São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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Em 4 anos, Keirrison valoriza 30.500%

Contratado por R$ 500 mil em 2005, artilheiro palmeirense tem multa rescisória de R$ 152,5 milhões

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que se profissionalizou, em 2005, o atacante palmeirense Keirrison, 20, artilheiro do Paulista (12 gols), teve valorização dos direitos sobre sua transferência de 30.500%. No mesmo período, a inflação foi de pouco mais de 20%.
A multa rescisória no contrato está fixada em 50 milhões (R$ 152,5 milhões) para uma saída do Parque Antarctica para o exterior. Quando o atacante tinha 16 anos, empresários pagaram R$ 500 mil para ficar com a maioria dos direitos sobre uma futura negociação.
Atual detentora de 80% sobre o atleta, a Traffic diz que ele não sai do Brasil nesta temporada. Seus agentes e o Palmeiras pensam em mantê-lo no clube alviverde pelo menos até a Copa-2010. Mas a transferência só será decidida por ele.
"Sempre sou eu. Quem assina o documento final sou eu. É o certo. Ninguém deve depender dos outros [para essa decisão]. Fica parecendo um objeto", contou Keirrison à Folha.
Em sua primeira transferência, o atacante ainda não tinha idade para decidir, pois era menor. Seu pai acertou com os empresários Naor e Marcos Malaquias sua contratação do Cene, de Mato Grosso do Sul.
A liberação saiu por R$ 200 mil. Com outros gastos somados, os agentes tiveram que desembolsar R$ 500 mil para assinar contrato de procuração com o jogador e levá-lo às categorias de base do Coritiba.
Ficaram com 80% sobre os direitos sobre transferência do atleta, enquanto o clube paranaense tinha o restante.
"Ouvimos falar dele por um olheiro. Depois, também ouvimos no Rio de Janeiro, no Flamengo, que estava interessado no jogador. Só que o clube [rubro-negro] achou muito caro. Fomos visitar o Cene e fechamos", contou Naor Malaquias.
Ele também é empresário do zagueiro Henrique, que, por meio da Traffic, chegou ao Palmeiras do Coritiba, mas saiu poucos meses depois em negociação com o Barcelona.
Naor disse que isso não deve se repetir com Keirrison. Ele ressaltou que tem esperado "o tempo certo" para fazer as transferências do jogador.
O artilheiro palmeirense foi levado pelos seus empresários para o Coritiba, onde assinou o seu primeiro contrato profissional. Recebia salário igual ao dos outros atletas da divisão da base, ou seja, o mínimo.
No time principal do Coritiba em 2006, projetou-se no ano seguinte. Foi o artilheiro de sua equipe na Série B.
Sua explosão, porém, veio no ano passado, quando cravou a artilharia do Brasileiro, com 21 gols, ao lado de Washington, então no Fluminense, e Kléber Pereira, do Santos.
Ao final de 2008, a Traffic fechou com Keirrison um contrato de quatro anos, por meio do Desportivo Brasil. Comprou dos empresários os direitos sobre o jogador. Em seguida, ele foi emprestado para jogar no Palmeiras, que detém 20% dos direitos. Ainda foi necessário pagar um valor ao Coritiba para liberá-lo antes de abril.
Para clubes brasileiros, sua multa rescisória foi fixada em pouco de mais de R$ 50 milhões. Explica-se: o limite máximo pela lei é de todos seus vencimentos em dez anos.
Nem Traffic nem Palmeiras dizem se aceitariam proposta inferior à da multa rescisória. "É um valor [R$ 152 milhões] para o clube ter uma garantia. Por isso, é alta", contou Naor.
No caso de Keirrison, a "garantia" é maior, por exemplo, do que a do Santos com Neymar ou a do São Paulo com Hernanes. Sua média acima de um gol por partida na temporada explica essa diferença.


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