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Mano transporta fórmula gremista para o Corinthians
Técnico arma mudanças no time em treinos secretos e prepara forte marcação, até com pressão na saída de bola
Jogadas que resultaram
em gols do Grêmio em 2007 são repetidas nos treinos
da equipe paulista para o clássico com o São Paulo
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O são-paulino deve se lembrar. Aos 31min do segundo
tempo, Carlos Eduardo cruza
da intermediária, Tuta disputa
no alto, e Diego Souza, no rebote, chuta para arrebatar o estádio Olímpico. O segundo tento
gremista eliminou o time do
Morumbi da Libertadores-07.
Na última terça-feira, no Parque São Jorge, o treino do Corinthians é parado na esquerda
do ataque. Da intermediária,
Everton Ribeiro é instruído a
cruzar a bola na área, onde
Acosta e Finazzi esperavam para disputá-la. Dentinho estava
pouco atrás, à espera do rebote.
Os dois lances têm como
ponto de conexão um técnico:
Mano Menezes. Do time gaúcho, o treinador repete uma
fórmula com padrão tático, jogadas ensaiadas, procedimentos psicológicos e artimanhas.
"Cada profissional tem uma
característica, sempre tentará
fazer o que acredita. É importante respeitar a diferença do
Corinthians. Mas a filosofia do
profissional de como dará certo
é a mesma", disse o treinador.
"A linha continua a mesma.
No Grêmio, ele pegou uma
equipe desintegrada. E, com
suas práticas, mudou o time",
afirmou Alessandro, que já havia trabalhado com Mano.
A "linha" do técnico inclui
adaptar seus times a rivais mais
fortes, como o São Paulo hoje.
Se fala francamente sobre o estágio do grupo, esconde o jogo
com treino secreto. Comum no
Grêmio, a prática chegou ao
Corinthians anteontem, quando ele estudava mudanças.
"Treino secreto é bastante
usado na Europa, em que só um
treino na semana é aberto."
Sua adequação ao jogo são-paulino passava por marcação
forte, inclusive do meio para a
frente. Treinou até a equipe para, em alguns momentos, fazer
pressão na saída de bola, com
um homem em cada defensor.
Foi a forte marcação do ataque sobre a defesa que gerou
outro gol decisivo do Grêmio de
Mano na última Libertadores.
Pressionado, o zagueiro santista Adaílton entregou a bola para Carlos Eduardo marcar.
As bolas paradas, outra preferência do técnico, ainda não
estão sendo utilizadas como seria seu desejo. Ele ainda procura um batedor. Coelho pode ser
uma aposta para a função.
Fora de campo, Mano se propôs a uma tarefa difícil: impedir
crises após derrotas. "Tenho
procurado desmistificar, com
os jogadores, isso. Derrotas vão
ocorrer. Se a cada resultado tiver princípio de crise, pode virar uma série de derrotas."
Também instruiu os atletas a
não darem entrevistas provocando rivais antes dos jogos.
"Tenho por hábito não fornecer armas ao rival. Ele [São
Paulo] já é bom o suficiente."
Centro do caldeirão corintiano na campanha de rebaixamento, o goleiro Felipe afirmou já ter notado diferenças.
"O comprometimento com o
clube é bem maior do que no
ano passado. Já vi os jogadores
chegarem com uma atitude diferente. Tem a ver com os atletas e com o comando", disse.
Para montar sua estrutura,
Mano quis contar com atletas
que já tinha comandado, como
o lateral-volante Alessandro, o
zagueiro William, o meia Marcel e o atacante Herrera.
Houve, sim, uma mudança de
Mano ao trocar Grêmio por Corinthians. A pressão e o salário
aumentaram. Serão gastos R$
4,4 milhões em 2008 com a comissão técnica, entre direitos
de imagem e salários. O valor
inclui auxiliares, como o preparador físico Flávio Trevisan,
outra peça saída do Sul.
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