São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Por igualdade, Canadá engaveta traje high-tech

Maiô é proibido na seletiva olímpica porque nem todos os atletas podem usá-lo

Britânico faz reclamação por suposto favorecimento a nadadores no classificatório local; empresa reconhece que acesso ainda é restrito

DA REPORTAGEM LOCAL

O nadador canadense que gastou US$ 800 e estava radiante com suas chances na seletiva olímpica após a profusão de recordes dos últimos meses terá de esperar para sentir o efeito no LZR Racer na piscina.
No evento que define o time do país nos Jogos de Pequim, no início do próximo mês, o polêmico traje está vetado. Os dirigentes não querem ver nadadores levando vantagem.
A medida poderá ser tomada também nas competições universitárias dos EUA, que têm boa parte da elite mundial.
"É mais para garantir a igualdade na seletiva, depois vamos ver o que fazer", disse Pierre Lafontaine, dirigente da federação de natação do Canadá.
Ele sugeriu à Fina, responsável pelo esporte em nível mundial, veto à introdução de inovações na natação de seis meses a um ano antes dos Jogos.
"A única coisa que não queremos é sentir que estamos sendo tratados de forma diferente, já que outros países poderiam ter acesso ao traje. Disseram-nos que o maiô não está disponível no mercado. Mas, se não está disponível, como todo mundo tem?", questionou Tom Johnson, técnico do campeão mundial dos 100 m livre, o canadense Brent Hayden.
O treinador, no entanto, não acredita que o acesso tardio ao maiô irá prejudicar seu pupilo.
O LZR Racer foi lançado neste ano. O Canadá tem acordo com a Speedo, mas, segundo a empresa, o time local só receberá os maiôs após a seletiva.
O traje foi utilizado em 13 das 14 quebras de recordes ocorridas desde o mês passado.
Uma das marcas estraçalhadas foi a dos 100 m livre. Alain Bernard a superou duas vezes e atingiu 47s50. Ele também marcou o melhor tempo dos 50 m livre, com 21s50. Tudo isso em apenas três dias.
Ontem, o australiano Eamon Sullivan, de LZR Racer, nadou a distância mais longa em 47s52.
Na Grã-Bretanha, o nadador veterano Graham Short reclamou para a Fina que alguns atletas que disputarão vaga em Pequim na próxima semana não têm o traje. Eles competirão contra nadadores devidamente equipados com o maiô.
Pela regra internacional, a empresa fabricante deve garantir que a vestimenta estará disponível a todos os competidores. Esse é um dos pontos que a federação internacional queria discutir com a Speedo em reunião no próximo mês.
"Nós demos maiôs à Universidade de Loughborough porque eles nos ajudaram durante o desenvolvimento e a fabricação deles. Infelizmente, ele não estará à venda no mercado até junho. Estamos entregando as encomendas agora, mas os trajes não estarão à disposição de todos os atletas que forem à seletiva", informou a empresa.
A federação internacional também pretende discutir o material usado na fabricação do novo traje. Existem reclamações de que ele aumentaria a flutuabilidade do nadador.


Com agências internacionais

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