São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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São Paulo "esconde" base e defende emancipação

Juvenal Juvêncio rejeita fazer loucuras por Robinho

EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
CAROLINA ARAÚJO
DA REPORTAGEM LOCAL

Presidente do São Paulo, clube alvo de ações judiciais de três atletas oriundos da base, Juvenal Juvêncio falou longamente sobre o tema pela primeira vez. Disse à Folha que o agente Giuliano Bertolucci é "persona non grata", defendeu a emancipação de atletas e confirmou interesse em Robinho.

 

FOLHA - As ações na Justiça pegaram o senhor de surpresa?
JUVENAL JUVÊNCIO
- Sim, embora o empresário do atleta já tivesse avisado que, se o São Paulo não atendesse às reivindicações dele, iria ao Judiciário.

FOLHA - Giuliano Bertolucci é "persona non grata" no São Paulo?
JUVENAL
- Ele tinha sete atletas, deve estar com três e ficará sem nenhum. Uma das nossas exigências na base é que o atleta seja bem aconselhado, que haja lealdade com o clube. Aquele que processa o São Paulo não é nosso aliado. Na base, orientamos o seguinte: tem contrato com ele, cumpra. Mas, na renovação, saiba que ele não é de agrado nosso pelo comportamento que já deixou no clube.

FOLHA - Oscar acusa o São Paulo de tê-lo forçado a se emancipar...
JUVENAL
- Quem emancipa não é o atleta, são os pais. A emancipação está no Código Civil, e isso se faz no cotidiano. Buscamos o que a legislação não propicia, que é a garantia do clube formador. O presidente Lula já me disse: "Precisamos de uma lei que preserve o clube formador". A Fifa também quer isso, e aquilo que buscamos virá pela Fifa ou pelo governo brasileiro.

FOLHA - Mas por que Fifa não reconhece contratos de cinco anos de menores, mesmo emancipados?
JUVENAL
- Isso só vale para países que não têm lei específica. A Fifa obedece à legislação do país, e a Lei 9615 [Lei Pelé] permite contrato de cinco anos com maiores. Como se atinge a maioridade? Pela emancipação. Se faço contrato de três anos com um atleta de 16, ele fica só até 19. Normalmente ele nem subiu [para o profissional]. Para o clube, de que valeu a formação? Valeu zero.

FOLHA - Como evitar novas ações?
JUVENAL
- Fazendo o que o São Paulo faz ou mudando a legislação. Esses clubes ficam nos criticando porque não fazem o que o São Paulo faz. Mas, na reunião do Clube dos 13, todos dizem que perdem atletas e que tem que haver uma legislação.

FOLHA - A Lei Pelé não é suficiente?
JUVENAL
- Não, precisa mais. Tem uma copa chamada Nike [sub-15], que é um campeonato mundial. Estamos pensando em não disputá-la porque você põe seu jovem em uma vitrine mundial, sem lei que o proteja. Há um pensamento hoje de pôr o atleta que se destaca na reserva ou não levá-lo a algumas competições. É um processo de autodefesa porque a lei não protege, e gastamos muito em Cotia [CT da base]. São R$ 8 milhões/ano em manutenção.

FOLHA - O São Paulo faz contrato de gaveta, como diz Lucas Piazon?
JUVENAL
- Gaveta é o escondido. Mas a mãe dele é advogada, então não há ignorância. Eficácia futura é uma tese nova. É um processo de autodefesa por um jogador que nós formamos. É a coisa mais legítima que tem.

FOLHA - O São Paulo vai recorrer?
JUVENAL
- Eu vou até o Tribunal Superior do Trabalho. Isso vai terminar em três ou quatro anos. Essa é uma tese que, se vinga, resolve o problema da legislação, dos outros clubes. O São Paulo não vai desistir. Não há hipótese e não há acordo.

FOLHA - Oscar ainda tem clima?
JUVENAL
- Claro que sim. Quando ele voltou, falei: "Não façam perguntas. Deem chuteira, camisa e mandem ele treinar". E ele está lá, treinando.

FOLHA - O sr. quer o Robinho?
JUVENAL
- Se o Manchester City quiser revalorizar o jogador aqui, tem que ajudar a pagar a conta. Estamos interessados, mas não faremos loucuras.


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