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São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2003

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FUTEBOL

Questão técnica

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os técnicos brasileiros vivem decisivo momento. Na sombra de Luiz Felipe Scolari, que alcançou uma seleção competitiva na Europa, vários profissionais do país buscam espaço em regiões periféricas da bola, lutando contra o esquecimento, desfavoráveis condições de trabalho e o preconceito contra o treinador nascido no país pentacampeão.
Márcio Máximo Barcellos, primeiro técnico brasileiro a assumir um time britânico, deixou o comando do Livingston, da Escócia, após quase quatro meses de trabalho. A pequena fresta na porta que se abriu logo se fechou. O Reino Unido valoriza ainda só um tal Francisco Filho, treinador das divisões de base do Manchester United. Ele nasceu no Brasil, mas fez a carreira na França.
Recentemente também, Ismael Kurtz perdeu seu lugar na seleção de Angola. Djalma Cavalcante, que havia obtido melhores resultados por lá, também fora sacado. A adoração africana pelo "futebol canarinho" tem limite agora. Antonio Dumas foi bombardeado por "naturalizar" vários atletas brasileiros para a seleção de Togo. E Ernesto Bolo, ex-assistente de Dumas, passa por duro teste em São Tomé e Príncipe.
Cabralzinho foi até campeão africano com o Zamalek, do Egito, mas não conseguiu atravessar o mar Mediterrâneo e apostou, como outros conterrâneos, no futebol árabe. O Al-Arabi, time que ele dirige e que conta com Batistuta, perdeu para o Al-Ahli de Pepe no Qatar, por exemplo. O mercado por lá aceita bem brasileiros, mas poucos vencem o ostracismo.
Enquanto Paulo César Carpegiani goza de seu status internacional na seleção do Kuait, Giba teve que se contentar com o Kuwait Club, um time de segunda. O brasileiro que brilhou no Paraguai é saudado pela Fifa pela boa campanha do Kuait nas eliminatórias da Copa da Ásia. O país ascende no ranking de seleções e figura agora em 50º lugar.
Os elogios ao trabalho de Carpegiani no Oriente Médio ainda não foram dados a Paulo Autuori no Peru e a Zico no Japão. Ambos trabalham pensando em 2006, mas não podem se dar por seguros até o fim de 2004 (a Copa América e a Copa da Ásia podem destroná-los, e a Eurocopa deve pautar o futuro de Felipão).
Fora do país, a maioria dos técnicos brasileiros busca "só" dinheiro e salário em dia. Na já não tão rica J-League, muitos dão sequência à carreira, como Nelsinho Baptista no Nagoya. Mas mesmo os que vencem não dão o salto que os treinadores argentinos deram faz tempo. Cerezo, do Kashima Antlers, pode ganhar no dia 3 pela terceira vez a Copa Nabisco. Ele já faturou duas ligas e uma Copa do Imperador. Grande currículo, pouco reconhecimento.
Imagina então quem se dispõe a ganhar seu pão no Vietnã (Edson Tavares, Edson Silva e Luciano de Abreu). E os que embarcam em projetos de filiais, como José Alves Borges e Lamartine da Silva, do São Paulo da Tailândia. O planeta está repleto de Renês Simões (Copa com Jamaica) e Alexandres Guimarães (Copa com Costa Rica) que não vingaram.
A técnica nacional é invejada. Já o técnico...

Questão técnica 1
João Paulo de Campos assumiu time europeu: Torpedo da Geórgia.

Questão técnica 2
Do nada Jairzinho foi chamado para a seleção do Gabão. A imagem de "Furacão da Copa" pesou.

Questão técnica 3
Marcos Falopa, brasileiro que era diretor técnico na Concacaf, dá as cartas na sede da Copa-2010: a África do Sul.

Questão técnica 4
A Fifa discutirá qualidade das bolas no dia 14. Cinco marcas estão na pauta. Uma é brasileira: a Penalty.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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