São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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Patrocínio recorde tem poucas fontes

Quase um terço dos R$ 320 mi que clubes devem faturar em 2010 com espaço nos seus uniformes vem de 4 empresas

Com estratégias diferentes, Hypermarcas, Lupo, BMG e Embratel estampam suas marcas em quase 60 clubes, de pequenos a gigantes

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca os clubes brasileiros arrecadaram tanto com publicidade em seus uniformes como em 2010. Mas o dinheiro não jorra de tantas fontes.
Só quatro empresas -Hypermarcas, BMG, Embratel e Lupo- têm contratos para toda a temporada ou para jogos específicos de quase 60 clubes, ou mais de 10% de todas as equipes profissionais do país.
Esses superpatrocinadores, dependendo de negócios que ainda podem ser fechados, vão investir no futebol, no mínimo, R$ 85 milhões, valor que pode bater nos R$ 100 milhões.
Essa última cifra corresponde a quase um terço de toda a verba de patrocínio de clubes prevista para 2010, segundo levantamento da consultoria Crowe Horwath RCS, que estima em R$ 320 milhões, um recorde nacional, a receita gerada pelo patrocínio de uniformes.
A estratégia de estampar as marcas em muitos clubes é a mesma, mas os superpatrocinadores da bola nacional variam no nível das vitrines para exposição das suas marcas.
A Hypermarcas, cujo portfólio de negócios vai de produtos alimentícios até remédios, passando por produtos de higiene, só quer saber de times da primeira divisão. São R$ 38 milhões para o Corinthians e outros R$ 3 milhões para o Goiás. Depois de acertar com o Botafogo apenas para a final da Taça Guanabara, pode estender o acordo para o resto do ano.
"Os times brasileiros possuem torcidas numerosas, que vão aos estádios, acompanham fielmente os jogos na televisão e literalmente vestem a camisa, ou seja, trazem grande visibilidade para a marca anunciada", diz Gabriela Garcia, diretora de planejamento da Hypermarcas. Ela não revela o peso do patrocínio do futebol no total da verba de marketing do grupo.
O banco mineiro BMG é mais agressivo na procura de parceiros. Até o ano passado, apostava em clubes médios, como Atlético-GO e Coritiba (prossegue com eles em 2010). Também não esqueceu de seu quintal -patrocina vários times pequenos de Minas. Mas a instituição resolveu virar gigante no patrocínio esportivo em 2010. São R$ 20 milhões, metade para cada um, destinados a Atlético-MG e Cruzeiro.
Só pelas mangas da camisa do time do Flamengo o BMG gastará R$ 8,5 milhões.
Procurado pela reportagem, o banco não se manifestou.
Mas, em termos de procura de oportunidades, ninguém se mexe tanto como a Lupo.
A fabricante de cuecas e meias, que agora também está no mercado de produtos esportivos, nem sabe direito quantos clubes patrocina.
"Acho que em 2010 são quase 30", diz Valquírio Cabral Jr., diretor comercial da empresa.
Nessa conta não entram os acordos feitos para um só jogo, como estampar a marca no uniforme do Santos, na estreia de Robinho, ou no do uruguaio Racing, no duelo pela Libertadores contra o Corinthians.
Só nos dois primeiros meses do ano a Lupo gastou R$ 1,8 milhão com patrocínios. Esse valor, na pior das hipóteses, deve chegar aos R$ 4 milhões no final de 2010. E pode aumentar muito caso a empresa acerte um contrato com um time grande -no ano passado, chegou a fechar negócio com o Palmeiras, mas o clube recuou.
"Estão copiando a gente, e o mercado está inflacionado", diz Cabral Jr., sobre a estratégia de outras empresas apostarem no patrocínio de vários clubes. O executivo dá um exemplo. "Em 2009, patrocinamos o Corinthians na estreia do Ronaldo. Fizemos o mesmo com o Santos na volta do Robinho e pagamos 30% a mais por isso."
A Embratel estampa sua marca em mais de uma dezena de clubes de São Paulo e Rio Grande do Sul. Por meio de sua assessoria, e empresa se limitou a dizer que faz isso por interesse nesses mercados.


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