Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
São Paulo "esconde" base e defende emancipação
Juvenal Juvêncio rejeita fazer loucuras por Robinho
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
CAROLINA ARAÚJO
DA REPORTAGEM LOCAL
Presidente do São Paulo, clube alvo de ações judiciais de
três atletas oriundos da base,
Juvenal Juvêncio falou longamente sobre o tema pela primeira vez. Disse à Folha que o
agente Giuliano Bertolucci é
"persona non grata", defendeu
a emancipação de atletas e confirmou interesse em Robinho.
FOLHA - As ações na Justiça pegaram o senhor de surpresa?
JUVENAL JUVÊNCIO - Sim, embora
o empresário do atleta já tivesse avisado que, se o São Paulo
não atendesse às reivindicações dele, iria ao Judiciário.
FOLHA - Giuliano Bertolucci é "persona non grata" no São Paulo?
JUVENAL - Ele tinha sete atletas,
deve estar com três e ficará sem
nenhum. Uma das nossas exigências na base é que o atleta
seja bem aconselhado, que haja
lealdade com o clube. Aquele
que processa o São Paulo não é
nosso aliado. Na base, orientamos o seguinte: tem contrato
com ele, cumpra. Mas, na renovação, saiba que ele não é de
agrado nosso pelo comportamento que já deixou no clube.
FOLHA - Oscar acusa o São Paulo de
tê-lo forçado a se emancipar...
JUVENAL - Quem emancipa não
é o atleta, são os pais. A emancipação está no Código Civil, e isso se faz no cotidiano. Buscamos o que a legislação não propicia, que é a garantia do clube
formador. O presidente Lula já
me disse: "Precisamos de uma
lei que preserve o clube formador". A Fifa também quer isso,
e aquilo que buscamos virá pela
Fifa ou pelo governo brasileiro.
FOLHA - Mas por que Fifa não reconhece contratos de cinco anos de
menores, mesmo emancipados?
JUVENAL - Isso só vale para países que não têm lei específica. A
Fifa obedece à legislação do
país, e a Lei 9615 [Lei Pelé] permite contrato de cinco anos
com maiores. Como se atinge a
maioridade? Pela emancipação. Se faço contrato de três
anos com um atleta de 16, ele fica só até 19. Normalmente ele
nem subiu [para o profissional]. Para o clube, de que valeu
a formação? Valeu zero.
FOLHA - Como evitar novas ações?
JUVENAL - Fazendo o que o São
Paulo faz ou mudando a legislação. Esses clubes ficam nos criticando porque não fazem o
que o São Paulo faz. Mas, na
reunião do Clube dos 13, todos
dizem que perdem atletas e que
tem que haver uma legislação.
FOLHA - A Lei Pelé não é suficiente?
JUVENAL - Não, precisa mais.
Tem uma copa chamada Nike
[sub-15], que é um campeonato
mundial. Estamos pensando
em não disputá-la porque você
põe seu jovem em uma vitrine
mundial, sem lei que o proteja.
Há um pensamento hoje de pôr
o atleta que se destaca na reserva ou não levá-lo a algumas
competições. É um processo de
autodefesa porque a lei não
protege, e gastamos muito em
Cotia [CT da base]. São R$ 8
milhões/ano em manutenção.
FOLHA - O São Paulo faz contrato
de gaveta, como diz Lucas Piazon?
JUVENAL - Gaveta é o escondido. Mas a mãe dele é advogada,
então não há ignorância. Eficácia futura é uma tese nova. É
um processo de autodefesa por
um jogador que nós formamos.
É a coisa mais legítima que tem.
FOLHA - O São Paulo vai recorrer?
JUVENAL - Eu vou até o Tribunal
Superior do Trabalho. Isso vai
terminar em três ou quatro
anos. Essa é uma tese que, se
vinga, resolve o problema da legislação, dos outros clubes. O
São Paulo não vai desistir. Não
há hipótese e não há acordo.
FOLHA - Oscar ainda tem clima?
JUVENAL - Claro que sim. Quando ele voltou, falei: "Não façam
perguntas. Deem chuteira, camisa e mandem ele treinar". E
ele está lá, treinando.
FOLHA - O sr. quer o Robinho?
JUVENAL - Se o Manchester City
quiser revalorizar o jogador
aqui, tem que ajudar a pagar a
conta. Estamos interessados,
mas não faremos loucuras.
Texto Anterior: Mais um: Anderson não treina no United Próximo Texto: Por recuperação, Dorival Júnior tenta controlar ansiedade gerada por astro Índice
|