São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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Brasileiro-04 decide se é melhor fazer ou evitar gols

Atlético-PR e Santos, reis do ataque, duelam com São Paulo e São Caetano, os ases da defesa

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A arte de fazer gols ou a ciência para evitá-los. A reta final do Campeonato Brasileiro-04 vai ser também um verdadeiro tira-teima de qual é a melhor arma para triunfar no futebol atual.
Atlético-PR e Santos representam a escola na qual o ataque é a melhor defesa. São Caetano e São Paulo fazem a linha de que em primeiro lugar vem a marcação.
E a escolha pelo ataque, soberana até a rodada do último final de semana, perdeu fôlego.
Dono da segunda melhor média de gols (1,92 por jogo), o Atlético-PR segue líder, mas, com apenas dois pontos conquistados nos últimos três jogos, viu sua tranqüila liderança virar fumaça.
Só que não foi o Santos, dono ataque mais poderoso do Nacional (2,22 gols por partida), o time que mais se aproveitou. A equipe do litoral segue um ponto atrás dos paranaenses. E os dois clubes já estão na mira de São Caetano e São Paulo, únicos com média inferior a um gol sofrido por partida e separados por apenas quatro pontos do líder Atlético-PR.
Os dois lados comemoram seus pontos fortes no Brasileiro.
"Estamos com um bom entrosamento e até agora conseguimos dar segurança à defesa", explica o zagueiro são-paulino Lugano.
"Nosso ataque é especialmente forte", diz Levir Culpi, técnico do Atlético-PR. "O Vanderlei [Luxemburgo] tem uma opção de sempre mexer no time em busca da vitória", justifica o preparador físico santista Antonio Mello.
No São Caetano, o técnico Péricles Chamusca ganhou notoriedade ao falar sobre sua opção. "Quem quiser espetáculo que vá ver o show da Ivete Sangalo", disse o comandante da equipe que menos sofreu gols na competição.
Os números do Datafolha justificam as opções de jogo dos quatro principais postulantes ao título nacional de 2004.
Atlético-PR e Santos se destacam em fundamentos ofensivos, enquanto São Caetano e São Paulo brilham nos defensivos.
Ninguém cria mais chances de gol do que o time treinado por Vanderlei Luxemburgo. O Santos faz, em média, 16,5 finalizações por partida. Já o Atlético-PR se destaca na pontaria -tem precisão de 43,7% nas conclusões, a terceira melhor do torneio.
Já quem enfrenta São Caetano e São Paulo sofre para criar. As duas equipes são as com menor número de finalizações sofridas do Brasileiro. O clube do Morumbi é ameaçado, em média, 9,5 vezes por seus adversários, e o São Caetano só um pouco mais -11.
"Temos que continuar equilibrados, levando poucos gols e fazendo muitos mais. Com isso, conseguiremos uma seqüência maior de resultados e seguiremos na briga pelo título", diz o zagueiro Fabão, um dos três zagueiros do 3-5-2 do técnico Emerson Leão que colocou o São Paulo novamente na disputa pelo título.
Restando nove rodadas para o final do campeonato, os candidatos ao título ofensivos sofrem justamente onde mais se destacam. O Atlético-PR perdeu Dagoberto, seu vice-artilheiro e principal assistente. O Santos vê a queda de produção de Robinho, seu principal goleador (marcou 19 vezes), mas que não balança as redes há expressivas cinco rodadas.

Mudança de estilo
Para o quarteto que tem mais chances de título, a situação atual só é novidade, em relação aos últimos anos, no São Paulo.
A defesa falha é um dos motivos dos fracassos recentes da equipe, que terminou no distante 1993 um Brasileiro pela última vez sofrendo menos de um gol por jogo.
O São Caetano tem a melhor defesa do Nacional no século 21. O Santos esteve entre os cinco times mais goleadores nos últimos dois anos, e o Atlético-PR foi campeão brasileiro há três anos com o melhor ataque do torneio.


Colaboraram Eduardo Arruda e Márvio dos Anjos, da Reportagem Local

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