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Pan seleciona sócio de cartola do COB
Ticketronics, responsável pela conturbada venda de bilhetes do U2, deve comercializar 2,3 milhões de bilhetes no Rio
Desde dezembro, licitação para ingressos do torneio mudou os pré-requisitos às
concorrentes, os preços e os critérios para escolha
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A licitação de ingressos para
o Pan-2007, no Rio, sofreu três
modificações em seus regulamentos, seguidos adiamentos
de prazos e premiou a empresa
do sócio de um dirigente do Comitê Olímpico Brasileiro.
Durante o processo licitatório, mudaram as exigências às
concorrentes, os critérios de
pontuação das empresas e a remuneração destas. Houve atraso de quase dois meses no prazo para anúncio do vencedor.
No meio de fevereiro, a Ticketronics foi escolhida. Seu dono é Alexandre Accioly. O empresário também detém parte
da agência de marketing esportivo Give Me 5, que tem como
sócio o diretor técnico do COB,
Marcus Vinícius Freire.
No regulamento da licitação,
obtido pela Folha, está vetada
a participação de empresas que
tenham dirigentes do Comitê
Organizador do Pan (Co-Rio)
ou do COB como empregados
ou donos. Não há proibição em
relação a firmas de sócios dos
cartolas das entidades.
A Ticketronics bateu uma
concorrente, a BWA, que detém a venda de ingressos nos
principais estádios brasileiros.
A vencedora não tem tradição em eventos esportivos, e
sua vitória ocorreu após alterações de várias das condições
iniciais impostas na concorrência. A primeira licitação foi
revogada em 29 de dezembro
de 2006, dia em que seria
anunciado o vencedor.
Neste primeiro regulamento,
estava previsto que as empresas inscritas tinham de ter organizado a venda de ingressos
de eventos com pelo menos
500 mil pessoas. Essa exigência
caiu para 100 mil pessoas com
a alteração das regras, feitas no
meio de janeiro de 2007.
A Ticketronics foi responsável pelos shows do U2 em São
Paulo. Juntos, eles reuniram
cerca de 150 mil pessoas, o que
lhe dava condições de participar da concorrência. Houve
problemas na venda de bilhetes desses shows, com panes no
sistema, filas e reclamações.
A estimativa do Co-Rio é a de
que o Pan terá 2,3 milhões de
ingressos vendidos.
Outra mudança foi em relação à remuneração da empresa.
Pela segunda licitação, as concorrentes poderiam determinar um teto de 25% de participação na renda dos ingressos.
Não havia limite na primeira
concorrência. A BWA apresentara proposta de ficar com
50%, alegando altos custos de
produção dos ingressos.
Só que este novo regulamento também foi alterado neste
item. Em 1º de fevereiro, um
dia antes do novo prazo estipulado para anunciar a vencedora, o Co-Rio comunicou às concorrentes a mudança do critério do preço. A partir de então,
cada empresa estaria livre para
escolher a forma de ser remunerada -poderia escolher uma
taxa fixa, sem percentual.
Também nessa data, o COB
modificou os critérios de pontuação para escolher a vencedora. Foi incluído um item descrito como "ações que valorizem a imagem e possibilitem
soluções inteligentes para procedimentos de estruturação e
operação do sistema de ingressos". Valeu um ponto.
O preço valeu cinco pontos, o
plano de risco, um, e o valor de
funcionalidade do sistema caiu
de quatro para três. Depois disso, houve mais dois adiamentos antes do anúncio do vencedor, no dia 15 de fevereiro.
"As mudanças de prazo e a
falta de informação nos surpreenderam", afirmou o diretor da BWA, Fernando Silva,
que disse não ter tido acesso à
proposta do concorrente após a
entrega dos documentos. Esse
procedimento é obrigatório em
licitações públicas. Silva não
quis comentar especificamente
as alterações no regulamento.
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