São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

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Pan seleciona sócio de cartola do COB

Ticketronics, responsável pela conturbada venda de bilhetes do U2, deve comercializar 2,3 milhões de bilhetes no Rio

Desde dezembro, licitação para ingressos do torneio mudou os pré-requisitos às concorrentes, os preços e os critérios para escolha


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A licitação de ingressos para o Pan-2007, no Rio, sofreu três modificações em seus regulamentos, seguidos adiamentos de prazos e premiou a empresa do sócio de um dirigente do Comitê Olímpico Brasileiro.
Durante o processo licitatório, mudaram as exigências às concorrentes, os critérios de pontuação das empresas e a remuneração destas. Houve atraso de quase dois meses no prazo para anúncio do vencedor.
No meio de fevereiro, a Ticketronics foi escolhida. Seu dono é Alexandre Accioly. O empresário também detém parte da agência de marketing esportivo Give Me 5, que tem como sócio o diretor técnico do COB, Marcus Vinícius Freire.
No regulamento da licitação, obtido pela Folha, está vetada a participação de empresas que tenham dirigentes do Comitê Organizador do Pan (Co-Rio) ou do COB como empregados ou donos. Não há proibição em relação a firmas de sócios dos cartolas das entidades.
A Ticketronics bateu uma concorrente, a BWA, que detém a venda de ingressos nos principais estádios brasileiros.
A vencedora não tem tradição em eventos esportivos, e sua vitória ocorreu após alterações de várias das condições iniciais impostas na concorrência. A primeira licitação foi revogada em 29 de dezembro de 2006, dia em que seria anunciado o vencedor.
Neste primeiro regulamento, estava previsto que as empresas inscritas tinham de ter organizado a venda de ingressos de eventos com pelo menos 500 mil pessoas. Essa exigência caiu para 100 mil pessoas com a alteração das regras, feitas no meio de janeiro de 2007.
A Ticketronics foi responsável pelos shows do U2 em São Paulo. Juntos, eles reuniram cerca de 150 mil pessoas, o que lhe dava condições de participar da concorrência. Houve problemas na venda de bilhetes desses shows, com panes no sistema, filas e reclamações.
A estimativa do Co-Rio é a de que o Pan terá 2,3 milhões de ingressos vendidos.
Outra mudança foi em relação à remuneração da empresa. Pela segunda licitação, as concorrentes poderiam determinar um teto de 25% de participação na renda dos ingressos. Não havia limite na primeira concorrência. A BWA apresentara proposta de ficar com 50%, alegando altos custos de produção dos ingressos.
Só que este novo regulamento também foi alterado neste item. Em 1º de fevereiro, um dia antes do novo prazo estipulado para anunciar a vencedora, o Co-Rio comunicou às concorrentes a mudança do critério do preço. A partir de então, cada empresa estaria livre para escolher a forma de ser remunerada -poderia escolher uma taxa fixa, sem percentual.
Também nessa data, o COB modificou os critérios de pontuação para escolher a vencedora. Foi incluído um item descrito como "ações que valorizem a imagem e possibilitem soluções inteligentes para procedimentos de estruturação e operação do sistema de ingressos". Valeu um ponto.
O preço valeu cinco pontos, o plano de risco, um, e o valor de funcionalidade do sistema caiu de quatro para três. Depois disso, houve mais dois adiamentos antes do anúncio do vencedor, no dia 15 de fevereiro.
"As mudanças de prazo e a falta de informação nos surpreenderam", afirmou o diretor da BWA, Fernando Silva, que disse não ter tido acesso à proposta do concorrente após a entrega dos documentos. Esse procedimento é obrigatório em licitações públicas. Silva não quis comentar especificamente as alterações no regulamento.


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