São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Futebol não é guerra


As ótimas atuações de Júlio César, Lúcio, Maicon e Thiago Silva mostram que a defesa do Brasil será forte na Copa


COMO É BOM ver Dodô jogar, mesmo se ele brilhar apenas em poucos jogos.
Veteranos, como Dodô, têm esse direito. Ainda mais que ele ficou um ano e meio parado.
Se Dodô fosse mais empolgado com a fama e não tivesse tido tantas pedras em seu caminho, teria sido um dos grandes centroavantes da história. Dodô teve poucas chances na seleção. No auge, Ronaldo e Romário estavam em forma.
Dodô é um dos poucos centroavantes finos, criativos e elegantes. Dodô trata a bola com tanto carinho, que ela, agradecida e seduzida, beija seus pés.
Por causa de Dodô, de Felipe Coutinho, uma promessa, da boa atuação do Vasco, da fragilidade do Botafogo e, principalmente, por ter ficado com dez quando perdia por 1 a 0, o Botafogo levou uma histórica goleada, por 6 a 0.
Alguém disse que a Inter, com um jogador a menos a maior parte do jogo, venceu o Milan.
São situações diferentes. A Inter vencia por 1 a 0, quando perdeu um atleta. Nessa situação, o time mantém o sistema defensivo. Já o time que perde o jogo e fica com dez tem de ir para a frente e corre grandes riscos de ser goleado.
No clássico italiano, Júlio César, Lúcio, Maicon e Thiago Silva foram os destaques. Isso é mais uma evidência de que o Brasil terá uma forte defesa na Copa, mesmo se não tiver um excelente lateral-esquerdo. Ainda mais que haverá vários volantes para protegê-los. Na Copa de 2006, fora o armador Zé Roberto, os únicos que jogaram bem foram Dida, Lúcio e Juan. O Brasil, que era o país do ataque, é, agora, o país da defesa.
Após a vitória da Inter, escutei, mais de uma vez, que Ronaldinho fracassou. Ele teve poucas chances de brilhar, já que foi muito bem marcado por Maicon e Zanetti, que dava o primeiro combate. A Inter é também melhor que o Milan.
Além disso, Ronaldinho nunca mais vai brilhar tanto e com regularidade, como fez em seus melhores momentos, no Barcelona.
Os que disseram que Ronaldinho fracassou em mais um jogo decisivo são os mesmos que, quando o Barcelona perdia e Ronaldinho jogava mal, diziam que o jogador enfeitava demais e não era objetivo, mesmo sendo o melhor do mundo. São os mesmos que acham incompatível futebol bonito com eficiência. São os mesmos que enxergam o futebol somente a partir dos resultados.
Devem ser os mesmos que não gostam de futebol. Gostam somente de luta, de torcedores e de jogadores guerreiros. O lance mais aplaudido de Roberto Carlos, pela torcida do Corinthians, foi o carrinho, na lateral do campo, contra o Bragantino, atropelando tudo o que estava em sua frente.
Futebol não é guerra. É um espetáculo bonito, lúdico e prazeroso, que tem, obviamente, de ser jogado com garra.

Copa da África
Escrevi, logo depois do sorteio das chaves para a Copa do Mundo, que as seleções da África, por estarem perto ou em casa, teriam boas chances de se classificar para as oitavas. Depois de ver vários jogos da Copa Africana, não estou mais seguro disso. As seleções estão piores que quatro anos atrás. A Costa do Marfim, adversária do Brasil, jogou muito menos do que se esperava.


Texto Anterior: Tênis: O tênis vai então virar futebol?
Próximo Texto: Mano muda nove contra o Mirassol
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.