São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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TÊNIS

O tênis vai então virar futebol?


Austrália sofre com baderna; foi-se o tempo em que o máximo exigido pelo árbitro era "silêncio, por favor"


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

NA TV e nas fotos, tudo é lindo: o parque bem cuidado no verão australiano, o estádio moderno e com atmosfera vibrante, o público emocionalmente envolvido, as bolas novas, os jovens tenistas com o corpo em forma desfilando os golpes mais bonitos do tênis mundial. Como um espetáculo deve ser.
Este Aberto da Austrália já trouxe grandes jogos: Roger Federer x Lleyton Hewitt, Andy Roddick x Fernando González, Justine Henin x Nadia Petrova, Andy Murray x Rafael Nadal e, o melhor de todos, Juan Martín del Potro x Marin Cilic. E ainda tem muito a mostrar: Federer voltará ao comando em Melbourne? Murray levará seu primeiro Grand Slam? Henin ganhará em sua volta?
Mas também registra números deprimentes, que, escondidos, revelam uma face cruel de algo que vem tirando o brilho do tênis: os torcedores inconvenientes, beberrões, violentos e totalmente dispensáveis. Só nos primeiros três dias de torneio foram expulsos 60 torcedores. Na quarta passada, 35 torcedores foram levados para fora da quadra em que González enfrentava o turco Marsel Ilhan. Foi-se o tempo em que o máximo exigido de um árbitro era pedir "silêncio, por favor".
Há três anos, Melbourne registrou a primeira baderna: 150 croatas e sérvios quase saíram no braço. Mas era um ranço mais histórico do que esportivo. Há dois anos, bósnios, sérvios e gregos foram os protagonistas da bagunça. Neste ano, Marcos Daniel, rapaz tranquilo, sofreu com colombianos que achavam que o melhor jeito de ajudar seu compatriota era desrespeitar o rival.
É uma pena que as quadras de tênis estejam se tornando estádios de futebol. Em oposição à aristocracia elitista de Wimbledon, temos agora torcedores interessados na baderna.
Para nós, brasileiros, que tratamos de desrespeitar tenistas de ponta que, vez ou outra, arriscam-se a jogar aqui, talvez não seja surpresa. Mas o mundo do tênis sofre e precisa reverter isso. Sob pena de, em breve, ter de se acostumar com tropas de choque, cavalos e cachorros nos complexos. No tênis, não é e não pode ser visto como algo normal.

MACHUCADOS
Rafael Nadal e Dinara Safina abandonaram o primeiro grande torneio do ano por lesão. Será prenúncio do que vem por aí ou resultado dos calendários mais exigentes?

ERRAMOS FEIO
Ingressos do Brasil Open (de R$ 2,50 a R$ 160) estão à venda no www.ingressorapido.com.br, e não no site citado antes aqui.

BANANA BOWL
A CBT (www.cbtenis.com.br) recebe inscrições das categorias 14 e 16 anos do torneio, que vai de 8 a 15 de março em Blumenau. As inscrições para a 18 anos devem ser feitas na ITF (www.itftennis.com).

reandaku@uol.com.br


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