São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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TÊNIS

Voltas e reviravoltas


Desacreditada, Davis tem o mérito de consagrar tenistas medianos e expor medos e fraquezas de bons tenistas

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

TIDA POR alguns como um torneio desprezível, a decisão da Copa Davis foi uma disputa emocionante, de arrepiar fãs e torcedores de qualquer esporte.
Tudo começou quando Argentina e Espanha despacharam Rússia e EUA. A Espanha, que havia batido o Peru fora de casa, com reservas, e vencido a Alemanha sem precisar de Rafael Nadal o tempo todo, saiu favorita para jogar no saibro.
A fortuna mudou quando os argentinos tiraram o confronto do saibro de Buenos Aires, confortável para os seus, mas mais ainda para Nadal. Nada indicava que Nadal, contundido, jogaria, e o cenário então mudaria. Com o piso já definido, Nadal confirmou: estava fora. A Argentina aparecia aí como favoritíssima.
Pelo sorteio, a única chance dos espanhóis parecia ser uma vitória de David Ferrer sobre David Nalbandian. Ferrer foi atropelado, e a consagração argentina, então provável, tornara-se quase certa.
Mas Feliciano Lopez, que em condições normais não teria um único centavo nas bolsas de apostas, encontrou um Juan del Potro cansado, sem vida. Lopez cresceu, empatou o confronto e melou a festa.
Conseguiria David Nalbandian carregar o time nas costas e ser o herói do confronto? Em jogo eletrizante, puxou o limitado Agustin Calleri, mas quem calou o público foram Lopes e Fernando Verdasco.
A definição poderia ficar, então, nas mãos de dois tenistas reservas, desacreditados, frágeis. A Copa Davis também é campo fértil para que esses vôos heróicos aconteçam. Mas Jose Acasuso, em casa, empurrado, aclamado, não saiu do lugar.
A Espanha sagrou-se campeã pela terceira vez. A primeira vez fora de casa. Sem Rafael Nadal. Na que parecia ser a mais difícil. A Argentina perdeu. Dentro de casa, com dois tenistas top ten. Quando o troféu era certo. Agora, os argentinos procuram culpados.
A Copa Davis e sua disputa por equipes geralmente levam tenistas medianos à glória. Mas também colocam tenistas profissionais no mundo real, com seus medos, com suas fragilidades, limitações.

ENQUANTO ISSO...
Rafael Nadal foi fotografado bronzeado e feliz nas Ilhas Maurício.

NO RANKING
Thomaz Bellucci fecha o ano como melhor brasileiro. Ele e Marcos Daniel são os únicos no top 100.

NOS EUA
Na Califórnia, Jimmy Connors foi levado à delegacia por, dizem os policiais, ter se recusado a obedecer ordens de sair de local proibido em jogo de basquete em universidade.

EM BAURU
João "Feijão" Souza levou o Future de Bauru ao derrotar o argentino Gaston Giussani.

reandaku@uol.com.br



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