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CARLOS SARLI
Criando demanda
Investimentos em skatistas de ponta, como Bob Burnquist, ajudaram a revolucionar o esporte no Brasil nos anos 80
O ANO era 1995, e o skate vivia
mais um daqueles ciclos de
baixa que caracterizaram sua
recente história no Brasil e no mundo. Por aqui, as poucas empresas
que restaram lentamente se recuperavam após o coma profundo causado pelo Plano Collor. Lá fora, o cenário era um pouco mais próspero. A
fase de retrocesso do skate norte-americano, que culminou com o fechamento da maioria das pistas de
cimento, parecia ter chegado ao fim.
A falta de pistas, de reconhecimento e de grana, no entanto, não
foi suficiente para que skatistas e
empresários desistissem. Amantes
do esporte e fiéis aos ideais, eles optaram por encarar as dificuldades.
Foi nessa batida que Bob Burnquist, com pouco orçamento e muita
confiança, se mandou para o Canadá
para competir no Slam City Jam,
que reúne a nata do skate mundial.
Um bom resultado era chave para o
sucesso, e Bob não desperdiçou a
chance: venceu a prova, introduziu a
técnica do switchstance e ganhou
projeção mundial. Com a premiação
cumpriu o combinado, devolvendo
parte do investimento do amigo-parceiro-patrocinador Jorge Kuge,
que a duras penas bancou a viagem.
A história do Bob, de lá em diante,
é domínio público. O que poucos sabem é que Jorge investia em Bob e
em mais de uma legião de skatistas
de ponta que ajudaram a revolucionar o esporte no Brasil, principalmente na década de 80, quando os
campeonatos brasileiros em Guaratinguetá entraram para a história.
Nessa época a Urgh!, marca criada
por Jorge, já dominava o cenário nacional com uma forte equipe e bons
produtos. Das bermudas de nylon,
que contaram com a ajuda de sua
mãe na confecção, à produção de
equipamentos foi um passo rápido.
Apresentações pelo interior também fizeram parte da "estratégia". A
equipe lotava uma Kombi e saía descobrindo lugares, que rapidamente
atraíam curiosos e novos praticantes, revelando-se uma grande forma
de criar demanda. Eventos, lojas e
pistas pipocavam pelo país, e tudo
corria muito bem até o mercado sofrer com a crise financeira no fim da
década de 80. Grande parte da indústria, mídia e varejo baixou as
portas. Jorge não desistiu, deu um
tempo na atividade industrial e pôs
foco no varejo com pequenas lojas
no Vale do Paraíba, uma das regiões
mais tradicionais no cenário nacional. Foi nesse momento que Bob pediu uma força para ir ao Canadá.
Jorge arrumou algum dinheiro e
recheou a mala do pupilo com produtos para serem vendidos, dando
uma força no parco orçamento. Bob
voltou consagrado e se transformou
no embaixador do skate brasileiro.
O skate se firmou e se tornou um
dos principais ícones da cultura jovem no mundo. A indústria brasileira evolui quase no mesmo ritmo dos
seus atletas, e a Urgh! talvez seja a
única marca que atravessou com
êxito os ciclos de baixa para chegar
nos anos 2000 completando 25 anos
de bons serviços prestados.
MUNDIAL DE SURFE - WQS
Após dez anos, Ubatuba (SP) volta a receber uma prova do Mundial.
A Onbongo Pro Surfing é a última
etapa antes do desembarque no
Havaí e é decisiva para os brasileiros. Cinco deles estão na faixa de
8.000 pontos, e o corte deve ficar
em torno do 9.000. Até domingo,
192 competidores de 14 países disputam 2.500 em Itamambuca.
MUNDIAL DE SURFE - WCT
E na segunda, em Imbituba (SC),
começa o Nova Schin Festival, penúltima etapa da primeira divisão.
Kelly Slater é presença confirmada. Adriano de Souza, em 18º, é o
melhor brasileiro na temporada.
BIKE NO TETO DO MUNDO
Depois de pedalar 834 km em 60
horas, o brasileiro Santo Feltrin
passou mal e teve que desistir do
objetivo, o campo-base do monte
Everest, a apenas 35 km.
sarli@trip.com.br
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