São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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entrevista

"Ele sempre foi agressivo", diz ex-parceiro

DA REDAÇÃO

O companheiro de equipe de Felipe Massa nos tempos de F-Chevrolet hoje é dono de uma empresa de ar-condicionados no Rio de Janeiro e anda de kart, por hobby.
Marcelo Monteiro, 29, até tentou carreira no automobilismo. Mas esbarrou na falta de patrocínio. Para ele, além de talento, o ex-colega tem também muita sorte.
Massa precisará contar com isso no dia 2. Sete pontos atrás de Lewis Hamilton, o brasileiro terá de ser primeiro ou segundo na prova e contar ainda com mau resultado do inglês para conquistar o título. Terá, no autódromo, um torcedor especial.
"Vou para Interlagos, com certeza", diz Monteiro. (FSX)

 

FOLHA - Naquela época em que vocês dividiam boxes, você já percebia que ele podia chegar longe?
MARCELO MONTEIRO -
A carreira de piloto é muito difícil, mas o Felipe é um cara que era observado por olheiros desde o kart. Desde cedo, já havia empresários de olho nele. Isso é importante. Muita gente tem qualidade, mas às vezes não acontece de conseguir uma chance.
O Felipe sempre teve técnica, mas também sempre teve muita sorte. Sempre esteve nos lugares certos na hora certa, emendou uma seqüência de títulos quando foi para a Europa, e o caminho natural acabou sendo a F-1.

FOLHA - Como era o Felipe Massa aprendiz de piloto?
MONTEIRO -
Ele era a referência da equipe. Eu lembro muito da agressividade que ele já mostrava naquela época. Não tinha corrida perdida. Ele lutava até o fim. Se percebia que não ia ganhar, fazia o possível para levar o máximo possível de pontos.

FOLHA - E como era esse carro da F-Chevrolet?
MONTEIRO -
O chassi era muito ruim, e os pneus se desgastavam muito rapidamente. Mas o motor era bom, tinha 200 cavalos. O resultado é que você tinha que dosar o pé para o pneu não acabar depois de algumas voltas. E acho até que isso ajudava no aprendizado dos pilotos.

FOLHA - Por que você não continuou no esporte?
MONTEIRO -
Por problema de patrocínio. Parei de correr em 2000 e só voltei em 2005, no Carioca de Turismo. Fui bicampeão em 2005 e 2006 e hoje só corro de kart, por hobby. Mas acho que o Felipe aprendeu alguma coisa comigo. Eu sou dois anos mais velho que ele, tinha a cabeça mais no lugar e acho que isso foi bom pra ele.

FOLHA - E o que você sente ao vê-lo hoje numa Ferrari, disputando um título na F-1?
MONTEIRO -
Fico orgulhoso de ter participado da história dele. E estou com bastante expectativa para a corrida de Interlagos. Nos tempos de Sauber ou de [Michael] Schumacher na Ferrari, a gente sabia que as expectativas dele eram limitadas. Mas agora é diferente, a gente sabe que está tudo nas mãos dele. Torço muito pelo Felipe, falei com ele no ano passado e vou estar em Interlagos, com certeza, na torcida para que ele seja campeão.


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