São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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braços abertos

SP falta ao maior clássico de SP

Corinthians e São Paulo, clubes mais populares da cidade, enfrentam-se no Morumbi com times cheios de forasteiros

Clássico tem somente dois paulistanos como titulares; 68% são de outros Estados, mais do que o dobro da população como um todo

Eduardo Knapp/Folha Imagem
O volante são-paulino Richarlyson, um dos forasteiros presentes no clássico de hoje à tarde, em shopping da capital paulista

EDUARDO ARRUDA
MÁRVIO DOS ANJOS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O são-paulino Richarlyson, 24, nasceu em Natal; o corintiano William, 31, é de Belo Horizonte. São parte da saudável invasão que deixou mais nacional o clássico Corinthians x São Paulo, times que têm juntos 51% dos torcedores paulistanos, segundo o Datafolha. Forasteiros na maior metrópole do país, eles põem o jogo na contramão do fluxo de migrantes em São Paulo, que completou 454 anos anteontem.
Se a presença de migrantes de outros Estados na cidade diminui e hoje está em 30% dos moradores (segundo a Fundação Seade), o embate de hoje, às 16h, começa com 15 atletas não paulistas, ou 68%. Apenas dois, ou 9%, são da capital: os corintianos André Santos e Dentinho. O IBGE diz que hoje só cerca de 5% dos adultos de São Paulo estão na cidade há menos de cinco anos. No clássico, só Rogério, entre os estrangeiros, mora nela há mais tempo.
Prisioneiros da rotina de treinos, jogos e viagens, muitos ignoram muito da cidade. Cada vez mais breves nos clubes em que jogam, cultivam suas vidas em torno dos campos em que treinam. Quando podem, aproveitam um pouco da Paulicéia.
Recém-chegado, William só anteontem conseguiu alugar um apartamento perto do Parque São Jorge, na zona leste.
"Todo mundo fala que morar em uma metrópole com mais de 10 milhões de habitantes é uma coisa assustadora. Mas é a primeira impressão. Quando você tem a oportunidade de viver aqui, isso se apaga", diz Wil-liam, boleiro diferenciado: fã de cinema alternativo e teatro.
O zagueiro é desconhecido da torcida paulistana -em sessão de fotos na Paulista, só um fã o identificou. O assédio ao rival Richarlyson é maior.
Polêmico, convocado pela seleção e titular do time campeão brasileiro de 2007, prefere o paulistaníssimo programa em shoppings (assim como vários de seus colegas) pela segurança e pela variedade de lazer.
"Nesta semana vi "Meu Nome Não é Johnny" e ainda quero ver o novo da Bruna Lombardi", diz ele, que ainda freqüenta peças no teatro de um shopping em Higienópolis. "Quando cheguei, sentia medo. Era muita gente, e eu estava acostumado à vida no interior."
Quando sai de casa, sabe que terá de distribuir assinaturas e cumprimentos. "Gosto de dar autógrafos. Já fui criança e tive meus ídolos. Mas tem vezes em que você dá a mão e pedem o braço", diz ele, que em Bauru já saiu com escolta da segurança devido ao frisson de fãs.
No shopping, deu mais de dez autógrafos a marmanjos e menininhas, como Ana Carolina Nigro Barbosa, 11, que mal o conhece. Sabe que, hoje, ele enfrenta o Corinthians. Assim, já é parte da cidade.


NA TV - São Paulo x Corinthians
Band e Globo, ao vivo, às 16h



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