São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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Por meta em 2012, Reino Unido importa atletas do Leste Europeu

Federação traz lutadores para treinar na Inglaterra e mira naturalizações

DA REPORTAGEM LOCAL

O Reino Unido já traça estratégia para ter uma equipe competitiva em todas as modalidades na Olimpíada de Londres, em 2012. A idéia é importar atletas de diversos países para compor a delegação nacional.
O novo foco de interesse dos britânicos são nações do Leste Europeu. Para os cartolas, a "legião estrangeira" será essencial para que seja cumprido o objetivo britânico de ficar entre os quatro melhores no quadro de medalhas, fato que não ocorre desde Paris-1924.
Dois treinadores ucranianos, contratados pela federação local de lutas, viajam por países da antiga Cortina de Ferro tentando arregimentar atletas que queiram se naturalizar.
Ucrânia e Bulgária, potências na modalidade, são os alvos. Oficialmente, convidam os lutadores para período de treinamento, duas vezes por dia, em Salford, cidade próxima a Manchester. Eles serviriam como sparrings dos britânicos.
Mas o objetivo final é mesmo seduzir os competidores para que se naturalizem.
Os primeiros cinco lutadores chegaram à Inglaterra no final do ano passado com visto de trabalho. E, com cinco anos de residência, terão direito a tirar um passaporte britânico.
O objetivo é formar um time forte de 11 atletas. Em contraste, o Reino Unido tenta classificar apenas um lutador para os Jogos de Pequim, em agosto.
Os destaques entre os "importados" são Yana Stadnik e Olga Butkevich, ex-campeãs do Europeu júnior. Elas competiram pela Ucrânia, respectivamente, em 2005 e 2006.
A equipe também conta com os búlgaros Krasomir Krastonov, Oleg Druzhynets e Miroslav Dykan. Este último é o mais habituado ao local. Chegou ao Reino Unido em 2003 e casou-se com uma inglesa -deve ganhar passaporte neste mês.
A mão-de-obra local é considerada pouco competitiva particularmente entre as mulheres, cuja disputa estreou na Olimpíada de Atenas-2004.
Malcolm Morley, dirigente da federação de lutas, nega que haja coação na iniciativa.
"Não os contratei querendo que eles fiquem aqui cinco anos. Mas, se eles ficarem, estarão aptos [a se naturalizar]. Se eles quiserem ficar aqui, serão bem-vindos", afirmou o cartola ao diário "Evening Standard".
No entanto, Morley deixa claro as segundas intenções.
"Se a pessoa tem passaporte britânico, não há problema que seja ucraniana, iraniana ou que diabo ela seja. Com o passaporte, ela poderá competir pelo Reino Unido. Por que ela seria proibida disso?", questiona.
Stadnik, uma das ucranianas recrutadas pelo programa, deixa em aberto a opção. "Meu sonho é competir na Olimpíada de Londres", afirma, sem deixar claro sob qual bandeira.
O governo britânico criticou a iniciativa. "Não acreditamos nesse método de conceder passaportes para conseguir êxito em 2012", divulgou o órgão responsável pelo esporte.
Para desenvolver suas atividades, a federação de lutas recebe 900 mil (R$ 2,37 milhões) por ano do governo.


Com agências internacionais


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