupo e fica 40 dias. Na Olimpíada eu tive duas semanas."
Ao ser questionado se temia ser demitido, o ex-volante, capitão da seleção do tetra, passou a bola para o presidente da CBF. "Tem de perguntar para o Ricardo Teixeira. O que posso dizer é que técnico da seleção é um cargo de confiança, e ele falou para continuar o trabalho."
Dunga afirmou ainda que a pressão sobre ele não aumentou com a perda do ouro. Lembrou seu histórico na seleção para mostrar que está acostumado com o assédio dos jornalistas e dos torcedores.
"Seleção é assim e não vai mudar nunca. Sou pressionado como vocês [jornalistas], que também tiveram de vir ao aeroporto de madrugada. Vários esportes não ganharam nada e não tiveram essa repercussão."
Pronto para dar seqüência ao seu trabalho, Dunga prevê ainda mais dificuldades no caminho da seleção, em quinto nas eliminatórias para a Copa-2010. "Até o jogo contra o Paraguai estava tudo bem. Mas aí os jogadores da Europa entraram em férias, uns não puderam vir. O sofrimento [para classificar para o Mundial] vai continuar", disse o técnico sobre os dois próximos jogos do Brasil -Chile, fora, e Bolívia, em casa.
Por fim, Dunga falou de seu estilo para explicar o bombardeio de críticas que recebe. "Eu acabei com a "zona de conforto" [informações privilegiadas] na seleção. Acabou aquela coisa de entrevista de madrugada. Agora o jogador fala no dia que tem de falar e o treinador também. Aí fica aquele negócio do Dunga não fala, o Dunga não deixa."


Texto Anterior: José Roberto Torero: Escabeche, o cafajeste
Próximo Texto: Em dia atípico, até torcedor é atendido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.