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Schumacher quem?
Alonso, 24, é o mais jovem campeão da F-1
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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O piloto espanhol Fernando Alonso festeja nos boxes em meio aos mecânicos da Renault após conquistar o título antecipado do Mundial de F-1 com o terceiro lugar no GP Brasil, em Interlagos
Espanhol supera Fittipaldi e, com 3º lugar, torna-se o primeiro a conquistar Mundial em Interlagos
FÁBIO SEIXAS
TALES TORRAGA
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
No pódio de Interlagos, Fernando Alonso ajoelhou-se respeitosamente e colocou sua taça no chão.
Levantou-se e, lá do alto, derramou champanhe no troféu.
Um gesto para marcar território. Porque mostrou, assim, que é
espanhol e, mais que isso, asturiano. Porque mostrou, bebendo,
que havia motivos para festejar.
Muitos, importantes, históricos
motivos. Terceiro colocado no GP
Brasil, ontem, Fernando Alonso
Díaz, 24 anos, 1 mês e 27 dias, tornou-se o mais jovem campeão da
F-1, superando o brasileiro Emerson Fittipaldi, que triunfou em
1972 aos 25 anos.
É o ápice de uma série que ele
vem colecionando há dois anos:
de recordes de precocidade.
Em 2003, aos 21, ele já havia se
tornado o mais jovem a obter
uma pole position, e aos 22, a ganhar uma prova.
Alonso ainda fez de seu país o
15º a conquistar um título na categoria -antes dele, nenhum espanhol havia vencido um GP.
Fez mais: tornou-se o primeiro
campeão a ter passado pela Minardi, a mais nanica das escuderias da categoria; venceu o duelo
pelo título mais jovem da história,
com média de 25 anos; e deu o
primeiro campeonato à Renault,
o que um mito, Alain Prost, não
conseguiu.
Mas talvez nenhum número supere o verbo. Pois o espanhol, ontem, não marcou território só no
pódio. Em suas declarações, fez
questão de enterrar o homem a
quem sucede, o heptcampeão e
vencedor dos últimos cinco Mundiais, Michael Schumacher.
"Vencer o campeonato agora,
duelando com o Kimi [Raikkonen], é mais do que o Schumacher fez nos últimos anos. E ganhei com o Schumacher na pista", disse. "Ainda bem. Se eu tivesse vencido com ele aposentado, diriam que não teve graça."
A Renault reforçou a atitude.
Após a bandeirada, seus integrantes vestiram camisetas com a
inscrição "Schumacher who?"
(em inglês, Schumacher quem?).
Rei posto, o alemão não caiu na
provocação. "Ele mereceu, é um
verdadeiro campeão", declarou.
Alonso também foi cumprimentado pelo rival. "Ele está de
parabéns", disse Raikkonen, segundo ontem, atrás do companheiro, Juan Pablo Montoya.
Para garantir o Mundial, Alonso fez ontem o mínimo necessário para não depender do rival:
subiu ao pódio. Com a pista úmida pela chuva na madrugada, claramente preferiu evitar riscos.
Largando na pole, foi superado
por Montoya na terceira volta, na
Reta Oposta, e por Raikkonen na
31ª, após os primeiros pit stops.
Manteve-se então em terceiro,
garantindo a conquista, festejada
no pódio com um gesto típico de
sua região. "É algo que fazemos
em celebrações nas Astúrias. Colocamos a garrafa de cidra no alto
e despejamos no copo", disse.
Os brasileiros tiveram desempenho fraco em casa. O único a
pontuar foi Rubens Barrichello,
que terminou a prova em sexto
lugar. Da Inglaterra, Emerson
cumprimentou o espanhol: "O
recorde ficou em boas mãos".
Mas os 65 mil torcedores que
foram a Interlagos descobriram
ontem um sabor novo, o da consagração de um campeão, ainda
que levantando outra bandeira.
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