São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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Mano transporta fórmula gremista para o Corinthians

Técnico arma mudanças no time em treinos secretos e prepara forte marcação, até com pressão na saída de bola

Jogadas que resultaram em gols do Grêmio em 2007 são repetidas nos treinos da equipe paulista para o clássico com o São Paulo

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O são-paulino deve se lembrar. Aos 31min do segundo tempo, Carlos Eduardo cruza da intermediária, Tuta disputa no alto, e Diego Souza, no rebote, chuta para arrebatar o estádio Olímpico. O segundo tento gremista eliminou o time do Morumbi da Libertadores-07.
Na última terça-feira, no Parque São Jorge, o treino do Corinthians é parado na esquerda do ataque. Da intermediária, Everton Ribeiro é instruído a cruzar a bola na área, onde Acosta e Finazzi esperavam para disputá-la. Dentinho estava pouco atrás, à espera do rebote.
Os dois lances têm como ponto de conexão um técnico: Mano Menezes. Do time gaúcho, o treinador repete uma fórmula com padrão tático, jogadas ensaiadas, procedimentos psicológicos e artimanhas.
"Cada profissional tem uma característica, sempre tentará fazer o que acredita. É importante respeitar a diferença do Corinthians. Mas a filosofia do profissional de como dará certo é a mesma", disse o treinador.
"A linha continua a mesma. No Grêmio, ele pegou uma equipe desintegrada. E, com suas práticas, mudou o time", afirmou Alessandro, que já havia trabalhado com Mano.
A "linha" do técnico inclui adaptar seus times a rivais mais fortes, como o São Paulo hoje. Se fala francamente sobre o estágio do grupo, esconde o jogo com treino secreto. Comum no Grêmio, a prática chegou ao Corinthians anteontem, quando ele estudava mudanças.
"Treino secreto é bastante usado na Europa, em que só um treino na semana é aberto."
Sua adequação ao jogo são-paulino passava por marcação forte, inclusive do meio para a frente. Treinou até a equipe para, em alguns momentos, fazer pressão na saída de bola, com um homem em cada defensor.
Foi a forte marcação do ataque sobre a defesa que gerou outro gol decisivo do Grêmio de Mano na última Libertadores. Pressionado, o zagueiro santista Adaílton entregou a bola para Carlos Eduardo marcar.
As bolas paradas, outra preferência do técnico, ainda não estão sendo utilizadas como seria seu desejo. Ele ainda procura um batedor. Coelho pode ser uma aposta para a função.
Fora de campo, Mano se propôs a uma tarefa difícil: impedir crises após derrotas. "Tenho procurado desmistificar, com os jogadores, isso. Derrotas vão ocorrer. Se a cada resultado tiver princípio de crise, pode virar uma série de derrotas."
Também instruiu os atletas a não darem entrevistas provocando rivais antes dos jogos. "Tenho por hábito não fornecer armas ao rival. Ele [São Paulo] já é bom o suficiente."
Centro do caldeirão corintiano na campanha de rebaixamento, o goleiro Felipe afirmou já ter notado diferenças.
"O comprometimento com o clube é bem maior do que no ano passado. Já vi os jogadores chegarem com uma atitude diferente. Tem a ver com os atletas e com o comando", disse.
Para montar sua estrutura, Mano quis contar com atletas que já tinha comandado, como o lateral-volante Alessandro, o zagueiro William, o meia Marcel e o atacante Herrera.
Houve, sim, uma mudança de Mano ao trocar Grêmio por Corinthians. A pressão e o salário aumentaram. Serão gastos R$ 4,4 milhões em 2008 com a comissão técnica, entre direitos de imagem e salários. O valor inclui auxiliares, como o preparador físico Flávio Trevisan, outra peça saída do Sul.


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