São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2007

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Escolta segue nadadora até no banheiro

DA ENVIADA A BELO HORIZONTE

O caso de Rebeca Gusmão transformou o doping (e seu controle) em um assunto delicado e desconfortável em Minas.
O treinamento das escoltas, que acompanham os atletas no antidoping, ganhou uma recomendação a mais. Cuidado redobrado com o trabalho e com as palavras, já que o controle seria um dos focos principais do evento.
As mulheres da equipe só deram entrevista após autorização de Eduardo de Rose, diretor de doping da CBDA. Segundo ele, porém, não havia proibição.
Entre os nadadores, principalmente os mais jovens, o desconforto era evidente. "Foi tudo controladinho. Mas é melhor eu não falar nada, é muito delicado", afirmou Tatiane Sakemi, testada após o ouro nos 100 m peito.
Nas finais de ontem, a Folha teve acesso ao local de coleta. Os testes ainda não haviam começado, e não havia ninguém na sala.
Um biombo dividia a sala, geralmente usada pelo coral do clube. Atrás dele, ficava a sala de espera, com cerca de 20 cadeiras.
Na outra parte, duas mesas para preenchimento dos formulários e escolha dos kits de coleta e armazenamento. No banheiro apertado, um espelho para ajudar o fiscal a ver o corpo do atleta enquanto ele urina.
"Acho que não tem como burlar a coleta. A gente perceberia", diz a escolta Luana Lopes Messias.
Segundo as escoltas, no treinamento elas receberam a ordem de acompanhar o atleta até o fim do processo, fiscalizando a coleta. De Rose havia dito que, por falta de espaço, vários escoltas deveriam ser dispensados. Quem já estivesse no local acompanharia o resto do processo.
A equipe de escoltas era formada por profissionais da área de saúde, que faziam esse tipo de trabalho pela primeira vez. Eles tinham de informar o atleta sobre o controle. E, a partir de então, seguir o competidor de perto -o nadador tem uma hora para se apresentar ao controle.
"A natação tem essa peculiaridade porque, às vezes, o atleta fez uma prova logo depois da outra", afirma Sandra Soldan, triatleta e diretora-adjunta de doping da CBDA. Ela estreou na nova função na Copa, que teve 20 testes.
O longo intervalo entre o chamado e a coleta faz com que os escoltas passem por situações curiosas. Maria Flávia recebeu no sábado a missão de acompanhar Josephin Lillhage. A sueca nadou, esperou mais nove provas, competiu de novo e descansou. A escolta permaneceu em pé, vigiando, por quase uma hora.
Gisele Rocha enfrentou uma situação mais constrangedora. Teve de ir com uma atleta até o banheiro.
Quando o atleta é homem, o escolta é masculino. "Eles estão acostumados. Para nós fica chato ficar seguindo o atleta, mas para eles é normal." (ML)

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