São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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AUTOMOBILISMO

Arquibancadas reagem com indiferença ao último GP Brasil com o piloto ao volante de uma Ferrari

Barrichello, "garotão", se despede em 6º

DA REPORTAGEM LOCAL

As mesmas arquibancadas de Interlagos que ferveram nos últimos cinco anos tentando empurrar Rubens Barrichello para uma inédita vitória em casa murcharam ontem. Sentiram-se órfãs.
Com o mais veterano dos brasileiros ao volante de uma Ferrari em crise e com os outros dois pilotos do país em carros medianos, a torcida tornou-se platéia.
E, assim, o mais emocionado pela despedida de Barrichello da condição de principal piloto do país foi o próprio. A partir do ano que vem, Felipe Massa, hoje na Sauber, assumirá o posto de parceiro de Michael Schumacher.
"Foi uma despedida muito legal, e eu agradeço tudo aquilo que sempre fizeram por mim", disse.
"Dei tudo o que podia na minha casa, para o meu público. Tenho um carro que eu amei muito. Foram seis temporadas de muito amor. Mas esse amor deu uma balançada e agora a gente vai para outra escuderia", completou.
Ao fazer um balanço dos anos na Ferrari, disse que as relações com a equipe começaram a piorar após o GP da Áustria de 2002, quando teve que ceder a vitória a Schumacher, e que não saiu antes porque não teve propostas.
No ano que vem, Barrichello correrá pela BAR, que já disputou 118 GPs mas nunca venceu.
Nas arquibancadas, a vibração por Barrichello ficou na largada. Ao parar seu carro na nona posição do grid, saudou o público. No alambrado, ao lado da Ferrari, torcedores aplaudiram e estenderam uma bandeira brasileira com o nome de Ayrton Senna, o último grande herói do país na F-1.
Na primeira volta, como para mostrar quem ainda mandava em Interlagos, conquistou uma posição: exatamente sobre Massa.
Demorou para voltar a empolgar o público. Nas arquibancadas, o ambiente era de indiferença. Apenas colombianos -muitos, como no ano passado-, festejavam e agitavam bandeiras.
A vibração só voltou na 44ª volta, quando ele venceu um acirrado duelo com Jenson Button, da BAR. Assumiu, então, a sexta colocação, de onde não mais saiu.
"Tentei uma manobra boa tentando passar o Button na frente do público, que levantou. A gente fica com o coração apertado, principalmente ontem [sábado] com o problema da classificação, pois eu podia ter largado mais na frente. Achei que dava para chegar entre os seis primeiros e foi isso que aconteceu", declarou.
Apesar de ter usado a palavra "despedida", disse que tem o que oferecer nos próximos anos. "Eu me sinto um garotão em termos de competitividade. Tenho de almejar o melhor para o meu futuro e não ficar pesando que poderia ter sido assim ou assado", afirmou. Agora, ele guiará a Ferrari no Japão e na China. Seu primeiro teste com a BAR será em 11 de janeiro. (EDGARD ALVES, FÁBIO SEIXAS, TALES TORRAGA E TATIANA CUNHA)


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